Era domingo – mais especificamente três da tarde – quando Nam Chesyeo se encontrava nas ruas de Seul com o caminho traçado para a casa de Park SeonHa.
A garota tinha as folgas que batiam com as da amiga, então, além de dividir o balcão da cafeteria, as duas também dividiam um sofá à tarde e algumas latinhas de cerveja.
Park não era fã de bebida, mas fazia questão de comprar as preferidas de Nam quando sabia que ela vinha, ou seja, toda a folga semanal.
Desde que Chesyeo se formou e SeonHa ainda não decidiu o que seguiria, ambas tinham mais tempo para passarem juntas, então sempre que podia, a mais velha enfrentava as ruas aglomeradas e o trânsito movimentado para ver sua saeng. Não eram muitas quadras de sua casa, e Chesyeo estava acostumada a andar bastante, então com seus fones de ouvido, seu vestido fresco e suas botas, ela era capaz de encarar o percurso.
O dia, além disso, estava pedindo por aquilo, já que, apesar de nuvens cinzas se aproximarem com cautela engolindo o horizonte, o céu azul ainda predominava. Sua única preocupação seria voltar para casa se as comulonimbos decidissem se aproximar e chover acima das redondezas, mas na pior das hipóteses, – que na verdade era a melhor opção para Chesyeo – SeonHa teria que lhe emprestar um pijama e dividir sua cama.
Alguns poucos passos foram o suficiente para que a caminhada terminasse e tudo o que Chesyeo precisava superar seria um lance de escadas, esse que era o conjunto de cerca de vinte e cinco degraus. Sim, Nam já teria contado-os em uma das milhares de vezes que teria subido-os.
Quando enfim a jovem se encontrava na varanda, apenas cinco passos e estaria tocando a campainha da casa da menor.
Era um lugar legal, limpo, nem tão arejado, mas agora SeonHa morava sozinha e Chesyeo nunca a viu tão satisfeita apesar do medo constante que a tal tinha de ser roubada no meio da noite.— SeonHa! — Chesyeo a chamou alto o suficiente para que Park escutasse. A casa não era muito grande, então independente de onde a garota estivesse, escutar era inevitável.
Um silêncio tomaria conta dos arredores da mais velha se os passarinhos não estivessem pousados no parapeito logo atrás. Pareciam temer a chuva que aproximava e tentar avisar seus amiguinhos alados para darem no pé e acharem um lugar bom para desviarem dos males da mãe natureza.
Esperando Park atender a porta, Chesyeo perdeu alguns bons segundos encarando o passarinho acinzentado, tanto que quando se virara, SeonHa estaria encarando-a com um sorriso brincalhão começando a surgir nos lábios róseos.— Oi. — cumprimentou simplista a menor, se aproximando de Nam para abraçá-la, o que foi retribuído. Elas se apertaram e permaneceram naquela posição por algum tempo.
— Que saudades, SeonHa.
— Saudades? Nós nos vimos ontem no trabalho! — riu sem graça, se afastando do corpo à frente para então lhe dar espaço para entrar, coisa que Chesyeo não demorou a fazer.
— Não interessa, eu continuo sentindo saudades.
— Ok, ok! — Park se rendeu, fechando a porta atrás de ambas enquanto a mais velha tirava suas botas pretas. Isso demorou um pouco pelo comprimento dos cadarços, mas logo as duas estavam na sala, que era pelo cômodo que entravam na casa.
— Como você tá'?
— Bem e você? — respondeu SeonHa.
Era essa basicamente sua resposta de sempre. Mesmo se estivesse mal, a garota não gostava de conversar sobre isso pessoalmente e Nam sabia disso, então na maioria das vezes não a pressionava.
Chesyeo levou seu olhar para baixo de seu corpo e suspirou, tendo a visão de suas pernas e seu pulso direito, qual estendeu à sua frente, deixando exposto a pulseira branca que rodeava o local, além de seu descontentamento com o que o visor digital exibia.
Cem anos.
SeonHa notou o local para qual os olhos da amiga viajaram e uma expressão triste tomou conta de sua feição animada. Mesmo estando feliz em tê-la ali para se divertirem um pouco, também sabia o quanto Nam se machucava psicologicamente por aquela simples pulseira.
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Cem Anos Até Você
FanfictionMomentos importantes acontecem a qualquer segundo. Você pode piscar e perdê-los com uma facilidade absurda, para depois se perguntar o porquê das coisas serem como são. Talvez não prestar atenção em uma aula importante que cai inteira na prova? Talv...