Luce
Eram 8hs da manhã e eu acordava mais uma vez indisposta, ouvi um burburinho na sala e andei devagar sem fazer barulho para saber do que se tratava, foi quando todo o meu corpo gelou e eu senti minhas borboletas, no estômago, alcançarem vôo.
Philip.
O meu Philip, na minha sala cumprimentando meus pais. Ele sorre gentilmente, seu rosto é uma máscara de cansaço e alegria.
- Sou o namorado da Luce! - ele diz.
- Namorado? - meu pai olha para minha mãe sem entender nada.
- Sim, lembra que ela falou? Que havia conhecido alguém ... - pensando bem, eu havia ligado uma vez e avisado.
- Ah - meu pai sorri - belo rapaz. Minha filha não falou que você vinha...
- É uma surpresa, não é mesmo? - pergunta minha mãe, inventando essa desculpa que é meio que verdade, ela sabia o que havia acontecido entre nós certamente sabia que ele havia corrido atrás e me procurado.
- Sim - responde.
Volto para meu quarto e fecho a porta, encostando-me nela, ele está aqui, ele veio, eu pedi a Deus e ele trouxe o Phil para mim, mas eu não sei o que fazer! Eu não sei como proceder, apenas espero e ouço passos no corredor, ouço a voz da minha mãe, olho para mim e estou de pijama, o Phil gosta, sei que gosta. E então ouço minha mãe dizer "entre, mantenha a calma, tudo dará certo" e suas palavras servem também como meu guia, respiro fundo e ouço duas batidas na porta, afasto-me e abro a porta.
Lá está ele, seu rosto se abre em um sorriso que ilumina todo o meu ser, seus olhos escuros são os olhos que mexem comigo, só está nós dois, posso sentir meu coração desenfreado, Phil entra no quarto e me ergue em um abraço forte, sinto seu coração de encontro ao meu, ele também está nervoso.
Depois desse mês, sei que ainda somos os mesmos e que a saudade também é a mesma, ele não me beija, tortura-me olhando nos olhos.
- Eu precisava de você - ele diz atrapalhando-se nas palavras - na verdade... eu preciso de você. Eu sou apaixonado ainda Luce, foi tão torturante esse mês que se passou.
Ele respira fundo e eu quero falar, falar que senti saudade e que ainda sou apaixonada, mas ele continua:
- Deixe eu terminar. - ele coloca meu rosto entre suas mãos, eu amo essa sensação e ele sabe - Eu não tive nada com Lívia, eu fiquei puto da vida e fiquei me remoendo, foram dias tristes, eu ía a faculdade e me sentia simplesmente sozinho por sentir que faltava uma parte minha, - ele deixa uma lágrima cair e eu enxugo,sorrindo entre lágrimas também - eu não fiquei mais com nenhuma garota nem tentei, concluí Administração e desejei tanto poder comemorar com você, meus pais chegaram de viagem e eu os deixei a par do que acontecia, chorei feito um bebê no colo de minha mãe Luce, - ele ri, sua bochecha ficando rosada - nenhuma menina fez isso comigo, nunca! Eu era terrível, pegava todas sem nenhuma piedade, então encontrei você e pedi a Deus que você tivesse piedade de mim, que não me maltratasse tanto, então começou a dar certo, mas você foi embora e levou tudo, só restou essa casca perambulante aqui, meu coração encontrava-se com você e eu vim buscar, mas para que nós compartilhemos juntamente dele, entende? Eu tive essa decisão pela noite, falei com meus pais e saí de manhã cedinho de casa, rodei essa cidade e perguntei de você e ainda dei sua empresa como referência, foi fácil - ele sorri e eu concordo com a cabeça - Sei que não sou bom com essas coisas, mas estou aprendendo, você destroçou meu coração Lúcia Halle e eu só quero que cole comigo os pedacinhos, cole com teu amor, teu carinho, tua atenção, teus beijos, abraços, teu sexo - ele sorri maliciosamente, se eu não fosse morena, ficaria transparente em minha pele que eu estava envergonhada. Eu enrubesceria - Eu acho que você é o amor da minha vida e mesmo se não for, te juro meu amor, eu farei o possível e o impossível para te ter e mostrar que seu lugar é ao meu lado, quem quer que seja o amor de sua vida ou da minha que se arranjem por aí.
Ele respira fundo e seca suas lágrimas, envolvendo seus braços em minha cintura, olha em meus olhos novamente e eu me sinto derreter, eu quero a boca dele na minha agora mesmo e meus lábios formigam.
- Quer namorar comigo... de novo? Para que possamos noivar, casar e ter filhos? Todo esse ritual baitolinha - ele ri e eu não posso deixar de ri - eu aceito se for por você, só diga que me aceita.
- Eu te aceito, - digo - eu sou apaixonada, muito apaixonada por você Phil e contei as horas para poder te ver, vamos recomeçar e eu prometo que faremos todas essas baitolices - abro os dedos em aspas e ele sorri.
Primeiro beija minha têmpora, depois meus olhos, beija minha bochecha e a linha de meu maxilar, sinto, por fim, seus lábios nos meus, o prazer nos envolve, junto com ele o turbilhão que é a saudade. Por que esse sentimento é assim, a saudade aperta, sufoca, te faz derramar lágrimas, dormir tarde, rolar na cama, maltrata o coração, estraga a mente, mas faz por pura diversão, porque toda saudade terá seu fim depois que se fecha os olhos e dorme, mas ela volta, volta pra atormentar, volta porque torna-se tão íntima que só o sono para paliar, ela volta para te lembrar que algo passou ou algo falta, ela volta porque você precisa sentir, simplesmente é o que torna você humano.
Ele agora está aqui, comigo! Estamos aos beijos, consigo ainda lembrar de como nos conhecemos. Eu o quero e consigo me ouvir dizer: - Te amo, Phil.
Ele ainda chora, é tão emocionante para mim, eu também não consigo parar, ele tenta secar minhas lágrimas, mas é em vão.
- Eu também amo você, minha Luce! Minha! - ele ri para o alto - Minha namorada.
Volto a beijá-lo e sei que é para durar, sei que não importa como ele chegou aqui, ou como vivíamos antes, a não ser para nos lembrar que não devemos correr o mesmo risco nem sujeitar-nos ao mesmo problema, o que importa é nossa vida a partir daqui, de hoje, como construiremos nossa relação, como estou a amá-lo e como quero amá-lo, amá-lo mais ainda.
- Você me quer? Você cuida de mim? Mesmo que eu seja uma pessoa egoísta ruim? - ele canta baixinho, um trecho da música de Cazuza.
- Eu aceito todo esse pacote, filho único - brinco com o título da música - Por que relacionamento é isso, não é? Aceitamos o outro com tudo o que vier, família, defeitos, tudo de ruim, tudo de bom, todo o passado, todas as decepções e até as piores revelações, a gente só faz aceitar, por que amar é isso, Phil!
- Vamos tentar então?
- Mais que isso - digo e o abraço forte - Vamos fazer dar certo.
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Quando vira amor
RandomDepois do término de seu namoro, Luce sente a necessidade de seguir em frente, o imprevisível acontece e ela viverá de cabeça para baixo tentando se dar bem na vida tanto profissional quanto amorosa, mas o que fazer quando se encontra alguém que te...