Álcool

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Narrador: Jão

O natal chegou e eu não podia pedir por presentes melhores: o Pedro no natal dos Romania, turnê Lobos II confirmada para o ano que vem e claro, meus pais cantando Me beija com raiva (algo que foi legal até a quinta vez, depois eu pedi para eles mudarem de música por que ninguém aguentava mais).

Apesar de eu sempre ficar muito esquisito nas últimas semanas do ano (eu nunca soube como reagir com essa troca esquisita do calendário), eu estava estranhamente feliz. Talvez fosse culpa da minha prima, Manu, que estava reprisando o clipe Imaturo e falando como agora ela era famosa, contando para todos como foi fazer o clipe (ela era fofa demais). Eu fico tão contente em ver que a minha família me apoia tanto que topa entrar comigo nas minhas loucuras - como por exemplo encenar um clipe comigo.

Ou talvez a minha felicidade esteja relacionada com a Bela, minha irmã, estar ali relembrando e cantando todas as músicas da Chiquititas que crescemos escutando:

- Luz de Estrela - ela começou- continua, vai?

- Tão bonita com certeza - eu continuei.

- Não posso viver sem ela - ela fingiu ter um microfone na mão.

- Incendeia meu coração - eu olhei me segurei para não rir.

- CHIC CHIC CHIQUITITAS- gritamos juntos.

- Jão - ela sorriu enquanto falava meu nome lentamente- quem diria que meu apelido para você ia virar seu nome de artista? Acho que nunca escutei um obrigado por criar um nome tão sensacional.

- Ha, até parece - eu revirei meus olhos.

- Me agradeça logo - ela apontou o dedo para o meu rosto e ficou esperando.

- Obrigado, Bela por - e ao invés de terminar eu a enchi de coceguinhas.

Narradora: Mari

O ano mal começou e eu já preparei o meu psicológico para acompanhar o máximo que eu puder o Jão. Assim que ele anunciou que a turnê Lobos iria ter uma segunda temporada o meu coração bateu feliz.

Mas eu tinha um impasse: eu estava zerada. Por isso a minha meta para este ano é achar bicos e trabalhos na faculdade para sustentar o meu vício por esse homem.

E pior, meu salário de dezembro foi tomado pela minha mãe (ou eu deveria dizer pelo prato de vidro preferido da minha mãe?). Eu tentei explicar que não foi culpa minha; ela estava lá decorando o manjar quando eu SEM QUERER esbarrei no prato de vidro enquanto eu dançava (Jão). E lá se foi o manjar. E o prato também.

O prato tinha 25 anos, era um presente de casamento. Eu não sabia que um simples prato poderia ser tão caro.
Também não sabia que minha mãe pudesse ficar tão bom braba.

Tirando isso, o ano acabou bem e janeiro começo mais quente do que o meu corpo consegue aguentar (Curitiba, você não era uma cidade fria?).

Hoje é o casamento da minha amiga e é MUITO estranho ver seus amigos casando enquanto você continua em busca de alguém que nem sabe da sua existência.

Amanda, minha cara amiga doida também fez sua meta para este ano. E a meta era: ser meu cupido. E ela decidiu me avisar isso uma semana antes do casamento (obrigada, Amanda). Eu nem mesmo queria alguém, meu coração já se sentia completo amanso o Jão.

Mas, se você quer saber o porquê de eu chamá-la de doida, aqui vai a maneira com que ela decidiu nos apresentar:

Sábado fim de tarde ela cria um grupo chamado "Inglês-me ajude" e lá fui eu, falar em inglês e corrigir as frases que ela mandou. Já estava acostumada a corrigir seus posts do instagram, eu até gosto de treinar meu inglês fora da faculdade com ela

Quando de repente aparece uma mensagem de um número aleatório dizendo "Amanda, não foi isso que combinamos, não vou falar em inglês aqui".

E ela simplesmente saiu do grupo após um "conversem", me deixando sozinha com um desconhecido.

E é essa a ideia que ela tem de ser um cupido, me unindo com um garoto que, segundo relatos posteriores dela, era nerd e da turma de inglês. E estava indo fazer intercâmbio em Portugal esse semestre (que cupido te arranja um romance virtual já logo no começo?).

Agora que você já está contextualizado com o fato de minha amiga ser doida, espero que você entenda o por que de eu estar sentada ao lado do menino do inglês dela no casamento.

Ok, eu tenho que dar o braço a torcer, a garoto é legalzinho (mas ele não é o Jão) e até que consegue fazer as piadas nerds que eu gosto. Eles conseguiu fazer 10 trocadilhos nerds aqui usando a palavra moletom.

Moletom. Eu decidi dar uma chance (acho que o Jão concordaria comigo que qualquer um que consegue fazer tantos trocadilhos com uma só palavra e não ser chato fazendo isso merece uma chance).

Aviso: os trocadilhos não foram transcritos aqui por exigir um nível muito grande de conhecimentos nerds (tipo, você entenderia se eu colocasse aqui: 6,023*10^23ETON?).

E bem, era fim do casamento, tínhamos jantado, discutido sobre a faculdade, sobre como estavam os preparativos para o intercâmbio, tínhamos atacado a mesa de doces, rido das pessoas tentando pegar o buquê (eu incluso), brindado com o champanhe e agora era hora das danças.

E sabe, ele não dançava e perguntou se eu não queria ir conhecer o jardim.

E eu sorri, ele sorri. Aquele sorriso nervoso, cheio de expectativas e medo?

Eu nem sabia como, mas, de repente, estávamos muito perto. Perto demais.
A música do casamento estava abafada e fazia nosso silêncio ser totalmente palpável. Como se fosse uma outra pessoa ali apertada entre nós

Um frio subiu pela minha barriga até a ponta dos meus dedos e (me desculpa Jão, mas) eu beijei o garoto do inglês.

Eu sou uma pessoa horrível?

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Quem você é nos casamentos:

A pessoa que ataque os doces ou;
A pessoa que cai na pista de dança
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