i promisse...

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Eu caminhava meio inquieto, com meu Moomin de pelúcia embaixo de um dos braços enquanto segurava a mão de minha mãe com o braço livre, meu irmão estava do meu outro lado, impedindo assim que eu acabasse sendo engolido pela multidão. Meu estômago roncava feito louco, havia dias que eu não comia nada, nada mesmo; Os olhares tortos que recebia faziam meu coraçãozinho doer, qual o motivo de olharem assim para mim? Eu sei que não sou um menino mais lindinho no mundo, nem o mais arrumado e muito menos o mais limpinho, mas poxa...

A fila era enorme, dava voltas e voltas, eu estava ficando enjoado, mesmo sem ter comido nada há...3 dias? É 3 dias, acho que sim; Isso tudo estava acontecendo basicamente pois o nosso tão querido presidente matou uma criança, e os outros de poder maior encobertaram ele até que a mãe da menininha descobrisse, por esse motivo, teríamos nossas mentes apagadas. Pelo que minha mamãe me disse, nossa mente será apagada de 5 em 5 anos, mudaremos de vida e de personalidade sempre, mas nossos nomes de nascimento seeeempre' serão os mesmos, ou seja, eu vou ser sempre Huang Renjun, o menino sujinho que mora embaixo da ponte.

No começo eu não entendi o por que de estarem contando isso pra' gente, não faz sentido nenhum, não é? Mas depois de um tempo de conversa com Minghao, ele me explicou que não faria diferença alguma nos contarem isso, teríamos nossas mentes apagadas de uma forma o outra

Me perdi dos meus pensamentos quando ouvi alguém gritar meu nome, olhei para frente e abri o maior sorriso do mundo quando vi Yeojin me chamando, enquanto balançava os braços tentando chamar minha atenção; Ela estava adorável, como sempre, o macacão cumprido e uma blusa cor de rosa por baixo, um par de tênis brancos e os cabelos presos em dois pequenos rabos de cavalo embaixo das orelhas. Corri o mais rápido que consegui e abracei ela de forma desengonçada pelo brinquedo que segurava embaixo do braço, ouvindo uma risada gostosa da menina antes de me envolver com os bracinhos curtos.

Yeojin e eu nos conhecemos quando a Mamãe perdeu a casa, fomos despejados e tivemos de nos mudar, sem parentes próximos e sem boas condições, ficamos morando embaixo de uma ponte, onde por coincidência, Yeojin amava brincar; Ela foi a única criança que em tempos não me desprezou ou disse que eu não podia brincar simplesmente por não ter as mesmas condições, a Jinnie sempre teve um coração enorme, e toda a família dela também; Sua mãe uma vez cogitou a ideia de nos deixar morar lá, mas a casa deles não era grande o suficiente para todos nós, e vivia sempre muito cheia.

Mesmo assim, Yeojin ia me visitar todos os dias depois da aula e ficávamos brincando até o por do sol, e bom, ela é minha melhor amiga, e será para sempre, independente de qualquer coisa.

Eu me lembro bem de quando a notícia de que as mentes seriam apagadas saiu, eu nunca vi ela tão triste na vida, e isso doeu em mim; Poxa, ela só tem 8 anos, não deveria ficar se preocupando com isso, mas a vida é tão injusta. Ela me disse que não queria me perder, que perder o melhor amigo seria como perder uma parte dela mesma, e nesse mesmo dia, juramos de dedinho que nunca iríamos esquecer um do outro, por nada!

Olhei para trás e vi minha mãe se encaixar em algum lugar da fila junto com o meu irmão, imaginei que alguém pudesse ter tido pena deles já que logo começaria a chover, e falando em chuva...

— Você não tá' com frio, Jun? Daqui a pouco deve chover, e a vez de vocês ainda tá' longe...— Ela tirou o próprio casaco e colocou sobre os meus ombros, me fazendo sorrir, tinha apenas 7 pessoas na sua frente, e isso passaria muito rápido, eu sabia.

Pude sentir seu coração bater acelerado e sua respiração estava pesada.

—Jinnie, olha pra' mim— Segurei seu rosto com as duas mãos de forma delicada a fazendo olhar para mim, seus olhos brilhavam e estavam a ponto de transbordar, precisei secar algumas algumas que insistiam em rolar por suas bochechas gordinhas, onde fiz questão de apertar, fazendo-a rir—Lembra da nossa promessa? Não chora não, tá bom? Eu te garanto que a gente vai se ver de novo.

Ela apenas concordou e beijou minha bochecha, tinha 3 pessoas na frente dela é fui obrigado a voltar para o meu lugar, pelo guarda que organizava a fila; Voltei para trás e fiquei com a cabeça de fora, olhando meio inquieto até a vez dela chegar. Ela chorava e esperneava, tiveram de segurá-la para colocará máscara e eu quase chorei junto, sentindo meu coração apertar, mas tudo ficou diferente...

Tiraram a máscara depois de 2 minutos e soltaram seus cabelos, ela parecia um robô, não era nem de longe minha melhor amiga, andava em frente com a postura ereta e os passos forçados, eu me senti perdido.

Im Yeojin, 8 anos, Classe média

Foi o que apareceu no telão.





Acordei com uma dor de cabeça quase infernal, minha mente gritava em desespero, peguei meu diário de sonhos e anotei tudo o que me lembrava do sonho antes que fosse tarde demais, me levantei meio tonto, olhando as horas no relógio digital na minha estante e percebi o quão atrasado estava; Vesti meu uniforme e escovei dentes, acabando por esquecer a escova em cima da estante da cozinha, peguei minha merenda em cima da mesa.

Andava tendo diversos pesadelos horríveis, com pessoas gritando, imagens em flashes e muito mais, imagens minhas pequeno, de momentos que nunca haviam acontecido, era bizarro, e não me deixavam dormir direito há tempos.

—Bom dia, filho! Não vai comer? —Admirei o tom calmo da minha mãe, beijei sua bochecha e me despedi dela com um sorriso, ela parecia bem preocupada com a minha cara de cansaço, sabia que eu não dormia direito há quase 2 anos por conta de pesadelos, mas eu tentava parecer o mais fisicamente bem possível, pois mentalnemte eu estava destruído.

—Eu estou com muita pressa agora, mas conversamos assim que eu chegar, te amo, mamãe!

Corri para a parada, mas acabei perdendo o primeiro ônibus, peguei o segundo é por sorte não cheguei atrasado na escola, seria um fracasso chegar atrasado no primeiro dia de aula. Fui até Jeno e Jaemin, os cumprimentando com um tapa forte na cabeça de cada, rindo em seguida, eles correram de mim, me provocando, "depois que eu guardar meu material eles vão ver só..."

Assim que me virei para correr, fui recebido por uma menina baixinha – que não deveria passar dos 1,52– correr até mim na maior animação do mundo e me abraçar, enquanto falava meu nome e o quanto sentia minha falta. Espalmei seus ombros e a empurrei para uma distância segura de mim, a olhando confuso, Jeno e Jaemin voltaram para perto, ficando alerta.

— Desculpa, eu te conheço por acaso? —Pergunto, encarando a mais baixa com um certo desgosto.

—Você não se lembra de mim?— Me encarava confusa, parecendo analisar cada reação minha, seus olhos começaram a marejar —Renjun, você me prometeu...

Observei seu rosto por alguns instantes e minha cabeça voltou a latejar, senti vontade de chorar.

Seu rosto gordinho e suas marias chiquinhas não me são tão estranhas assim...

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⏰ Última atualização: May 08, 2020 ⏰

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.𝐬𝐞𝐞 𝐮 𝐚𝐠𝐚𝐢𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora