único

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    Aquela música alta no ambiente lotado irritava Kevin em níveis que nem o mesmo sabia calcular, na verdade nem Chanhee — seu melhor amigo e cursante de matemática — poderia executar tal equação.

    O que de fato tirava o canadense do sério era ver o amigo com a vida amorosa encaminhada, enquanto ele permanecia em um limbo infinito de seca no quesito relacionamentos. Chanhee possuía uma relação próxima ao namoro com Younghoon, um alto e bonito estudante de medicina, e todos os momentos fofos deles faziam com que Kevin sonhasse ter alguém ao seu lado também.

    Não era inveja do amigo, mas sim uma revolta com o universo que não havia reservado mares de rosas para si.

    Fitou a pista de dança da formatura e viu Sangyeon levemente bêbado dançando de forma desengonçada, desejou não conhecê-lo, tamanha vergonha que sentia. A cadeira que utilizava parecia estar, a cada segundo, mais desconfortável e imaginou sua cama quente e o tranquilo aquário, o qual costuma compartilhar seus tantos segredos; Por que aceitou o convite de Lee para aquela festa mesmo?

    A batida forte de alguma música desconhecida pareceu despertá-lo e finalmente pôde ver que Chanhee e Younghoon queriam conversar.

    — Vai ficar de bico a festa inteira, Kev? — este confirma com a cabeça. Chanhee faz uma careta e seu companheiro arruma levemente sua cabeleira platinada. — Seu humor acaba com qualquer clima! Isso é literalmente uma festa de arromba da galera de medicina e você só vai ficar ai? Olhando o piso? Nem beber você bebeu! Acorda pra vida, seu amor supremo tá do outro lado do salão e você, realmente, só vai ficar ai? Com a bunda grudada nessa cadeira horrível? 

    Involuntariamente Moon suspira, assente e apoia sua cabeça na mão — esta flexionada de maneira preguiçosa sobre a mesa —. Choi bate forte na própria coxa, logo puxando o “namorado” para longe e o canadense se afunda mais e mais na péssima cadeira branca. Ele estava disposto a permanecer ali, quem sabe até cochilar.

    No entanto, seu amigo tinha razão. Seu amor platônico estava naquela festa, era o motivo para ter aceitado o convite de Sangyeon, era o rapaz que sempre fazia ele se questionar como era possível alguém possuir tantos moletons e que era dono do sorriso mais lindo do mundo. 

    Desferiu leves tapas na própria testa, não acreditava e nem queria acreditar no que estava fazendo. Não hesitou e fixou os olhos naquele do outro lado do salão.

    Jacob Bae.

    Estudante de Medicina Veterinária.

    E dono das tatuagens mais surpreendentes do planeta.

    Quando mirou pela primeira vez os antebraços finalmente expostos do mais velho — assim que chegou à festa — teve que controlar cada minúscula célula do seu corpo para não gritar seus pulmões para fora diante de tanta surpresa ao presenciar aquilo. 

    Nunca havia visto Jacob sem moletom, muito menos com ele levantado até o cotovelo ou simplesmente puxado. Aquela revelação, de que sua maior paixão era um cara tatuado, quase o fez quebrar. Instantes depois de vislumbrar os antebraços adornados por desenhos e padrões, correu até o garçom mais próximo e virou o primeiro copo que encontrou na bandeja do funcionário. 

    — Eu bebi sim! — contradisse sozinho a fala do amigo já desaparecido. 

    Os dedos magros circularam a taça de espumante, mais uma vez queria somente sumir dali, ignorar o mundo e, quem sabe, superar a paixão por Jacob.

    Não. Impossível. Fora de cogitação.

    Alguma música do Post Malone começou a preencher aquele salão amplo e uma movimentação forte formou-se por entre as mesas e pista de dança. Jacob fora puxado por Sunwoo — um calouro de veterinária — para um canto e pareciam animados com o ritmo corrido do rap. Segundos depois, um círculo de pessoas bloquearam a visão que Kevin tinha do mais velho, enquanto a música caminhava para seu ápice.

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⏰ Última atualização: May 08, 2020 ⏰

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