- Me desculpe Marina, foi mais forte de que eu. Poxa vida, você é gata demais e a gente não escolhe por quem vai se apaixonar, eu estou apaixonada por você. Não foi porque eu quis, só aconteceu. Você me perdoa? Ela parecia estar sendo sincera.
- Sinto muito que isso esteja acontecendo com você, mas eu não posso retribuir, sou alucinada pela Bia e ela por mim. Nos retribuímos, nos completamos, até quando eu não sei. E se você disser que eu sou muito nova para ter certeza, vou dizer que está certa, mas no momento é o que sinto. Se você quiser minha amizade, tudo bem, mas é tudo que posso oferecer - fui o mais clara possível.
- Vou me conformar com isso e aceitar que quando encontrei a garota dos meus sonhos, ela já pertencia a outra. Mesmo assim eu não vou perder as esperanças. Sonhar não é proibido - enquanto ela falava nós íamos até lá fora onde ainda ficamos conversando.
- Não, sonhar não é proibido, mas não confunda as coisas. Você é uma pessoa legal e tenho certeza de que se entendera rapidamente com a Bia.
- Caramba, tenho inveja dessa sua namorada, além de você ser linda. Me desculpe, mas você é linda, ainda é madura na relação, qualquer outra garota não pensaria da mesma forma como você pensa.
- Qualquer outra garota não tem a namorada que eu tenho.
Nós estávamos em pé no portão e quando fui dar boa noite, antes de me aproximar um vulto tomou a minha frente.
- Então agora é assim que você quer viver? Toda noite um sapatão diferente no seu portão é, Dona Marina? - Ouço a voz familiar.
Meu pai havia voltado.
Meu susto foi tão grande que eu travei nas quatro rodas, fiquei sem fala e covardemente comecei a tremer.
A Vivian também parece ter ficado apavorada, me olhava com aqueles olhos azuis que parecia querer sair da caixa, acho que se pudesse, eu teria enfiado minha cabeça no chão como as avestruzes, mas infelizmente não dava. Tive que reagir quando senti meu braço ser apertado e ser arrastada para dentro a força.
- Me solta! Está me machucando! Solta o meu braço! Mamãe! - Gritei em plenos pulmões.
- Hoje eu vou lhe ensinar a ser gente, vai receber o que eu deveria ter feito há muito tempo!
Ele me soltou e me empurrou, topei em algo e acabei caindo, senti um tapa tão ensurdecedor na minha orelha, que me deixou surda e em seguida outro tapa de mão aberta atingiu meu rosto. Senti o gosto de sangue e não sabia de onde vinha, me encolhi no canto tentando cobrir meu rosto e um cinto de couro queimou meus braços como brasa quente.
Eu queria morrer, além da dor, a surpresa, o medo, o sentimento de fragilidade me acometeu. Só queria que acabasse logo.
- Solte a minha filha! Seu desgraçado! Solte ela, seu infeliz! - Minha mãe finalmente chegou gritando e tentando o tirar de cima de mim.
- Solta ela, papaizinho! - Virgínia implorava ao meu pai - pelo amor de Deus, solta ela. Tá bom, ela já te ouviu.
Virgínia não sabia o que estava acontecendo, apenas clamava ao meu pai que parasse. Vi minha mãe caída no chão e senti os braços da Bia ao meu redor, curvada por cima de mim tentando proteger meu corpo com o seu.
- Eu sinto tanto, meu amor, queria estar aqui do seu lado - Bia tentava me acalmar.
Eu não sei como ela chegou rápido, mas estava grata por ela estar ali.
- Onde está doendo muito? ¬¬ passava a mão ao redor dos meus machucados. ¬¬ olha aqui mãe a boca dela está sangrando e o olho não abre - ela chamou a mãe dela que veio e ficou agachada bem próximo examinando cada machucado.
- Oh meu Deus, como esse monstro pode fazer isso? - Ouvi a voz de Tia Luíza.
Não dizia nada, fiquei só ouvindo tia Luíza acalmando minha mãe e abraçada a ela.
Meus irmãos segurando meu pai, que não dava uma palavra. Depois de um tempo ouvi uma sirene tocando, uma ambulância entrou no jardim, um grupo de socorrista veio até a minha mãe fizeram um exame rápido.
Fora uns arranhões nas mãos e pernas, nada tinha de sério, fui colocada numa maça e imobilizada. Minha mãe foi comigo, tia Luíza e Bia foram também, mas em outro carro.
[...]
IRMÃOS
- Que porra foi essa, papai? Não dá para entender essa sua brutalidade! - Marcelo tentava entender a situação.
- Vocês estão cegos! Não conseguem ver a pouca vergonha que está acontecendo nessa casa?! - O pai esbravejada.
- Que pouca vergonha, papai?! Do que o senhor está falando? - Matias passava a mão no rosto descrente com a situação.
- Além da sua irmã estar se prostituindo com as sapatonas do mundo, agora essa outra não sai aqui de casa, abraçada com sua mãe direto. Vai ver até dormindo juntas elas estão!
- Elas sempre foram amigas desde que eu me entendo como gente - Mateus falava cansado daquele ódio gratuito do pai - O que eu vejo são elas duas juntas conversando, acredito que bem antes do Marcelo nascer elas já fossem amigas, então eu não vejo qual o problema, você vê alguma coisa diferente Matias?
Matias deu de ombros e tomou a palavra:
- Não. E mesmo se tivesse alguma coisa, a vida da minha mãe e de quem ela vai gostar é problema dela, se elas estão dormindo juntas é sinal que o senhor não se garantiu como macho que tanto diz que é - Matias falou sério com o pai que estrebuchava.
Os irmãos se esforçaram para manter o pai sentado que tentava se soltar. Marcos ficou às gargalhadas.
- Você me respeite, seu moleque! Eu ainda sou seu pai e sou muito homem, talvez mais do que qualquer um de vocês! Afinal, eu fiz oito filhos e vocês, pelo que sei não fizeram nenhum - Ele vociferava e fuzilava Marcos com o olhar - E você, seu degenerado, se continuar rindo eu quebro os seus dentes!
Marcos, ciente que os irmãos não permitiriam e com vontade de lavar o peito, foi bem perto do pai olhou de cima a abaixo e disse:
- Você não é homem para minha mãe e nem para mulher nenhuma. O fato de ter feito oito filhos é que você violentava minha mãe constantemente, não por que ela queria estar com você. Pensa que eu não a ouvia pedindo "por favor" que não queria e você subia em cima dela e transava como um animal? Eu vi! Sempre que minha mãe ia para o quarto, eu ficava deitado no pé da porta, ouvindo e não podia fazer nada e nem dizer nada! Quem ia acreditar em mim? Eu era só uma criança, até o dia que ela falou para você não encostar um dedo nela que daquele dia em diante ela não era mais sua mulher na cama, que só iria para cama se ela quisesse e quando ela quisesse, o senhor lembra? - Marcos descarregou tudo que estava entalado em sua garganta.
- Isso é verdade pai? O senhor é esse monstro que o Marcos está dizendo? - Marcelo questionou horrorizado.
- É verdade Marcelo, a mamãe implorava para ele e ele nunca ouvia. Diz que é mentira pai! - Marcos o desafiou.
- Ele é um louco! - O homem grita - toda mulher faz doce para servir o marido! É obrigação da mulher satisfazer as vontades do seu marido, assim como e obrigação dele sustentar a casa! - Explicava realmente acreditando no que falava.
- Papai, pelo amor de Deus homem! Mulher nenhuma é obrigada a nada! Ela tem que desejar estar com o parceiro! Agora é nossa obrigação saber seus sonhos, satisfazer seus desejos e realizar suas taras, o gozo da mulher vem sempre em primeiro lugar, aí só depois e que vem o nosso. Tenho pena da minha mãe por ter se submetido a isso por tanto tempo. - Completou Marcelo decepcionado com a descoberta de quem realmente era o homem a quem chamava de pai.
Ele sabia que não eram amorosos com o pai, mas existia o respeito e esse acabava de ser quebrado, agora entendia a revolta do Marcos e o porquê de ele sempre bater de frente com o pai, o porquê de não o respeitar nem um pouco. Não era por ser um adolescente revoltado, era por ser um filho revoltado com as atitudes do pai.
Marcelo saiu de perto do pai e abraçou o irmão, Mateus fez o mesmo.
- Devia ter repartido com a gente, é muita coisa para uma criança carregar sozinha cara. - Marcelo disse enquanto abraçava Marcos.
- Somos irmãos, cara - Mateus dizia - temos que nos unir para tudo na vida. Eu sempre soube que tinha algo errado, nunca lembro de ver nossa mãe abraçada ou ele fazer um carinho, mesmo que de leve, ou uma carícia na mão, no cabelo. Eu achava que era porque eles eram reservados, nossa mãe não reclamava, nunca lembro dela fazendo um dengo nele.
- Mas também, Mateus, ela não sorria como a gente a vê agora. Quando era com a gente ela se desmanchava em carinho e quando era com o papai, era mais séria, tratava-o com educação, respeito, mas amor, carinho, isso nunca vi. Nunca vou perdoar a nossa negligência em não perceber o que estava diante dos nossos olhos - Matias afirmava.
- Um bando de maricas, isso é o que vocês são! Isso é que dá deixar serem criado por uma mulher. Está aí, tudo uns frouxos! Onde já se viu? O prazer da mulher vir primeiro? Primeiro é o homem em tudo a ser servido, na mesa, na cama, em todo canto!
- O senhor é um caso perdido. Ainda bem que foi a mamãe que nos educou e não corremos o risco de ser um monstro como o senhor - Mateus afirmou.
- O senhor só sai daqui quando vier qualquer notícia do hospital para saber o tamanho da sua besteira --- Marcelo ordenou.CONTINUA......
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🏳️🌈Marina Ama Biatriz (Meu primeiro amo)r Vol. 01 ( Romance Lésbico)
RomanceSINOPSE Marina tem tem 15 anos faltando 4 meses para completar 16 é uma garota como outra qualquer. Negra assumida tem orgulho da cor, de uma família numerosa e cheia de amor, como toda adolescente é cheia de sonhos, e...