Capítulo 1

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"Foque na sua profissão, ela não irá acordar um dia dizendo que não te ama mais"

Desconhecido

Passei a manhã toda na biblioteca da escola terminando algumas anotações para o seminário de sociologia, Sabrina certamente deve estar fazendo seu teste de física. Ninguém sabe tanto como eu o quanto ela está se esforçando para passar no vestibular para a faculdade Federal de Engenharia Civil.

Conheci ela enquanto ainda estávamos no ensino fundamental, e, desde então, somos muito próximas, ela tem cabelos louro-escuros, tem altura mediana e amo seu estilo meigo de ser. Além disso, é uma pessoa imensamente gentil e sempre quer ajudar o próximo.

Pego o caderno com as lições anteriores, mas resolvo deixar isso para uma outra hora, pois vejo a Sa entrando eufórica pela porta com uma folha nas mãos.

-Você não vai acreditar, Jade!

Olho de espreita para o balcão da sala e nesse momento a bibliotecária está apontando para a placa na parede que proíbe qualquer barulho.

-O que? Se você não contar, é claro que eu não vou acreditar. – Falo o mais baixo possível.

-Tirei nota máxima na prova! E você sabe o que significa, não é mesmo? - Ela tenta sussurrar igualmente.

-Que você ama física, uma matéria que eu simplesmente não acho graça.

E é verdade, o que tem de legal em ficar decorando fórmulas e fórmulas?

-Também, mas eu vou poder participar daquele campeonato de física, lembra? O professor falou no mês passado.

Eu realmente não vejo graça em física, mas havia prometido a ela que tentaria participar desse campeonato. Bom, desisti no começo dos estudos, pois resolvi fazer inscrição para teatro. Não que eu seja a melhor pessoa para atuar em peças teatrais, mas precisava ocupar meu tempo livre com algo que não fosse na área de exatas.

Sabrina pede para irmos ver a lista de alunos para o teatro e assinto, seguindo-a tão devagar quanto uma lesma com preguiça.

Chegando no mural de avisos eu vejo meu nome na lista de aprovados. Não que eu não queira participar disso tudo, eu realmente preciso de algo para ocupar a mente, mas teatro não era a minha primeira opção. Sou tímida na frente das pessoas e estou torcendo para ficar na produção.

Pego a ficha de inscrição, puxo Sabrina e saímos andando por entre a multidão de gente que tenta, sem sucesso olhar os avisos no mural.

Entramos na aula de biologia antes mesmo de o sinal tocar, o que para nós é uma grande conquista, já que sempre somos as que mais se atrasam.

Discutimos sobre a matéria e ouvimos histórias sobre a vida do professor. Biologia também não é minha matéria favorita, mas o professor faz a aula ser mais sútil e interessante de se aprender. Assim que o sinal toca eu saio da sala, lugares fechados ou cheios de gente não me fazem bem.

Coloco o fone no último e vou para o estacionamento, lá minha mãe me espera para irmos embora.

Chegando no carro, percebo que as coisas vão ser complicadas hoje. Eu havia me esquecido completamente que a tia Raquel viria hoje nos visitar e junto com ela, o seu filho Marco. Ele tem apenas 7 anos, mas sabe muito bem como irritar as pessoas.

Assim que entro no carro, cumprimento minha mãe e minhas tia e me sento no banco de trás com o bagunceiro do meu primo. Para minha felicidade, ele está dormindo, afinal, tiveram uma longa viagem até nossa cidade.

Chego em casa por volta das 15h, estudar de manhã tem lá suas vantagens. Pego um pote de sorvete na geladeira e subo as escadas para o quarto, o único lugar onde eu realmente consigo colocar as coisas em ordem.

Tento processar a ideia de que eu estou na turma de teatro, essa ideia ainda me assombra, mas tudo bem, preciso ocupar meu tempo e espero que valha a pena, nunca vi nenhum colega de classe recusar uns pontinhos a mais e não vou ser a primeira.

Coloco uma música para tentar acalmar, checo a lista de reprodução. Opto por algo mais tranquilo, por fim acabo colocando Djavan, as músicas dele me acalmam, mas especialmente a canção "Um dia frio", hoje o dia está perfeito para comer sorvete, ler um livro e ouvi-la. Passaremos a fingir que dias frios são propícios para tomar sorvete.

Dias como hoje são comuns em São Paulo, não muito frio, mas o bastante para sair de casa com uma blusa mais quente e está garoando, o que deixa o dia belíssimo. A combinação perfeita para eu ficar em casa.

Começo a mexer no celular e resolvo ver quem mais está no clube de teatro, já que não havia muitas inscrições.

· Alice Martínez

· Fábio Bernardo Santos

· Ícaro Giovanni Santos

· Marcos Reis

· Elisabeth Valentim

· Amanda Gonçalves

· Fernando Alves

· Ingrid Julia Mendes

· Otávio Bertanha

· Victor Amaro Rocha

· Bruno Ávila

· Gabriel Antáro Júnior

· Jade Garcia

· Isadora Mercedes

· Paula Marinho Carvalho

· Camila Fernandes Xavier

· Gabriela Silva

· João Cabral Júnior

· Renato Velásquez

· Esther Machado

· Gabrielle Fagundes

· Lucas Novaes

· Rodrigo Sanches

Não conheço nem metade destas pessoas, mas minha mãe acha que vai ser bom para a minha convivência, afinal, nas palavras dela "Não se conclui o ensino médio sem boas histórias para contar" em partes ela está certa, para haver histórias, é necessário pessoas, mas o que ela não sabe, é que eu não quero uma história, não assim. Eu quero ser eu, quero ter uma boa faculdade e arrumar um bom emprego, viajar pelo mundo e ser feliz à minha maneira.

Entre tantos pensamentos,acabo dormindo.

Com amor, Romeu.Onde histórias criam vida. Descubra agora