Oi, eu sou o Matheus!

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Oi... Eu sou o Matheus! Tenho 17 anos e estou cursando a última temporada do ensino médio...ou melhor: o 3° ano.
Moro em uma pequena cidade a qual adoro - porém, sou suspeito a falar, uma vez que nasci aqui e nunca morei em outra cidade. Mas isso está prestes a mudar.
Não tenho muitos amigos, acho a maioria dos jovens da minha idade desinteressantes e um tanto quanto babacas. Mas tenho uma melhor amiga tão maravilhosa que isso por si só me basta, ela se chama Maria e é a única pessoa que posso contar a qualquer dia e a qualquer hora e a possibilidade de viver afastado dela me atormenta.

Semana passada, eu e minha família - que se constitui basicamente em eu, minha mãe e meu pai - fomos surpreendidos com uma proposta de emprego maravilhosa que meu pai recebeu. O que veio a calhar muito bem, já que ele estava desempregado há um bom tempo. No entanto, a empresa a qual ele iria trabalhar fica em outra cidade que é distante da que moramos, então teríamos que nos mudar. Nos últimos 7 dias tenho tentado convencê-los a me deixar em nossa cidade, morando com minha vó, mas eles se recusam deixar-me aqui, sempre usando a desculpa de que sou seu único filho e que não suportariam morar longe de mim. Hoje é minha última tentativa.

Minha mãe está na cozinha fazendo o almoço, desço até lá e dou-lhe um beijo (vai que o excesso de carinho amolece o seu coração)

- Mãe - falo, ultrapassando o limite entre a sala e cozinha.

- Oi, querido - ela me responde com sua voz suave e angelical - acordou tarde hoje. Dormiu bem?

- Sim, mãe - respondo - queria conversar com você sobre a mudança. Não quero ir mãe, meus amigos estão aqui, eu tô no meio do ano letivo e...

- Filho, já conversamos sobre isso - ela responde me interrompendo - você só tem 17 anos. Tem que ficar sobre ocosuidados dos seus pais e, sobre a escola, já verifiquei tudo direitinho. Você vai entrar numa nova escola assim que chegarmos lá.

- Isso que me assusta. Não quero a sensação de ser novato e além disso, esse ano tem Enem. Eu preciso estudar e começar em uma nova escola não vai ajudar - Retruco, um pouco exaltado - Eu poderia ficar com a vó aqui. E cuidado dos pais??! Desde quando meu pai desempenha algum sobre mim?

- Não vou aceitar que você fale desse jeito. Seu pai e eu te amamos. E você sabe que ele tem a maneira dele de te amar, mesmo que seja diferente - ela responde querendo dar um fim na conversa, mas não desisto:

- Duvido muito disso. Eu ficaria bem aqui sobre os cuidados da vó e também me comportaria - devolvo apreensivo e tenso, ela logo responde:

- Não vamos mais manter essa conversa. Precisamos desse emprego e você virá com a gente. Esquece isso e toma seu café - Ela finaliza.

Com raiva, coloco o copo de leite que estava tomando na mesa e vou para meu quarto. Preciso avisar a Maria sobre isso. Estive tão triste esses últimos dias que não quis falar a ela sobre esses acontecimentos, mas sinto que devo comunicá-la, já que iremos nos mudar daqui 8 dias. Meu coração se contorce só em pensar no que digitar.

- Maria, aconteceu tanta coisa esses dias que estive tão preso em meus pensamentos e me afastei um pouco do celular - mando a primeira mensagem.

Ela logo me responde. Ja esperava isso, tinha notificação de 50 mensagens de Maria. Não queria falar com ela, pois não sabia o que responder quando ela perguntasse o motivo da minha tristeza.

- Poxa, Matheus, onde você andava, viado? - Me respondendo em questão de segundos e continua - o que tá acontecendo, migo? Você precisa de ajuda?

- Amiga, eu sei que vou dizer isso de forma muito abrupta, mas eu vou me mudar - Respondo em seguida

- Como assim, Matheus???? - ela responde - quando vocês resolveram isso? Por que você só está me contando isso agora?

- Meus pais me contaram isso há uns 7 dias. Eu não sabia como te contar. Eu tô muito triste. Não quero ir. Não quero deixar você. Como vai ser minha vida sem você pra me atormentar??? - Respondo já emocionado

Maria resolve me ligar e passo mais de uma hora conversando com ela e explicando toda história.

  ***

Quando desliguei a ligação resolvi descer para almoçar, já era umas 14h e eu estava com muita fome porque não tomei café direito.
Quando passo pela sala passo por meu pai, digo oi e sigo para a cozinha. Pelo que entendi, minha mãe tinha ido ao supermercado.

As únicas lembranças que tenho de quando tinha uma relação íntima com meu pai é na infância, há tempos não temos mais essa ligação. Não temos uma má convivência, mas também não é lá das melhores. Na verdade, acho que ele resolveu se afastar de mim porquê eu não idealizei o que ele queria como filho. Também não o odeio, mas seguimos distantes um do outro.

Termino de almoçar e volto para o meu quarto. É nele onde passo a maior parte do meu tempo. Estou tão pra baixo que resolvo assistir um episódio de "Friends". Não há remédio melhor para a tristeza do que ver as interações daqueles seis.

Passo o resto do meu dia assim, e quando percebo, já é noite. Só saio do meu quarto novamente para jantar e depois retorno novamente e intercalo o resto da noite entre ver série e escutar música.

Amanhã será um outro dia e preciso renovar as energias para as novas adversidades que ele me trará):

Ícaro e Matheus (A história do nosso clichê adolescente) Onde histórias criam vida. Descubra agora