A Cápsula de Pandora

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Havia destroços de naves na área do epicentro da batalha. O desespero e a atmosfera espacial acolhiam a perda massiva de naves terráqueas e corpos de soldados. Estava sendo uma luta longa e desastrosa. Se o soldado X-145 quisesse ganhar terreno e força de combate, precisaria agir imediatamente. Olhou para o seu radar e logo identificou a nave do soldado Y-67, cujo esquadrão tinha sido dizimado. Ambos seguiam em direção da Terra.

— Soldado Y-67, está na escuta? Precisamos acionar a linha terrena de defesa contra Pandora.

— Soldado Y-67, na escuta. Não permitirei o seu avanço — foi sua resposta.

E numa incoerente reação, o soldado Y atinge a nave do seu colega, fazendo-o perder o controle da direção. Y segue em fúria para a Terra, por entender que uma luta como aquela não valia a pena se inexistia solução para os problemas da humanidade.

— O que está fazendo?

— A vida é frágil e a deles não tem valor. Se a humanidade não pode evoluir, então deve ser destruída!

Soldado X utiliza seus conhecimentos de programação para acessar a cabine do colega. Para sua surpresa, o soldado Y tinha a última cápsula da célula epidêmica, capaz de infestar um vírus malfeitor contra a humanidade. A revelação é assustadora, pois X acreditava ter extinguido todos numa luta contra Pandora.

— Soldado, você deve parar. — alertou X.

— Venha, se for capaz!

Quando a gravidade os atinge, ambos acionam os modos de pouso. A incerteza quanto à resistência da nave era grande, mas precisava agir como um herói por acreditar nos seres humanos e na sua bondade.

Assim que se estabiliza nos céus terráqueos, X abre os últimos armamentos e começa a atirar. Y, sempre astuto, estava pronto para a tática e esquiva-se com facilidade. X continua manobrando sua nave com destreza. Um dos seus canhões é atingido e explode. Seus xingamentos não encobrem os sons de alerta. Então, assume o controle numa curva fechada e liga as turbinas extras, atingindo a velocidade máxima contra o traidor. Sua morte é compensada com um choque potente e Y é lançado contra chamas e pedaços de metal. Veloz, como um bom soldado, ejeta o banco e é arremessado para as árvores, vendo tudo explodir.

Ao olhar para si mesmo, Y nota uma grande laceração no abdômen. Morreria de hemorragia, mas não antes de cumprir seu dever. Então, prepara o aplicador do vírus com a cápsula salva.

A explosão tinha chamado a atenção de alguns civis. Com a visão embaçada e o apego à sua única chance, Y mira em um camponês abaixo dele que seguia numa trilha. Teria sido certeiro se outro animal não tivesse invadido a linha de tiro. Jogou a arma no chão, quando percebeu que a dor era insuportável. Viu a vida indo embora de seu corpo, deixando sua marca no campo de batalha. A missão tinha acabado para ele, enquanto um macaco corria em direção da cidade de Wuhan, na China.


(487 palavras)

A Cápsula de PandoraOnde histórias criam vida. Descubra agora