único

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Jisung se encolhia mais dentro das cobertas quentinhas que o abrigavam sobre a cama espaçosa, o frio invadia as paredes grossas da casa e fazia com que o loiro sentisse as pálpebras pesando cada vez mais. A música lenta e calma que vibrava nos ouvidos do garoto pelos fones fazia o momento se tornar ainda mais suave enquanto a neve caía sem parar do lado de fora. O momento preguiçoso do rapaz foi interrompido pelo toque do telefone e a foto sorridente de seu melhor amigo que aparecia no visor.

— O que foi, Hyunjin-ah?

— Perdeu o amor a vida, Sunggie?

O mais novo riu do falso tom de irritação na voz do moreno e se aconchegou ainda mais na cama, sentindo o sono começar a atingi-lo.

— Eu amo minha vida porque minha vida é você, hyung.

A linha ficou silenciosa por alguns segundos antes de um baque e um grito serem escutados fazendo Jisung rir.

— Não fala esse tipo de coisa Hannie, meu coração é sensível poxa.

— Desculpe hyung... Agora fala o motivo de você ligar.

— 'Tá nevando sabe? — Jisung murmurou em concordância — E eu iria amar se meu dongsaeng favorito pudesse me acompanhar até o rio...

— Tá, eu vou dormir e quando acordar você me conta como foi com o Jeongin.

— Você ainda pensa nisso?! — o moreno gritou, fazendo Jisung se encolher e afastar o aparelho do ouvido.

- Você disse 'pra todo mundo ouvir que o Innie era seu dongsaeng mais precioso, vai colher milho na plantação de algodão! — replicou no mesmo tom.

— Era brincadeira meu bebê, obviamente que você é a coisa mais preciosa desse mundo e de todos os outros...

— Para de ser boiola hyung... Ele recusou ir contigo, foi?!

Hyunjin bufou pelo tom sugestivo e pelo ciúmes do amigo.

— Não Jisung, o Jeongin não recusou porque eu não convidei, eu quero sair com o meu melhor amigo, com a azeitona da minha empadinha, a Dory do meu pai do Nemo...

— Para de exagerar seu gay... Eu também quero sair com você Jinnie, mas não agora eu 'tô com sono e 'tá frio.

— Eu me declarei pra você e você vai se recusar porque tá frio?! Não conte comigo pra absolutamente nada Han Jisung.

O mais velho desligou e Han começou a rir do drama do mesmo, mas se sentia com a consciência pesada por recusar. Eles não se viam direito a quase dois meses graças às provas nacionais que Hyunjin havia prestado, o mais velho havia ficado sem tempo devido aos estudos e Jisung respeitou isso, mesmo que tenha sentido muita falta do melhor amigo.

Se levantou preguiçosamente e procurou por suas roupas mais quentes, pois era o tipo de pessoa que sentia frio com muita intensidade, vestindo um moletom amarelo e um casaco corta-vento preto, não quis pentear os cabelos e apenas calçou os tênis, também amarelos, e correu para a praça que ficava exatamente entre as esquinas das casas de Hwang e Jisung, encontrando o amigo sentado em um dos balanços olhando para o calçado velho que usava com um ar melancólico.

— Se eu soubesse que ia ficar tão triste assim eu teria trazido chocolate.

Hyunjin levantou a cabeça em direção a voz nova e sorriu tão largo que poderia rasgar lhe o rosto. Correu para o mais baixo que o esperava de braços abertos, apertava o corpo magro do amigo contra o seu como se fosse perdê-lo se o soltasse.

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