Capítulo 2

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Tentei andar como se tudo estivesse na maior normalidade possível, mas não estava, nem um pouco. Tentar ignorar a presença daquele homem era impossível, e as risadas das garotas só pioravam a situação para mim.

— Amiga, você está vermelha e não é do Sol, não deu tempo. – Maria disse rindo da minha cara.

— Acho que sua situação está realmente ruim. – Alice acompanhou as risadas da outra e eu não sabia onde enfiar a cara.

— Melhor dar um mergulho para refrescar os ânimos! – Maria falou arrancando a canga enrolada em sua cintura e mergulhou na piscina, parecia uma sereia. Mergulhou fundo e surgiu do outro lado da piscina. Cretina. – Vem, a água está uma delícia! – Ela gritou dando ênfase a palavra. A cachorra tinha ido parar bem ao lado de onde o professor dava aula. Essa não tinha jeito mesmo.

— Maria! – Falei a repreendendo, mas a mulher só sabia rir. Alice se acabava de rir acomodando-se na cadeira de praia.

— Vai lá, Beca! Tá esperando o quê?

Mas eram duas ardilosas mesmo.

— E você, Alice, está esperando o que? – Tinha que alfinetar a galinha, ela não sabe nadar e morre de medo de água. Ela me mostrou o dedo do meio e na maior pose de modelo que ela tinha, acomodou-se na cadeira para assistir ao "show".

Mergulhei o melhor que conseguia, com certeza não era a "sereia" que Maria era na piscina, nem tem como competir com uma ex-nadadora olímpica, mas fiz meu melhor e cheguei até a metade da piscina em meu mergulho. Terminei de me aproximar, já a cumprimentando com um beliscão na bunda. A safada se afastou rindo.

— Vai me agradecer, amiga. – Ela falou e do nada soltou uma gargalhada altíssima como se eu tivesse contado a maior piada do mundo.

Olhei para o lado e éramos o centro das atenções, inclusive do professor gato. Ele levantou os óculos e nos olhou com diversão. Puta merda, esse homem não existe, até seus olhos eram lindos. O cara tinha os olhos verdes, mais lindos que já vi. E ainda piscou para a minha cara que deveria estar um tomate.

Eu ia matar a Maria.

Ela me abraçou fingindo cessar sua crise de riso. Os olhares começaram a se desviar, mas o olhar dele sobre mim permaneceu por mais alguns segundos, que pareceram horas para mim. Senti meu corpo queimar sob o seu olhar, realmente as coisas não estavam boas para o meu lado, se eu me derretia toda por um cara estranho qualquer.

Ele recolocou os óculos e o encanto acabou, acordei do transe.

— Agora o show vai começar! – Exclamou minha amiga que estava com seus dias de vida contados.

Da posição que estávamos na piscina, realmente tínhamos uma visão privilegiada do professor gostoso. A música animada tocava e os idosos se agitavam no ritmo da música com seus bastões, pesinhos e elásticos. E conduzindo-os, o professor abaixava, se inclinava, demonstrava os movimentos que os idosos deveriam fazer e isso fazia seus músculos saltarem. Não tinha como negar, era um show. Que durou cerca de quarenta minutos e acabou.

— Acabou o show, Maria. – Disse me movendo para começar a sair da piscina, mas Maria me segurou.

— Acabou não, querida.

Ela acabou de falar e o homem veio correndo, se jogando na piscina como uma criança, espalhando água para todos os lados. Ao invés de subir, ele permaneceu no fundo e nadou submerso até nós. Surpreendeu-me ao surgir na minha frente, e se apresentar.

— Marcos. Prazer em te conhecer. – Ele estendeu a mão e eu a apertei.

— Rebeca. O prazer é meu. – Ele beijou minha mão e educadamente apertou a mão da minha amiga que também se apresentou.

Nem tudo são joias (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora