Um deus à sua porta

O Pai de Todos

O dia seguiu-se relativamente bem, sem mais nenhum incidente. Todas às 8 aulas foram teóricas. São desgastantes, é claro, mas nem se comparam às aulas que eu tinha na terra. Matemática, Português, Física...

Sempre fui fã das disciplinas mais "humanas", tal qual Geografia, História, Literatura, e Química. Tá, tá bom, química não é de humanas, mas eu continuo gostando. A nona aula, porém, é onde às coisas apertam. Demos o azar de chegarmos no dia da Batalha. Nós 3 não tivemos sequer um dia de aulas práticas. O que eu devo fazer com esse cajado?

Consigo sentir o nervosismo de Clarisse. Bem, pode ser o frio, mas o nervosismo é mais romântico. A neve se acumula nos meus ombros, derretendo, por conta da minha temperatura corporal.

—É a primeira fase da batalha, ouvi os outros falando —sussurro para Clarisse.

O professor levanta a mão em punho, pedindo silêncio. A turma se cala em questão de instantes.

—Primeira fase da Batalha, dando vaga para a Batalha Final. Só teremos 2 combates, já pré-selecionados por conta dos seus desempenhos na aula teórica. Primeira luta será entre Nicole e Zambete. Por favor, subam no palco.

Às duas garotas são aplaudidas, enquanto sobem na arena. Apertam às mãos e fazem um sinal afirmativo para o professor. Uma parede de vidro surge em volta do palco, protegendo a plateia.

A luta já começa frenética. Nicole e Zambete desaparecem completamente, e o palco fica todo escuro. Quando a luz volta, vemos Zambete sendo asfixiada por Nicole. Nick é uma obscura, que pode escurecer o ambiente ao seu redor, deixando o oponente vulnerável

Todavia, Zambe não deixa por menos. Um campo de força empurra Nicole para trás, que cai de costas no chão de pedra do palco. Zambe corre e joga seu corpo por cima de Nicole, que segura o pescoço, como se não conseguisse respirar. Sua mão esquerda vai até o chão e bate 3 vezes na pedra dura. Zambe se levanta imediatamente e para a luta, ela venceu. Já está na etapa final, e disputará a chance de ir para a Grande Batalha.

—Combate 1, vencido por Zambete. Combate 2, Tiago e Sávio —diz o professor, sem entusiasmo na voz.

Tá, tudo bem, agora eu serei destroçado. Tiago me odeia, foi quem me ameaçou. É muito maior e mais forte que eu, e provavelmente deve ser mais treinado, por mais que eu seja estudioso.

Eu ando até o palco e subo, pelas escadas. Os aplausos são incessantes, muito mais fortes, se comparados com o da batalha anterior. Nós apertamos às mãos, e, o aperto de Tiago é tão forte que dá a sensação de quebrar a minha mão.

—Eu vou te destruir, você sabe disso né? —sussura.

Nós fazemos um sinal afirmativo para o professor, e uma parede de vidro se ergue ao redor do palco. Imediatamente o clima muda. Já não é mais frio, mas, sim, um calor infernal. Suor escorre dos meus braços e do meu pescoço.

—Com calor, pequeno Thor? —pergunta Tiago.

Nós dois nos rondamos, como em uma luta de mma. Eu não sei o que fazer com o cajado, mas tenho uma ideia. Levanto ele de forma vertical. Quanto sinto a dormência no meu braço, viro o pequeno globo de nuvens para Tiago.

Não só um raio, mas uma tempestade deles, atingem o adolescente. Ele cai no chão e fica parado, sem reagir. O tempo volta a ficar frio novamente. Seu corpo começa a tremer, como se estivesse convulsionando. A barreira de vidro têm um buraco, e o paredão de Asgard está queimado. O professor me olha incrédulo, e baixa a barreira. Eu corro para perto de Tiago, e me ajoelho sob seu corpo.