Capítulo Três

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Eu poderia esquecer isso de uma vez, já que gentileza existe por todo canto, e tenho certeza que para ele tanto faz e tanto fez o meu agradecimento. Gentileza por todo canto? Agora eu tenho que cair na real, pois estou fantasiando legal. Olho para Henry, que está sentado e concentrado em seu jogo RPG, e degustando um maravilhoso bolo de chocolate que me deixou com água na boca, mas deixei isso de lado, e tomei coragem de ir agradecer Pietro. Verifiquei minha blusa para ver se meu perfume ainda estava exalando, coloquei a língua na ponta do nariz para verificar meu hálito, olho na câmera frontal do meu celular, e vejo que meu cabelo nunca esteve tão belo, pelo menos uma coisa tinha que conspirar a meu favor.

- Eu vou ir lá, decidi.

- Lá aonde? Do que você esta falando? - indagou ele sem entender nadas pois estava centrado no jogo.

Comecei olhar para Henry e desviei o olhar para o garoto de casaco de couro que roubava a cena na esquina da escola, que a cada respirada, era um trago que ele dava em seu cigarro. Seu cabelo preto reluzia com o brilho do sol, seu all star desgastado era o que destacava e me prendia, pois sou viciada em all star, e pensar que eu tinha seis, e meu tio jogou todos fora depois de uma discussão que tivemos.

- O que fez para ter coragem? - questionou ele com olhar desconfiado.

- Eu só senti, bem, vou ir. Me deseja sorte?

- Boa sorte mana, arrasa! - logo em seguida ele levantou, e deu um abraço de urso, que me sufocou, os músculos de Henry me esmagaram por cinco segundos.

Comecei a caminhar em direção a ele, eu poderia ter ensaiado com Henry o que eu deveria falar quando estivesse cara a cara com ele, amenizaria a chance de eu chegar e travar. Agora não tenho como voltar, já estou há poucos metros dele, ou vai ou racha nunca fez tanto sentido. Faltando alguns passos, consegui sentir seu perfume amadeirado, que infestou aquele metro quadrado, eu nunca senti um perfume tão bom. Minha mão começou a tremer e soar ao mesmo tempo, meu estômago estava infestado de mariposas enormes, é agora. Bem, eu já estava na frente dele.

- O-o-oi. - sim, gaguejei.

- Oi bela adormecida. - respondeu ele com um sorriso de canto.

- Bom, entendi a piada, acho que era pra ser uma piada. - fiquei confusa, não sei se era ironia, piada, ou sei lá.

- Só quis amenizar sua tensão, e pelo jeito acho que piorei. - quando ele afirmou isso, ele pegou na minha mão e só para confirmar se eu estava nervosa, e suas conclusões foram óbvias. Retirei minha mão, e coloquei por dentro do meu casado. Minhas bochechas ficaram coradas.

- Eu queria agradecer você por ter me salvado da queda, confesso que se não fosse por você, algo ruim poderia ter acontecido.

- Confesso que não era para eu estar na cantina aquele horário, mas me bateu uma fome intensa, que me obriguei a ir, se não, eu iria desmaiar.

- Certo, não sei qual é seu objetivo, mas se for lançar indireta no ar, estou captando todas. - respondi com olhar de deboche.

Nesse instante Phoebe e seu grupo de amigas ridículas estava vindo em nossa direção, e notei que elas estavam cochichando sobre alguma coisa, e tenho certeza que era sobre mim, pois seus olhos estavam vidrados na minha pessoa. Quando se aproximaram de nós dois, Labelle tropeçou em algo, e advinha só? Ela estava com um copo de suco de beterraba, e o que aconteceu depois que ela tropeçou? Sim, a famosa cena de filme. O suco caiu sob meu casaco, e pelo mesmo estar aberto, acabou manchando meu uniforme que estava por baixo. Depois do ocorrido, todas começaram a rir da minha cara.

- Oh, me desculpe. Eu acho que tropecei no pano que você limpa sua casa, deveria deixar seus instrumentos de trabalho em casa. - Respondeu Labelle, virando as costas para mim e saíram rindo do acontecimento.

EFÊMEROOnde histórias criam vida. Descubra agora