Capítulo 1

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Meus olhos ardiam enquanto eu lutava contra as lágrimas que insistiam em cair. Com a mão trêmula, peguei a xícara de chá e levei até os lábios. Estava quente, quente o suficiente para queimar a minha língua. Mas eu não me importei, qualquer coisa que me distraísse da dor que eu estava sentindo em meu coração era válido.

— Então é isso? — Falei, colocando a xícara novamente sobre a mesa. — Vamos terminar assim?

— Sinto muito, Ye-jin — Respondeu Taeyang, estendendo a mão sobre a mesa e tocando meus dedos carinhosamente. — Mas eu não posso mais continuar. Eu não a amo mais. Você consegue perceber isso?

  Eu sentia meu coração dilacerar por inteiro e já não sabia mais se seria capaz de juntar os caquinhos após aquilo. Quando eu estava mal, Taeyang me acolhia. Era o meu porto seguro. Onde eu me sentia em paz. Mas agora, agora é ele quem está tirando toda a minha alegria. A quem devo recorrer?

   Levantei. Em silêncio. Tirei a aliança, estava apertada em meu dedo. Coloquei sobre a mesa ao lado da xícara e sai, sem dizer coisa alguma. Não era capaz de falar.

— Ye-Jin, volte aqui. Vamos conversar! — Ele gritou, enquanto eu deixava o café. Não olhei para trás.

  Naquela tarde fria de inverno, eu não quis ir para casa. Era lamentável demais apenas ficar sozinha, encolhida entre os cobertores, ouvindo o som da chuva cair lá fora, me desfazendo em lágrimas. Não. Eu não iria me tornar tão decepcionante. Ao invés disso, fui para o restaurante que eu eu costumava ir em dias como aquele. A última vez que fui, foi quando mamãe morreu, a dois anos atrás. Sinto saudades do Tteokbokki de lá. Na verdade, havia quase me esquecido do gosto, embora lembre que era delicioso.

   Andei alguns quarteirões, sentindo a brisa gélida sobre o meu rosto, com as mãos dentro do casaco, aquecidas. Apertei mais uma vez o cachecol em volta do meu pescoço, quando me dei conta de que já havia chegado.

  Não havia mais placa e as portas e janelas estavam fechadas.

— Eles fecharam? — Perguntei para mim mesma, frustrada. — Não pode ser!

  Um homem apareceu. Saindo do estabelecimento ao lado.

— Hey, Ahjussi — O chamei. Ele olhou para trás antes de subir a rua. — Sabe me dizer o que houve com este restaurante? Ele costumava abrir sempre…

— Ah, este restaurante? — Ele apontou para o pequeno restaurante abandonado. — Os donos o passaram para outra pessoa. Ouvi dizer que é o seu filho mais velho, que estava fazendo universidade no exterior.

   O filho mais velho dos donos desse restaurante é…

— Ah, olha ele aí! — O senhor apontou para além de mim. Me virei na direção do seu dedo.

Choi Dong-yul vinha caminhando em minha direção, com as mãos nos bolsos da jaqueta de couro, os passos tranquilos e vagarosos.

— Oh, Dong-yul. — Murmurei, um pouco surpresa.

  Não o via a tantos anos que mal conseguia lembrar de seu rosto. Entretanto, ele estava diferente. Com toda certeza, a América havia deixado uma influência em seu estilo. Ele parecia um estrangeiro, talvez um turista. Se não tivesse sido avisada, provavelmente não seria capaz de reconhecê-lo.

  Dong-yul levantou a cabeça, distraído, e nossos olhares se encontraram. Ele cessou os passos e espremeu os olhos.

— Ye-Jin? — Questionou-se, incerto. Então, abriu um largo sorriso. — É você mesmo, Ye-Jin!

Inesperadamente, Dong-yul correu até mim, abraçou minha cintura e me rodopiou no ar. Dei um gritinho, assustada. Certamente, não estava esperando por aquele tipo de reação.

 Mais que amigo (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora