Capítulo 2

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  Minha cabeça doía. Corrigindo, minha cabeça doía muito. Enquanto tentava levantar, senti meu corpo pesado e alguns flashes de lembranças da noite passada atingiram minha mente. Garrafas vazias jogadas pelo chão, enquanto eu vomitava no tapete todo o Tteokbokki que havia comido. Meu cabelo cheirava a vômito, assim como as minhas roupas.

  Sai da cama, me sentindo nojenta, e fui em direção ao banheiro. Tomei um longo banho, lavei meu cabelo e esfreguei minha pele até que todo aquele cheiro repulsivo houve saído de mim. Troquei de roupas e me senti revigorada, embora ainda me sentisse nauseada e com dor de cabeça.

   Ao sair do quarto, me deparei com David na cozinha, vestido novamente no avental.

— Por que ainda está aqui? — Perguntei, indo até a geladeira para pegar água.

— Decidi preparar uma sopa da ressaca para você — Respondeu, jogando alguns legumes no caldo. — Além disso, trouxe minhas coisas.

— Suas coisas? — Indaguei. David balançou a cabeça. — Por que você traria suas coisas para a minha casa?

— Porque eu estou morando aqui agora.

  Havia acabado de beber a água refrescante e a cospi toda, incrédula, dando um banho em David e em mim.

— O-o quê?

— Você não lembra? — Perguntou ele com tranquilidade, pegando alguns guardanapos para se secar. — Ontem a noite disse a você que não tinha um lugar para ficar e você ofereceu que eu ficasse aqui até que eu o restaurante estivesse pronto.

— Jura? — Questionei desconfiada, me esforçando para lembrar o que mais havia dito naquela noite. — Droga! Isso não está certo. Como você pode ficar aqui? Quero dizer… um homem e uma mulher na mesma casa. Não. Não está certo.

— Ei, ei. Tenha calma — Interferiu ele, rindo. — Eu não tenho o menor interesse em você. Pense nisso como uma irmã e um irmão morando juntos. Além do mais, é só por algumas semanas.

— E o que eu ganho com isso?

  É claro, não poderia deixá-lo morando na minha casa de graça. Não que eu já tivesse concordado com tamanho absurdo. Apenas precisava averiguar que vantagens poderia tirar daquilo.

— Como você bem sabe, ainda não tenho dinheiro. — Disse ele. Abri a boca para reclamar, mas David levantou o dedo indicador antes.  — No entanto, posso fazer algumas coisas em troca. Como por exemplo, lavar as louças, limpar a casa, lavar suas roupas. Até mesmo suas calcinhas.

— Vamos parar aí. — Disse, ruborizando com a cabeça baixa. — Ok, você pode morar aqui. Em troca faz os serviços domésticos.

— Obrigado! — Agradeceu ele, com um sorriso de canto. — Nos daremos muito bem, colega de quarto.

— Duvido muito… — Murmurei, saindo da cozinha.

— Onde você vai?

— Alguém precisa trabalhar aqui! — Gritei da sala de estar.

— Tome sua sopa da ressaca antes. Ou então, irá assustar à todos com essa aparência. 

— Se dar bem… — Falei quando estava sozinha, no quarto. — Se dar bem a minha bunda. 

*
*
*

  Eu era diretora de uma firma. A fábrica produzia tecidos para importação. O meu setor era a tintura. O dia estava um caos, dois funcionários haviam faltado. Ninguém costumava me telefonar àquela hora do dia, mas, enquanto assinava alguns papéis, o celular tocou.

— Alô — Atendi, posicionamento o aparelho entre a orelha e o ombro.

— Ye-jin, como liga a máquina de lavar roupas? — Era David, com sua voz irritante.

— Leia o manual de instruções! — Respondi, impaciente.

— Eu já li, mas ainda não consigo…

— Assiste um vídeo no YouTube.

   Assinei novamente, outro papel.

— Eu já assisti à alguns, mas…

— Dong-yul — O Interrompi. —, Eu realmente não posso falar agora.

— É David. — Corrigiu ele — David. David. David. Qual é o seu problema com o nome David?

  David. Assinei David no papel enquanto ele repetia de maneira exasperante seu nome. Cerrei os dentes e bati com a caneta sobre a mesa.

— Escuta aqui, seu…

— Oh, ligou! — Exclamou David, rindo através da ligação. — Acho que isso tem sensor de voz. Obrigada, Ye-Jin. Bye bye, tenha um ótimo dia.

  Irritada, desliguei o celular para não correr o risco de receber outra ligação sua. Caso contrário, falaria coisas das quais não me orgulho.

   Ao fim do dia, terminei o trabalho, me despedi dos meus colegas e entrei no carro. Só então, liguei novamente o celular. Haviam algumas mensagens de David e outras na caixa postal. Li as primeiras.

  "Ye-Jin, por favor, não me mata!"

   O quê?

  Outra mensagem

  " Promete que não vai me matar?"

  Abri a terceira mensagem, havia sido enviada minutos depois.

  " Já falei com os meus pais. Se o meu corpo desaparecer, saberão quem foi o culpado."

  O que diabos está acontecendo?

  Abri a quarta mensagem.

  " O teto da cozinha pegou fogo!"

  Ah, não pode ser. Por último, havia uma mensagem de voz na caixa postal.

— Noona, você sabe o quão especial é para mim, não sabe? — Sua voz estava ofegante, como se tivesse trabalhado duro. — Então, por você ser tão especial decidi preparar um jantar especial. Acontece, que eu esqueci de desligar o fogo e ele subiu através da panela e, uau! Foi assustador… e incrível. Eu consegui controlar, mas o seu teto… droga, o seu teto está terrível.

   Seu filho de uma...

 Mais que amigo (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora