Único;; ray's birthday gift

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[Nota do autor: Só falando, pois já me encheu a paciência os comentários de dulpo sentido que a fic recebe. Emma e Ray tem 12/13 anos aqui, então obviamente não terá "p*taria". Comentários assim me deixam desconfortável, apago assim que aparecem. Enfim, boa leitura!]

15 de janeiro de 2047


Já era noite, mas os vestígios da festa de aniversário do Ray ainda estavam presentes por quase todo o bunker. Todos, ou quase todos, já que Yuugo não quis cooperar, ajudaram nos preparativos.

Emma queria dar um presente especial, então esperou que os outros fossem dormir. Ela sabia que Ray estaria acordado lendo algo na biblioteca do bunker. O garoto ficava até tarde lá, um dos motivos por estar com uma cara de sono pela manhã, fato que deu origem ao seu apelido “ciclope sonolento”.

— 'Tá aí? — perguntou batendo na porta da biblioteca.

— Pode entrar. — respondeu após um longo momento de silêncio.

— Boa noite! — cumprimento-o animada ao entrar no local.

A biblioteca era o lugar e passatempo preferido de Ray desde que Emma conseguia se lembrar. Ainda na fazenda, o garoto geralmente era visto com algum livro. Agora aqui está ele, em uma situação totalmente diferente organizando as estantes.

— O que você quer em uma hora dessas? — cortou sendo direto, não queria perder tempo.

— Você é frio às vezes… — comentou baixinho — Só queria dar seu presente de aniversário.

— Presente? — questionou virando-se para ela deixando de lado os livros que organizava na estante. 

— Todo mundo fez alguma coisa mais cedo e apesar de eu ter dado a ideia da festa, isso não contou como um presente para mim. — explicou. 

— Entendi, então… Qual é o presente? — a garota mostrou um gravador e Ray ficou confuso. 

— Pedi para o Nat tocar uma melodia no piano e gravei. — ela apertou o play e deixou o gravador em cima de uma mesa próxima — Sei que você gosta dessa música. 

— Obrigada, Emma. Agora… — ele foi interrompido pela garota que tinha se aproximado.

— Quer dançar?

— Quê?! — ele refletiu por um momento se realmente tinha escutado direito — Dançar?

Emma tinha ideias estranhas às vezes, ele tinha que admitir. Mas dançar estava fora de cogitação para ele.

— Ah! Qual é, Ray! É o seu aniversário, tenta se divertir um pouco! — ela segurou os pulsos do garoto e balançou-os em uma tentativa falha de fazê-lo se mexer. 

— Eu estava arrumando a estante de livros e pretendo continuar. — disse sério tentando fazê-la esquecer da proposta, mas a ruiva era insistente quando colocava uma ideia na cabeça, e ele sabia muito bem disso — Você vai embora se eu fizer isso, certo?

— Sim!

— Eu me rendo. — falou em um tom levemente debochado cedendo-se a mover os braços, provocando uma risada de Emma.

Eles não estavam dançando exatamente, pelo menos na perspectiva de Ray, já que os movimentos que faziam eram desordenados. Emma continuava rindo da situação. Claro, convenceu-o a dançar, sua tentativa de distraí-lo estava dando certo. Na verdade, convencê-lo a fazer qualquer coisa para se distrair, já era digno de comemoração.

— Você é o mais velho entre nós de Grace Field, e este é o seu primeiro aniversário que não significa "mais um ano perto para a morte", quero dizer, ainda significa isso, mas não é mais como uma data previamente marcada. — o garoto levantou uma sobrancelha — Você entendeu o que eu quis dizer. 

— Ainda temos uma longa jornada pela frente, não sei se deveríamos estar comemorando agora.

— Eu sei. Mas analise o que fizemos durante um ano. Foi um grande progresso!

O garoto tinha parado de dançar, mesmo que tudo o que passou em Grace Field House parecesse ter sido em outra vida, a última noite na fazenda e o marco do seu décimo segundo aniversário, ainda eram recorrentes em seus pensamentos.

— Apesar do sucesso da fuga, não gosto de me lembrar do meu último aniversário. — ele se virou para que Emma não conseguisse ver seu rosto.

— Dá para entender… — a cena de Ray coberto de óleo e com o fósforo na mão surgiu em sua mente.

Por que aquilo ainda lhe afetava se não podia fazer nada a respeito? Talvez esse era o motivo. No momento, só queria ficar sozinho para pensar. Não gostava de demonstrar sentimentos, mas não podia evitá-los, principalmente agora que o gatilho já foi puxado. Precisava liberar o que sentia.

— Não, Emma. Você não entende! — o garoto olhou para ela por cima do ombro com lágrimas nos olhos e finalmente se virou — Eu estava disposto a fazer aquilo! Já tinha planejado e aceitado há anos! E se Norman não tivesse descoberto, aí você não teria impedido? E se realmente eu merecia fazer isso? Essas perguntas surgem na minha cabeça de vez em quando. Depois de todos os anos sabendo o que acontecia com os "adotados", de sacrificá-los para conseguir formular o melhor plano de fuga possível. Quanto mais teremos que sacrificar? Nós… — Emma o interrompe.

— Norman lhe daria um tapa se estivesse aqui. Está baseando as coisas no "e se" e deixando a esperança e sua lógica de lado. Você pensa demais. — uma determinação ardente parece emanar dos seus olhos, combinando, de certa forma, com seus cabelos alaranjados. Ela enxugou as lágrimas dele e segurou o rosto de Ray com as duas mãos — Nós vamos salvar todos e escaparemos deste mundo! No fundo você sabe disso. Já chegamos até aqui e iremos alcançar o nosso objetivo! Então para de remoer o passado e temer o futuro, e concentre-se em viver o agora!

— Obrigado. — falou um pouco sem jeito pela situação, segurando as mãos da garota na tentativa de fazer com que soltasse seu rosto.

— De nada... Um presente para se sentir melhor. — ela sorriu e beijou-o na bochecha — Vou deixar você organizando a estante de livros agora. Boa noite! 

— B-Boa noite. — gaguejou corado vendo Emma se afastar e sair pela porta.

Aproveitou para pegar o gravador e sentou-se no chão encostado na estante. Estava confuso e pensativo. Por que teria lhe dado um beijo? Ok que foi na bochecha, mas isso foi estranho. Não que tinha sido um incômodo, pelo contrário. Por que estava pensando nisso?

— Droga, Emma. — disse em voz baixa com um leve sorriso tocando na bochecha onde estiveram os lábios da ruiva.

Ainda pensava nas palavras da garota. Ele sabia que iria até o fim deste mundo com ela. Não importa quantos perigos teriam que passar. Apesar de considerá-la como "a imprudente motivacional de cabelos alaranjados", ela era sua luz. Uma luz que emana esperança e vitalidade, inspirando a todos. E que reacendeu a chama de sua vida, no dia em que por chamas iria partir.

Notas Finais

Espero que tenham gostado! ♡

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