Capítulo 3

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Enquanto subia as escadas em direção ao apartamento, que ficava no terceiro andar de um pequeno prédio, arquitetava diversas formas de castigar Dong-Yul, ou David, não importava. Eu o mataria em todas suas identidades. Entretanto, minha raiva se esvaiu quando cheguei no corredor e vi Taeyang apoiado no batente da porta.

  Puxei  o ar para os meus pulmões, respirando profundamente, e comecei a caminhar. Tirei minhas chaves da bolsa e passei por ele, ignorando-o. Mas antes que pudesse chegar à fechadura, Taeyang agarrou minha mão, me obrigando a encará-lo.

— Por que está me tratando desse jeito? — Questionou ele. — Eu só quero conversar.

— Não temos mais nada para conversar, Taeyang. — Tentei me desvencilhar, mas ele soltou minha mão e apertou meu pulso com força.

— Você saiu daquele jeito, me deixou preocupado.

  Meu pulso começava a doer conforme ele fechava seus dedos entre ele com mais firmeza.

— Primeiro me solte, está bem?

   Ele abaixou o olhar e só então percebeu o que estava fazendo. Taeyang soltou, de repente, com uma expressão de culpa.

— Sinto muito, não quis machucá-la.

— Tudo bem, mas, realmente, você precisa ir embora. — Falei, massageando o local avermelhado em minha pele. — Hoje não é um bom dia e eu acho que já conversamos tudo o que tínhamos para conversar.

— Está bem, eu vou — Concordou ele, por fim. — Mas antes eu quero que você saiba que fui duro ao dizer que não a amava mais. É claro que ainda amo. Droga! Passamos dez anos juntos, não tem como não amá-la. Você é simplesmente incrível!

— Você não precisa fazer isso, Taeyang — Disse com a voz embargada. — Não precisa justificar o fato de você já não se sentir bem neste relacionamento. É melhor assim.

— Eu conheço você bem o suficiente para saber que não pensa assim, que só está sendo compreensiva como sempre. — Disse ele. — Você sempre coloca os sentimentos das outras pessoas acima dos seus.

— E os meus importam? — Indaguei. As lágrimas já desciam involuntariamente.

— Sim. — Confessou, com o olhar triste. — Os seus sentimentos importam para mim. Por isso estou aqui.

— O que você ainda quer de mim?

  Eu estava exausta de tudo aquilo. Queria apenas desaparecer. Não suportava mais vê-lo na minha frente. Meu coração estava completamente dilacerado.

  O olhar dele era profundo. Talvez ele sentisse pena de mim. Estava prestes a dizer algo quando a porta abriu de repente e David surgiu.

— Oh, desculpe — Falou ele, desviando o olhar de mim para Taeyang. — Não sabia que estava com visita. Por que não entraram?

— Quem é você? — Perguntou Taeyang para David.

— Sou David Lee, colega de quarto da Ye-Jin. — Respondeu David, estendendo a mão para ele.

   Taeyang não apertou sua mão, ao invés disso, me encarou com uma expressão indignada.

— Colega de quarto?

— Sim, é que David…

— Vocês parecem se conhecer muito bem — Analisou Taeyang, com um sorriso irônico no rosto. — Não vou mais incomodá-la. Já estou indo. Boa noite.

— Taeyang — Chamei, mas ele não voltou. — Merda!

  Entrei, fechando a porta atrás de mim. David me seguiu.

— Quem era… Ah, quer saber, esquece. Vamos ao que importa — Falou David, enquanto eu pendurava o casaco no hall de entrada. — Assim que acabar as reformas do restaurante, farei uma ótima reforma na sua cozinha. Eu prometo!

— Tanto faz — Disse, com os ombros caídos.

  Fui para o meu quarto e simplesmente me joguei na cama. Frustrada, triste e cansada. Nem mesmo me dei o trabalho de tirar minhas roupas.

   David parou na porta e encostou-se na parede, me avaliando.

— Isso é por causa do teto ou pelo cara que estava lá fora?

— Estou realmente cansada.

— Ele é o seu ex namorado, o que te deu um fora?

— Por que você é irritante? — Coloquei o travesseiro na cabeça, na tentativa de não ouvi-lo.

— Quer saber o que eu acho?

— Não — Respondi com a voz abafada.

  David me ignorou e sentou na extremidade do colchão, o fazendo afundar.

— Eu acho que você deve mostrar  que está muito bem sem ele.

— Mas eu não estou bem sem ele.

— Você deve sair e fazer algumas compras — Prosseguiu David. — Ir à encontros e namorar alguém novo.

— Eu não quero namorar ninguém. — Choraminguei, puxando o cobertor até a cabeça.

   David puxou o cobertor e se inclinou até que estivéssemos olhando diretamente um para o outro. Então, decretou;

— Amanhã, às dez, no shopping. O resto deixa comigo!

— Eu não quero…

— Veja isso como um agradecimento por ter me deixado ficar.

   Dito isso, ele saiu. Me deixando sozinha.

— VOCÊ NÃO PODE ME OBRIGAR! — Gritei.

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  Definitivamente. Ele podia me obrigar.

  Às dez em ponto de um Domingo frio e nublado, estávamos no shopping. Eu, claramente não queria está ali e qualquer um que me visse naquele momento podia perceber isso. Por outro lado, David estava tão empolgado que me deixava ainda mais irritada.

— Por onde começamos primeiro?

  Revirei os olhos.

— Por que você está sendo redundante?

— O quê? — Perguntou ele, confuso.

— Esquece — Disse, impaciente.

— Já sei, vamos começar pelas primeiras peças.

— Como assim?

   David me olhou de relance e sorriu maliciosamente. Tentei interpretar aquele sorriso, mas, somente quando ele me arrastou pela mão e me forçou a entrar em uma loja de lingerie, foi que entendi o que ele estava querendo dizer com as primeiras peças.

   Eu realmente. Realmente, iria matá-lo!

 Mais que amigo (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora