CAPÍTULO ÚNICO

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// Fevereiro de 2022 //

Noah suspirou pesado após tirar seus sapatos perto da porta de entrada, numa pequena sapateira só para sapatos que foram usados na rua, coisa que Josh tinha insistido para colocar ali e ele como um bom namorado tinha deixado, afinal, o que ele conseguia negar quando aqueles olhos azuis o encaravam com tanta profundidade?

Nada, a resposta era nada. Urrea sempre iria ceder a qualquer coisa que Josh dissesse. O que já tinha deixado os dois em situações bem embaraçosas como quando o canadense pediu para Noah pedir a comida mexicana de toda quinta-feira com pimenta extra pra testar uma coisa nova. Bem, Beauchamp não gostou e para não desperdiçar, Noah trocou os burritos e acabou comendo o que tinha muita pimenta.

— Josh? Já cheguei. — disse ao tirar seu sobretudo e pendurar no cavalete.

Não recebeu resposta nenhuma do namorado, o que poderia ser compreensível já que Noah tinha ignorado todas as mensagens e ligações durante o dia. Não que tenha sido culpa dele, ficou preso no estúdio das 7h até 21h, mal tinha almoçado e estava trabalhando a todo vapor no seu primeiro álbum solo. A verdade é que estava feliz, óbvio que nunca iria esquecer os anos como membro do Now United — afinal, foi o que fez ele conhecer Josh — mas sentia-se mais realizado do que nunca ao gravar suas próprias composições do jeito que ele queria.

Isso provavelmente deixou Josh cuspindo fogo. Urrea sabia que não era coisa de Josh ser possessivo, mas sabia que ele gostava de manter contato durante o dia para saber coisas triviais: se ele tinha almoçado, se estava tomando água, se estava bem ou só pra dizer que o amava. E ele, em todas as instâncias, odiava ser ignorado sem uma explicação. Não era segredo para o americano que o namorado tinha suas inseguranças e para ele estava tudo bem, ele tinha aprendido a lidar com isso e a ajudar no que podia.

Levando em consideração que não tinha respondido nada, era quase meia-noite e a casa estava toda escura, a coisa tinha pegado pro lado de Noah.

E tudo bem, ele entendia que Josh estava se sentindo sozinho. Essa tem sido a rotina pelo que, seis, sete meses? O processo de feitura de um álbum era demorado e complicado, e Noah queria estar presente em todas as etapas de produção então acabava saindo cedo e chegando tarde em casa.

— Josh?! — franzindo a testa, adentrou ainda mais o apartamento, estranhando muito estar tudo apagado, sem sinal do garoto loiro que sempre era um furacão. — Ok, boo, você está me assustando.

Suas meias tocaram o carpete macio ao que ele ia passando pelo corredor da cozinha e entrava na sala, ainda com o cenho franzido. Sentiu alguma coisa perto e os cabelos da sua nuca se arrepiaram completamente.

A primeira coisa que percebeu foi o perfume, o delicioso Malbec que Josh sempre usava e tinha se tornado sua marca registrada. Depois, sentiu as mãos espertas tocando a base de suas costas e então deslizando por dentro da camisa até chegar ao seu tórax. Beijos começaram a ser depositados em sua nuca e pescoço conforme as mãozinhas abusadas subiam pelo tronco do americano.

— Boa noite, meu bem, chegou tarde. — a voz rouca foi sussurrada bem ao pé do ouvido do moreno, enviando um arrepio completo pela sua espinha. O efeito que Josh tinha sobre si era algo que não dava pra explicar. — E você não me respondeu o dia todo, você sabe que eu fico preocupado.

— Eu sei, boo, me desculpe. — olhou por cima do ombro e sorriu para o namorado, recebendo o mesmo sorriso de volta e aqueles olhos azuis profundos. — Por que tá tudo escuro?

De um namorado fofo e saudoso, Josh se transformou naquela versão de si mesmo que deixava Noah com os nervos à flor da pele. Virou-se de frente para o loiro, para encarar o sorriso maldoso que estampava os lábios do namorado, na meia-luz. Não conseguiu evitar rir.

dance for me • noshOnde histórias criam vida. Descubra agora