Uma Só Vez

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A noite estava cheia de estrelas brilhantes. Era assim como um manto escuro que cobria a terra e que depois acendia as suas luzinhas para que os desorientados não se sentirem perdidos ou os solitários, sozinhos. As estrelas eram como luzes de presença para os corações esquecidos.

Mas aquela populosa noite iluminada ainda não estava concluída. A madrugada já ia longa quando o verdadeiro esplendor apareceu – milhares de estrelas cadentes. Pedras que caiam na atmosfera terrestre e que se desfaziam em pó deixando o seu rasto de poeira brilhante piscando no céu por um instante. E com aquele bonito fim a estrela cadente desaparecia na mancha escura do espaço milenar e era esquecida para sempre, ficando apenas como parte de mais algumas partículas espaciais.

"Eu não quero ser uma estrela cadente. Não quero brilhar apenas no momento da minha morte. Eu não quero desaparecer!"

No cimo de um telhado o rapaz de longos cabelos negros, escuros como a escuridão da noite, mantinha-se impecavelmente direito perante o revolver furioso do vento frio. Os seus olhos amarelos reflectiam o brilho das estrelas, agarradas lá em cima naquele manto escuro. Girando no universo celestial por milhares e milhares de anos, uma fonte quase inesgotável de energia. Vidas quase eternas.

"Eu não quero ser uma estrela cadente. Eu quero ser como o Sol, uma estrela permanente!"

– Então é aqui que tu te escondeste. - Não se mexeu um centímetro, sabia perfeitamente quem acabara de aparecer no telhado, não precisava de olhar para o personagem para saber quem era. Era o seu colega de cara palerma e cabelo branco.

A sua paz morrera e os seu pensamentos desapareceram. Uma irritação latente colocou o seu coração a bater mais depressa. Não queria ser interrompido. Não queria o outro ali. Precisava de estar sozinho. Queria a sua solidão. Manteve-se quieto, na esperança que o outro partisse.

"Vai-te embora! Sai daqui!" A sua vontade era mordê-lo como uma cobra e vê-lo morrer envenenado.

No entanto, alheio à sua vontade, estava o rapaz de cabelos brancos. Que se colocou a alguns metros dele observando-o descaradamente, com uma expressão completamente incompreensível. Conhecia Orochimaru desde pequeno. Tinham andado ao mesmo tempo na academia, tornaram-se gennis juntos, ficaram na mesma equipa, fizeram o exame chunnin e continuaram juntos. Mas durante todo esse tempo não era como se verdadeiramente tivessem falado um com o outro. Porém, os anos juntos já eram tantos, os acontecimentos e as situações de ajuda mutua já eram tantas, que ele considerava Orochimaru um amigo.

Lembrava-se de Orochimaru ser considerado um génio, um daqueles que aparece a cada nova geração. Em comparação com ele mesmo, que era o falhado da turma. A principio sentira inveja e ciumes. As coisas com o moreno parecia correr sem qualquer esforço, mas agora não se sentia menor por isso. O outro era um talento natural e ele a determinação de melhorar.

O que é que sabia sobre Orochimaru? Vindo dos lábios do mesmo, nada. Mas agora sabia a sua história, de como estava sozinho no mundo desde criança, o sensei contara-lhe os pormenores. Talvez este facto explicasse a sua personalidade introvertida de pensamentos inalcançáveis. Tinha agora o conhecimento de que naquela noite celebrava-se o aniversário da morte dos pais do moreno.

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