Capítulo 7

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  Eu apenas fingi não ouvir. Ele devia estar delirando, levando em consideração sua febre alta.

  Vesti a calça do pijama, de costas para ele.

— Eu quero vê-la usando aquilo algum dia — Confessou ele. Fiquei paralisada. — Por tanto, não mostre aquilo para mais ninguém.

  Passei a língua pelos lábios. Estavam tão ressacados. Vesti a blusa rapidamente e deitei na cama. Ao lado de David, de frente para ele.

— Coloque as cobertas. — Sussurrou ele, puxando o cobertor para cima. — Está muito frio.

— Você quer um pouco de água? — Indaguei, tentando quebrar a atmosfera estranha que novamente pairava entre nós.

— Na verdade, eu quero outra coisa — Disse ele, com eloquência.

   Como ele conseguia ir de completamente vulnerável para alguém capaz de me silenciar completamente.

   Por debaixo do cobertor, senti sua mão em minha cintura.

— Desde o primeiro momento em que te vi, sentimentos que eu enterrei no passado vieram a tona — Ele falou e eu prendi a respiração. — Então, quando me contou sobre o seu ex, me senti frustrado. Como ele poderia perder uma mulher tão incrível? No entanto, eu quis que você se animasse e desejei miseravelmente esquecer o que sentia por você, para que pudesse ser capaz de vê-la todos os dias sem querer tocá-la em todos os lugares possíveis. Por isso arrumei aquele encontro. Resolveria dois problemas de uma única vez. Mas agora, agora estou enlouquecendo, Ye-Jin.

   A mão de David subiu furtivamente pela minha cintura, até minha costela.

— Achei que estivesse doente — Murmurei, com a respiração ofegante novamente.

— Considere isso o sintoma mais grave.

   David ultrapassou o limite que havia entre nós. Quebrou as frações do espaço e do tempo, ignorou todas as leis da física, quando seu corpo se encaixou perfeitamente sobre o meu. Os lençóis se enrolando entre nós, nossas pernas se entrelaçando. David acaraciou meu rosto, olhando no fundo dos meus olhos. Com um brilho de desejo e paixão.

   Seus lábios se aproximaram devagar dos meus. Fechei os olhos, me entregando por completo para ele. Senti o peito de David subir e descer rapidamente sobre mim. Ele estava tão ansioso quanto eu.

   Mas, então, de repente, ele virou para o lado velozmente e vomitou. De novo. Ele estava vomitando. Enquanto eu permanecia deitada, com os olhos fechados. Um misto de náuseas e excitação se misturavam dentro de mim. E aquela era a sensação mais excêntrica que já havia conhecido.

*
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  Adormeci rapidamente após aquele incidente. Pela manhã. Os raios solares ultrapassavam o tecido fino da cortina. A cor vermelha do tecido recendia em todo cômodo. Eram sete da manhã. David dormia tranquilamente. Sua febre havia baixado, mas ainda estava febril. Levantei com cautela, para não acordá-lo e sai do quarto na ponta dos pés.

   Na cozinha, liguei para Nari, minha secretária.

— Bom dia! Cancele minha agenda para hoje. — Disse para ela. — Surgiu algo importante. Irei tirar o dia de folga.

— Entendi, diretora de departamento. — Respondeu Nari.

  Desliguei.

  Um suco de laranja faria bem para ele. Por isso, cortei algumas e comecei a espremer. Enquanto fazia isso, as lembranças da madrugada passada me vieram à mente. O que diabos eu estava pensando?

  Gemi, envergonhada. Frustrada. Envergonha. Chateada. Envergonha…

  Deus, eu estava tão envergonhada que mal era capaz de lidar comigo mesma.

   Mas e quanto a ele? O que deu nele para agir daquela maneira? E todas aquelas coisas ditas e…

  David entrou na cozinha. Minha expressão deveria ser uma completa bagunça, pois ele me encarou como quem diz "O que raios você está fazendo?"

— Oh, você acordou? — Endireitei os ombros e desfiz a expressão estranha. — Estou fazendo suco de laranja.

— Devo ter dado um pouco de trabalho para você noite passada — Disse ele, se aproximando. Os meus batimentos cardíacos aceleraram. — Sinto muito, não achei que aquilo pudesse acontecer. E obrigado por cuidar tão bem de mim.

  Ele realmente não lembrava do que havia acontecido noite passada ou estava apenas fingindo que nada aconteceu? O que eu devia fazer, questionar ou também fingir que não aconteceu nada? Aquilo era tão difícil!

— Você se sente bem? — Perguntou ele. — Parece um pouco fraca. É possível que também tenha adoecido?

— Não, eu definitivamente não adoe… — Um Espirro involuntario saiu antes de completar a frase.

— Você esteve muito perto de mim. — Observou ele. — A próposito, onde você dormiu?

— Com você. — Disse, incapaz de encará-lo.

— Jura?

— Sim. — Terminei de espremer as laranjas e entreguei o copo para ele. — Beba tudo, em seguida tome um banho. Você está fedendo.

   Sai apressada da cozinha. Precisa de fôlego. Fui até a pequena varanda que ficava na sala e abri as portas de vidro. Uma brisa leve e gélida entrou na casa. Espirrei novamente. Essa não. Eu havia realmente adoecido?

   Fechei as portas e fui para o meu quarto.

  Tirei todos os lençóis e fronhas da cama. Estavam com o forte odor de vômito.

  Enquanto colocava  novos cobertores. David adentrou o quarto com uma expressão séria.

— Ye-Jin — Falou ele, enfatizando meu nome. — Eu cometi um grande erro!

 Mais que amigo (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora