Family

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Michael P.O.V

Ela se foi tem um ano.

Mora em uma zona mais afastada de uma cidade francesa. Elle está crescendo como nunca e me dói muito tê-las longe de mim, perder os momentos mais importantes é insuportável.

Mesmo voando para pegá-la todos os fins de semana, eu percebo que Lisie está cada vez mais distante, e minhas esperanças de tentar conquistá-la estão se esgotando. Ela abriu um pequeno bistrô e trabalha muito, quase nunca responde as mensagem que envio em uma tentativa de jogar conversa fora.

Eu ferrei as coisas há seis meses, quando sumi por outros seis.

Acabo de estacionar o carro, parando no portão. Vejo-a estender roupas no varal do quintal e Elle bater palminhas para algumas borboletas que voam ao seu redor, tão angelical que me faz duvidar que fui eu quem ajudei a fazê-la.

Ela me vê e começa a caminhar, as pernas curtinhas ansiosas para chegar até mim. No meio do caminho o cachorro, Quack, a faz se desequilibrar e cair. Eu disparo e a pego no colo, vendo as lágrimas rolarem pelas bochechas e os braços pequenos apertando-se envolta de meu pescoço enquanto limpo a terra que sujou sua jardineira.

- Não foi nada meu amor, já passou. - acaricio suas costas, ouvindo-a fungar.

- Ela se machucou? 

Liesel procura por algum sinal de ferimento, mas nego com a mão.

- É tudo manha por causa desse pai feio, não é. - ela provoca, roçando narizes e sorrindo.

Elle ri também, me abraçando mais forte.

Eu a coloco no chão novamente e ela puxa minha calça, apontando para dentro de casa. Me aproximo e toco os lábios de Lisie de forma suave, mas um clima constrangedor parece ter se instalado. Eu sigo nossa filha, com Lisie em nosso encalço.

Vejo Elle pegar um urso de pelúcia que eu mandei alguns dias atrás.

- Você gostou? - pergunto, olhando-o.

- Ela não desgruda desse urso, eu estou ferrada se não achá-lo na hora de dormir. 

Sorrio, vendo-a nos observar.

- Fe-a-da. - repete Elle.

- Não diga isso meu amor, é feio. 

Meu coração dispara, pensando em quantas coisas ela repetiria a partir dali.

- Fe-a-da. - ela fala de novo, rindo.

Liesel suspira, derrotada.

- Faz uma semana que ela começou a repetir as coisas que eu digo, tenho que me policiar muito. 

Olho-a de canto.

- Vai levar Elle hoje? - pergunta ela.

- Não, tenho algumas coisas pra resolver em Paris. 

- Ela vai ficar furiosa, odeia quando você vai embora.

E eu odeio deixá-las...

- Quem sabe eu a levo comigo, ficamos em um hotel.

Lisie retorce as mãos.

- Ou volta pra cá, passa o fim de semana aqui e aproveita ao máximo com ela. - dando de ombros, ela me olha. - Deve ser um inferno ter que ficar naquele jato o tempo todo sem poder brincar.

Coço a testa.

- É, ela realmente fica bem cansada. 

- Leva ela junto e depois volta, vai ser bom pra gente.

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