Vizinhos

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Sina

Quando acordei no sábado de manhã percebi que meu dia não ia ser nada tranquilo, escutei barulho de um caminhão na rua e caixas sendo arrastadas na casa ao lado, os donos antigos se mudaram após o filho deles Noah ganhar uma bolsa de estudos numa escola de música em Nova York. Noah... eu era apaixonada por ele desde pequena, mas ele só me trouxe problemas, sofrimento e desilusão. Foi o passo 1 pra eu entrar em depressão. Quando soube que ele iria mudar de estado eu respirei aliviada. Lembra quando eu falei que tinha gostado de um garoto e havia sido iludida por ele? Pois bem esse garoto é o Noah e mesmo eu não querendo eu tinha raiva dele.
Oque me tirou dos meus pensamentos foi minha mãe batendo na porta

-Sina querida? pode vir aqui um instante?

Bufei, abri a porta e saí do meu quarto ainda de pijama. Minha mãe me disse:

-Hoje, como você já deve ter percebido, os vizinhos novos chegaram. Eu já fui falar com eles e convidei eles para um jantar aqui em casa, então...-revirei os olhos já sabendo o que ela iria falar- quero sua ajuda e que, por favor, você tenha um pouco de paciência com eles. A filha dos vizinhos tem a sua idade ela é super simpática, espero que goste dela. E lembre-se de ser gentil com eles, ok?

Respirei fundo

-Ok, mãe

Ela sorriu e foi pra cozinha enquanto eu voltei pro meu quarto trocar de roupa. Vesti um shorts e uma camiseta de manga comprida pra tampar os cortes que ainda estavam com curativo, me olhei no espelho e a garota que eu vi não parecia nada com a sina antiga. A sina que tinha amigos, a sina que tinha um amor, a sina que gostava de viver. Em vez dela eu vi uma sina que sofria em silêncio, que sentia raiva alheia, que não tinha ninguém em que podia confiar. Você de pensar:
"Ah mas você tem seus pais, certo?". Certo, mas mesmo assim não podia contar a eles que eu tinha esse lado escuro. Eles acham que eu entrei em depressão porque meu "melhor é único amigo" Noah Urrea se mudou...
Estão muito enganados. Já sofria bem antes dele se mudar e ainda hoje sofro todos os dias. Nem sei como aguentei todo esse tempo. Mas enfim, não podia confiar em meus pais pra contar que eu cortava os pulsos, ou que quando eu comia, eu vomitava tudo pois o sentimento de culpa era terrível. Da última vez que entrei no assunto dizendo que uma garota da United school fazia isso (mentira) eles falaram que "se a menina for tão amada para os pais não perceberem isso ela devia se matar logo, ou então então procurar uma clínica ela mesma". Engraçado não...? Me doeu tanto ouvir aquilo que decidi não revelar nada a eles. Meus pensamentos foram interrompidos pela segunda vez:

-Sina, querida? vem tomar café da manhã, já está na mesa.

Suspirei.

-estou indo, mãe.

Desci até a cozinha e me sentei na mesa.
Comi pouco ultimamente minha fome era rara. Depois do café, quando eu ia voltar para o meu quarto minha mãe (que nunca me dava sossego) disse:

-Você poderia levar essa cesta para os vizinhos novos? Eles comentaram que faltavam alguns mantimentos e eu queria presenteá-los

Concordei com a cabeça odiando cada palavra que saia da boca da minha mãe.

-claro que levo, mamãe.

Ela sorriu e eu peguei a cesta. Fui até fui até a casa do lado e a lembrança de Noah tocando violão na janela passou pela minha mente. Bati na porta e logo uma garota abriu .
Minha mãe devia estar se referindo a ela. Ela tinha cabelos cacheados , era magra, olhos escuros e era muito, muito bonita. Aparentava ter 17 anos também. Ela sorriu, mas eu disse odiando novamente cada palavra.

-oi, eu sou a Sina, sua vizinha.
Minha mãe pediu para entregar essa cesta.

A garota pegou a cesta da minha mão sorrindo e disse:

-muito obrigado, Sina, prazer em conhecê-la. sou a Any.

Ela estendeu a mão pra mim,
Mas eu não a peguei. Só concordei com a cabeça e antes de sair andando disse:

-bem-vinda a vizinhança.

Voltei para minha casa e minha mãe já começou a falar

-porque você não cumprimentou ela? Sabia que ia ser mal educada!!

Então ela havia me mandado ali só pra ver como eu ia reagir.
Senti o ódio crescendo dentro de mim.

-pra sua informação eu fui mais educada do que gostaria

Dei as costas e me tranquei no quarto.
Foi um erro eu ter aberto a janela pra respirar. Porquê? Por que o quarto antigo do Noah tinha a janela de frente pra minha.
Apenas dois metros de distância uma da outra. E aquele quarto foi ocupado pela garota que me atendeu. Any. Ela também estava tomando um ar. Quando me viu abriu um sorriso lindo- tenho que admitir - mas eu não estava muito no clima de coisas felizes, então dei apenas um sorrisinho amarelo e quando ia saindo da janela ela disse:

-espere! Posso conversa com você? 

Voltei a janela e respondi: 

-você vai jantar aqui em casa, lembra? Depois conversamos. 

Sai da janela me arrependendo das palavras que havia dito. Porque deu a entender que eu queria conversa com ela e eu não queria.

MihMaracuja

𝑪𝒖𝒊𝒅𝒆 𝒅𝒆 𝒎𝒊𝒎-𝐬𝐢𝐚𝐧𝐲 [CONCLUIDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora