O destino é um senhor emburrado, constatei. Ele espera sempre que todas as coisas saiam exatamente como ele quer. Não há como prever ou mudar. Mesmo que decidamos partir para outro país ou até mesmo outro continente. Não adianta fugir das coisas que estão destinadas a acontecer.
Duas semanas depois, a festa de inauguração do restaurante estava acontecendo. Haviam tantos convidados. Dentre eles, alguns colegas antigos da época do ensino médio. Fiquei surpresa ao descobrir que eles não se sentiam surpresos ao ver Dong-Yul e eu juntos.
Lembrei-me de fatos que passaram despercebidos a anos atrás. Que, somente naquela tarde, descobri por meio dos nossos colegas.
— Dong-Yul comprou flores para você nos dias dos namorados — Falou Dong-Su, uma de nossas amigas. — Ele ia se declarar para você. Mas então, Park Min foi mais rápido.
Ao meu lado, Dong-Yul se contorcia de vergonha. Tentando transmitir com o olhar a mensagem para que ela se calasse.
Eu estava rindo, mas, por dentro, me sentia culpada.
— Eu era incrivelmente desatenta — Disse. — Nunca percebi que Dong-Yul me admirava em segredo.
— Ele era reservado — Falou Bong. Um outro amigo. — Além do mais, vocês eram amigos. Ele tinha medo de estragar tudo.
Por dez anos, Dong-Yul alimentou um sentimento unilateral por medo do que eu iria pensar se descobrisse.
Por debaixo da mesa, apertei sua mão. Dong-Yul entrelaçou nossos dedos. Como quem diz "Está tudo bem, não tem porquê se preocupar."
— Fiquem a vontade. Mandarei o garçom servir o que desejarem — Disse Dong-Yul, se levantando e me levando consigo.
Fomos até o jardim e caminhamos de mãos dadas entre os arbustos.
— O que você acha? — Ele perguntou. — Agora terei dinheiro o suficiente para comprar o meu próprio apartamento.
— Isso é muito bom! — Exclamei, animada. — Mas confesso que sentirei sua falta em casa.
— E se você vier morar comigo?
Suspirei, pensativa.
Estávamos namorando por apenas alguns dias. Ainda que David e eu tivéssemos dividido a mesma casa, era apenas como amigos e agora… agora ele era mais do que um amigo. As coisas haviam tomado outro rumo em nosso relacionamento.
— Dong-Yul, eu…
— Eu estou brincando. — Interrompeu. — Você não precisa se sentir pressionada. Tome o seu próprio tempo.
Dong-Yul me abraçou e completou:
— O importante é sempre tê-la ao meu lado. De preferência, usando a lingerie amarela.
Me afastei e dei um leve soquinho em seu ombro. Olhando ao redor, para ter certeza de que ninguém mais havia escutado.
— Dong-Yul! — Falei, envergonhada — Você está travesso demais.
— Assim que acabar a festa de inauguração. — Ele pegou novamente em minha mão e voltamos a caminhar. — O que acha de comermos Tteokbokki com soju?
— Não acho uma boa ideia — Disse. — Meu tapete é novo e da última vez foi bem difícil tirar a mancha.
David riu.
— Você sabe o que fez da última vez, além de vomitar em todo tapete e dormir em cima dele em seguida?
Ruborizei.
Não acredito que Dong-Yul realmente presenciou essa cena deplorável.
— O que mais eu fiz?
Paramos um de frente para o outro. Dong-Yul segurou minha outra mão e as acariciou.
— Você disse que me amava.
— Eu não disse isso. — Rebati
— Disse sim — Insistiu ele. — Você disse "Eu te amo, David. Eu não amo aquele lixo do Taeyang".
— Eu tenho certeza que não disse isso.
— Então por que não diz agora?
Arregalei os olhos. Eu não sabia como dizer aquilo, principalmente com David me encarando daquela maneira. Esperando por uma resposta.
Talvez eu tenha ficado em silêncio por tempo demais. Tempo o suficiente para que ele se arrependesse e sentisse vontade de retirar suas palavras. Ele soltou minhas mãos e voltou a caminhar, mas, dessa vez, sem mim. Um pouco distante, ele virou e disse:
— Você não precisa dizer isso. Eu sei que estou em seu coração e isso já é o suficiente. Além do mais, temos a vida inteira para falar...
Olhei para ele e ele para mim. Nos encaramos por longas frações de segundos. Estávamos ligados de uma maneira inimaginável. Em tão pouco tempo, Dong-Yul havia conseguido fazer o que alguém não foi capaz durante dez anos.
É, definitivamente, o destino tinha uma maneira peculiar de agir.
Sorri, agradecida. Meu coração estava em paz.
Corri até ele e o beijei. Não importava quem estivesse nos observando. Para mim, éramos apenas nós dois.
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Mais que amigo (COMPLETO)
RomanceYe-Jin estava planejando pedir seu namorado, após dez anos de namoro, em casamento. Ela havia planejado tudo, desde o restaurante até às alianças. Mas não contava que ele pudesse deixá-la horas antes de isso se tornar realidade. David é seu melho...