Capítulo 8 - Fernando

151 14 1
                                    

Fiquei inquieto, andando de um lado para o outro. Um leve pavor me tomou só de imaginar o que aquele homem resolveu fazer a essa hora da noite na casa da Marina depois de eles terem se encontrado no mercado.

Marina demorou, mas eu não queria ser um perseguidor, não queria parecer um lunático alucinado. Quando ela me ligou duas horas depois eu atendi me contendo para não transparecer a necessidade de saber o que aconteceu.

– E então, como você está? – Perguntei.

– Sabe, assim que ele fechou a porta eu senti como se um peso enorme saísse de cima de mim. Eu chorei muito.

Eu sabia desde o momento em que ela disse alô com a voz entupida.

– E ele?

– Ele está sofrendo. Mas agora eu tenho que pensar em mim.

– Claro. É um bom momento para pensar em você mesma.

– Sabe, eu adoraria que você estivesse aqui para poder me abraçar e me ajudar a ficar calma. Se falando comigo você me faz ficar assim, imagine o dia em que você me abraçar.

Quando ela disse isso o meu coração doeu um pouco e a minha vontade de apertá-la em meus braços se tornou quase insuportável.

– No dia em que eu te abraçar pode ter certeza de que também será magnífico para mim.

– Nós vamos um dia nos encontrar? – Ela perguntou.

– Claro que vamos.

– Isso me conforta muito, sabia?

– Me conforta muito também.

Marina parecia realmente cansada.

– Quer ir para a cama? Eu te acompanho. – Falei e ela concordou.

Marina colocou no viva-voz e eu ouvi tudo o que ela fez. Quando abriu a torneira para escovar os dentes, o som da escovação. Mas ela me tirou do banheiro para poder fazer xixi. Ela disse que eu fiquei esperando no quarto em cima da cama.

– Já está deitada? – Perguntei.

– Sim. – Ela respondeu com a voz fraquinha.

– Agora sinta como se eu estivesse aí com o corpo colado ao seu, mexendo em seus cabelos. Eu estou deslizando o dedo pelo seu rosto, pelo seu nariz e agora estou tocando levemente os seus lábios. – Ouvi quando ela sorriu. – Agora estou beijando sua têmpora e distribuindo beijos pelo seu rosto.

– Eu estou quase dormindo.

– Dorme, Marina. Pode dormir eu estou aqui.

– Sim, e isso é tão bom.

E eu ouvi sua respirar pesada do outro lado da linha.

Fui dormir com a sensação de toda aquela narrativa. Da pele sedosa dela sob os meus dedos depois a textura gostosa do rosto dela nos meus lábios.

De manhã acordei com as meninas fazendo barulho na sala.

– Bom dia, minhas filhotas. – Falei e as duas abriram sorrisos enormes para mim.

– Bom dia, papai. – Responderam em uníssono.

– Já tomaram café?

– Sim, a Jéssica fez café para nós duas. – Talita respondeu e eu dei um sorriso agradecido à minha filha mais velha.

Ficamos boa parte da manhã jogados no sofá assistindo TV.

– Pai. Quem é a mulher com quem você está conversando? – Jéssica me perguntou.

Amando NovamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora