O fim do símbolo da paz

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Tomura foi útil em emprestar um par de fones ao Midoriya, que colocou no volume máximo para distrair sua mente. A música que escolheu era calma e melancólica, assim como seu espirito se sentia.

Na sua frente a sala foi arrumada por Toga e os outros vilões. Todos pareciam animados, sorrindo e falando coisas que não conseguia ouvir. No canto da sala, presos em cadeiras estava sua mãe, o pai de Bakugou, Mirio e Eri. As pessoas mais importantes na sua vida acorrentadas e amordaçada, todos reunidos para o show que viria. Era óbvio que a presença deles era um aviso, para que não tente nada imprudente.

Quando a hora chegou, uma cadeira foi posta na frente da câmera. O herói número um entrou pela porta e se sentou, parecia bem calmo para uma pessoa que seria morta. AFO chegou caminhando com calma, um sorriso brilhante nos lábios. O homem retornou a sua antiga aparência, cabelos semelhantes ao de seu filho com diferença na tonalidade branca. As sardas em suas bochechas, que anteriormente sumiram pelas cicatrizes, estavam de volta. Olhando agora, os dois eram mesmo como pai e filho.

Ao ver o homem, Inko ficou assustada e começou a chorar. Anteriormente não entendeu o que estava acontecendo, e não compreendia o motivo de seu filho estar próximo dela mas não tentando ajudar. Agora sabia que era culpa desse homem, o mesmo homem que anteriormente a convidou para ser a rainha do mundo. Para algumas pessoas isso parecia algo romântico, mas Inko sabia que era real, que seu marido desejava o mundo. E para conquistar isso, sacrificaria qualquer pessoa, até seu próprio filho.

Ao sentir o olhar triste e feroz de sua antiga esposa, o vilão a olhou com um leve sorriso. Parecia satisfeito de vê-la tão desesperada.

Midoriya ainda estava de fone, totalmente concentrado na música. Não queria pensar, não podia pensar. Sua mente estava um bagunça, e logo precisaria atuar na frente da câmera e tirar a vida de All Might. Pouco se importando para como seu filho se sentia, AFO tirou seu fone.

— Está na hora, todos estão aguardando. — Falou com voz risonha.

Midoriya não respondeu, inspirou fundo e levantou-se. As roupas que vestia foram escolhidas por Toga, se tratava de uma camisa social preta e gravata, o antigo uniforme foi rasgado e colocado sobre seus ombros como um espécie de capa. Como planejado anteriormente, puxou o gorro de sua capa, que se assemelhava com o cabelo de All Might, sobre sua cabeça. Os lábios se curvaram esboçando forçadamente um sorriso, que parecia triste e sem vida. Com isso, a câmera foi ligada.

Na sala de Endeavor, checando os cadernos de Midoriya, Bakugou conversava com Uraraka que estava sentada em sua cadeira de rodas. A televisão passando notícias no fundo de repente ficou preta, Uraraka olhou com curiosidade, antes que pudesse perguntar o motivo disso viu o rosto de Izuku.

— Saudações, Japão. — o Jovem se curvou para a câmera.

A voz inconfundível de Midoriya chocou Bakugou. A imagem da pessoa que mais deseja ver estava diferente, parecia obscura e triste. Mesmo que o menino ainda não tivesse falado nada demais, já sentia seu coração apertado. O desespero o inundou de tal maneira que nem o ar entrou em seus pulmões. A sensação de ter algo preso em sua garganta não permitiu que sua voz saísse, só lhe restou dar um grito mudo de total desesperança.

— Hoje vamos comemorar o início da nova era. — Izuku sorriu, parecendo calmo — E para esse evento importante, chamarei um convidado especial, o antigo herói número um: All Might! — O garoto riu animado e se afastou da câmera, revelando o senhor magro acorrentado a uma cadeira — Vamos, sorria para as câmeras, número um! — O jovem chutou a perna do herói, que ergueu a cabeça revelando seu rosto magro coberto por feridas e sangue.

Olhando a televisão pela vitrine de uma loja, Shinsou sentiu todos os pelos do corpo em pé. Com urgência, pegou seu celular na intensão de ligar para a agência, mas viu que a tela estava preta, o vídeo de Izuku rodando. Sem saber o que fazer, correu pelas ruas em direção ao prédio, precisavam dar um jeito de localizar a fonte da transmissão o mais rápido possível. Ao seu redor, todas as pessoas estavam em silêncio, concentrados na mensagem dos vilões. Uma garotinha começou a chorar ao ver o homem magro machucado, o reconhecendo como o famoso herói numero um. Shinsou sentia seu estômago revirar, algo muito ruim estava para acontecer e talvez fosse impossível de impedir.

— Eu tenho uma pergunta para o povo comum. — O garoto sorriu sadicamente — Vocês sabiam que o All Might foi sequestrado? Ou seus amados heróis esconderam isso? Oh? Não me diga que vocês estavam no escuro? Não se preocupem, eu estou aqui para ajudar vocês! — o garoto falou naturalmente, como se tivesse conversando diretamente com as pessoas e ouvindo seus pensamentos — Minha missão hoje é apenas dar início a nossa guerra. Os inocentes, pessoas boas que não sabem o que esta acontecendo, vocês devem se retirar das ruas nos próximos dias. Não é nossa vontade exterminar vocês, apenas os “heróis” — o garoto fez aspas com as mãos — e o governo. Tenho certeza que no momento o povo da alta sociedade já esta preparando sua fuga, mas não fiquem com medo. Temos olhos em todos os lugares, ninguém vai conseguir fugir. Oh? — o garoto viu seu celular vibrar, então ele riu antes de mostrar para a câmera — Eu não disse? Dois helicópteros explodiram magicamente no céu.

No último andar de um prédio, onde acabou de realizar uma missão com Endeavor e Iida, Todoroki assistiu a projeção do holograma no prédio da frente. O medo que sentiu ao ver aquilo era indescritível, o vento batendo em seu rosto parecia mais frio que o normal, precisou segurar o próprio corpo que tremia sem parar. Era impossível. Midoriya não seria capaz de matar ninguém, então qual era a da expressão no rosto dele? Tudo estava errado! Aquilo era uma cópia! Precisava ser um cópia! Isso... não pode ser real.

— Acho que devo um explicação aos meus colegas de classe. — o jovem sorriu para a câmera — Mas, antes disso, gostaria de perguntar uma coisa: Por quê? Qual o motivo de apontarem e me chamarem de traidor? É tão fácil acusar alguém... vocês são copias tolas dos heróis profissionais. Estou decepcionado. — Os olhos verdes do garoto estavam nublados de dor e desprezo — Nunca imaginei isso de vocês. — Midoriya gargalhou, lagrimas grossas escorrendo pelas bochechas — Eu fui um tolo. Me sacrifiquei por vocês, estou ate agora sendo esfaqueado pelo bem de vocês, e o que eu ganho? Nem um obrigado vocês me oferecem! Haha! E ainda querem saber o motivo de eu “trair” vocês, arrogantes! Eu não devo nada para ninguém, pelo contrário, são vocês que me devem!

— Chega, Midoriya. — A voz rouca de All Might o parou — Apenas me solte, vamos para casa, eu o protegerei.

— Proteger? Pro-te-ger? — Midoriya soltou uma risada abafada — Patético! Você não consegue se salvar, como poderia salvar outra pessoa?

— Por favor... — All Might murmurou.

— Cale a boca! Não acredito que a pessoa que eu admirei por anos esta implorando para viver, isso é um desgosto! Eu não consigo mais olhar seu rosto, melhor acabarmos com isso. — Midoriya saiu do foco das câmeras e voltou com uma faca — Suas últimas palavras?

— Desculpe por te forçar a isso, meu garoto. — All Might murmurou, um sorriso carregado de lamento nos lábios.

As mãos de Midoriya, que seguravam o ombro de All Might, tremeram demonstrando sua profunda melancolia e falta de esperança. A câmera não conseguiu capitar o gentil garoto sofrendo, mas Midoriya parecia reprimir uma dor intensa, como se estivessem esfaqueando seu coração milhares de vezes sem descanso.

O herói numero um, por outro lado, se sentia culpado. Morrer era o caminho mais fácil, a pequena dor que sentiria não chegaria nem aos pés do que atormentaria seu discípulo. Se sentia fraco e culpado por não poder protege-lo. E, ao mesmo tempo, aliviado por não precisar pensar mais sobre essas coisas.

— É uma honra. — Midoriya respondeu de volta com um tom indiferente, sua faca firmemente cortou pescoço do herói.

Quando o homem parou de se mexer, tendo se afogado no próprio sangue, a transmissão foi cortada. Tudo voltou ao normal.

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Arco final chegou com voadora na cara... E ai, paz e tranquilidade, meu povo? É a primeira vez que faço notas finais aqui, creio eu?

Primeiramente, me desculpem pelo sofrimento sem fim! Kkkkkk

Eu gostaria de avisar que talvez demore um pouco mais as próximas atualizações. Agora a guerra começou, e não sou boa com descrições de lutas. Então, paciência com essa humilde mortal!

Oh, antes que me esqueça! Gostaria de agradecer a indicação de Glisboa com o clipe "I have question- Deku villain" e indicar que vocês dêem uma olhadinha, foi um boa inspiração! (Até ouvi a música enquanto escrevia.)

É isso, até a próxima!

Não me deixeOnde histórias criam vida. Descubra agora