13° Torta de maçã-Parte 2

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Oioioi! Como vão?

Quero pedir desculpas pelo capítulo curto, no momento acredito que estou passando pelo temível bloqueio criativo, mas consegui escrever um pouco (esse capítulo).
Enfim, boa leitura! ❤️

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Observo a face das pessoas ao redor da grande mesa de pedra escura. No centro da mesma, diversos papéis com tonalidade amarelada estão espalhados de forma desorganizada, se misturando com taças de vinho caídas, restos de comida e teias de aranha. A agonia sobe lentamente pelo meu pescoço, indivíduos demais na pequena caverna. Vozes demais. Com as entradas distantes, o ar é pesado, úmido e quente.

As vezes parece que o calor corporal de outras pessoas se mistura com o meu, puxando, se infiltrado lentamente, como parasitas procurando alcançar o controle.
Esfrego as unhas com calma pelo pescoço, se divergindo da sensação que sinto, ele se encontra livre de suor, não há nenhuma mão o segurando, não há insetos ou sangue. Apenas encontro o pulsar rápido e ritmado.

Subitamente, começo a com dificuldade para respirar, me apoio em uma longa cadeira a minha esquerda, enquanto puxo o ar com força. Minha garganta se fecha, ceifando minhas árduas tentativas de não ser observado, algo impede a passagem de oxigênio. Ínicio a tossir, tento não me importar com todos os olhares direcionados a mim naquele momento. Minha cabeça dói arduamente, em um formigando que se cessa por sublimes momentos e volta com ainda mais intensidade. Tudo começa a girar, minha visão se torna embaçada, como se uma fina camada de pele abraçasse meus olhos, me cegando.

Alguém toma o controle.

Sou jogado para o fundo de minha cabeça, onde um furacão de fragmentos se rebate contra mim, açoitando minha pele. Olho para meus pés, eles são os mesmos, as roupas são as mesmas, o lugar é o mesmo. Não estou no comando... novamente.

"Você deveria acabar com isso logo" Sussurra uma voz feminina nos meus ouvidos. Me viro para trás, a procura da mulher. Não encontro ninguém além da parede rochosa.

"Faça. Faça. Faça. Faça." Rebate outra, enquanto o som é expandido como eco.

"Rápido, podemos fazer isso. Faça!" Grita alguém, se distanciando, como se fugisse.

"Só acabe com a dor, você não merece a vida. Faça, se mate logo"
Diferente das outras, a voz é infantil, beirando o masculino e o feminino, seu timbre é cansado, doloroso, apenas um murmúrio no meio de tantas outras.

"Precisamos disso, você sabe." Fala um homem com tom sério, uma ordem, uma ruptura, um clamor ao seu soberano.

—S-senhor? Você está pálido... precisa de algo?—Pergunta uma jovem mulher, ao colocar a mão no meu ombro, com carinho e apreensão.—Tome um pouco de água, aqui.—Ela empurra em minha direção a taça transbordando com o líquido transparente.

Seguro o vidro ainda sem ar.
Vejo um reflexo no mesmo, a marca das unhas como crateras na bochecha. Um olhar me encara, vazio, como um deserto. Simultaneamente, um sorriso também é refletido, na verdade, não um sorriso...um mostrar de dentes. Uma ameaça. O antecessor do ataque.

"Faça." Gritam em uníssono.

Sem pensar duas vezes, puxo com uma das mãos os cabelos pretos da jovem, ela me olha com pavor, surpreendida, gritando e me estapeando. Com a mão direita, impulsiono a taça contra seu rosto. A mesma se espatifa, penetrando lentamente os cacos na pele clara, o sangue se mistura com a água e escorre por meus braços. Gosmento, quente e certo. Ela chora, seus dedos tão enfincados na pele da barriga, que rasga o longo e alegre vestido rosa florido.

—Senhor...o que está fazendo?— Levanta um homem, com olhar petrificado, como se quisesse me impedir. Não perco meu tempo o respondendo, só lhe lanço um olhar de aviso, o mesmo se afasta, sentando novamente. Direciono o leve corpo para uma das paredes com facilidade.
Mudo o local de aperto, soltando-a no chão, a mesma se arrasta, chorando. Me abaixo e pego seu pescoço, a levantando do chão. Sem muito esforço, a jogo contra as paredes. Me surpreendendo, ela não desmaia imediatamente, me sinto confrontado.

Com passos largos me aproximo dela, pego sua cabeça novamente, recebo chutes, arranhões, mas não me importo. Bato uma, duas, três vezes seu crânio contra as rochas. Seu corpo finalmente desliza inerte pelo chão, umedecendo tudo ao redor com pedaços de cérebro, enquanto seus olhos sem vida observam o nada.

Bato os dedos uns contra os outros, como se retirasse resquícios de poeira. As vozes se calam, finalmente.
Me aproximo na mesa ao ajeitar o casaco. Todos engolem em seco, o silêncio predomina o ambiente. Estranhamente, o calor de outrora se foi, junto com a falta de ar.

—Certo, cavalheiros—e damas, digo ao olhar para duas senhoras loiras e gêmeas no canto.—Acho que agora podemos continuar nossa reunião.

[...]

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