13 de Março de 2014
A chuva era intensa e mais sonora que os choros emitidos pelas pessoas presentes naquele local. Chorava-se a morte de um homem lutador e honrado. Era um dos homens da família e um dos mais respeitados. Um guerreiro, um amigo fiel que ajudava os seus e todos os outros independentemente da relação que tivesse com os mesmos.
Estávamos todos vestidos casualmente com fatos e vestidos pretos honrando em silêncio o soldado falecido que perdeu a sua vida de uma das piores maneiras possíveis.
Ouvia-se os gritos do comandante que exprimiam frases decoradas intencionado ordens aos soldados para, ordenadamente, fazerem os últimos três disparos pelos falecidos. Todos os militares sobreviventes e presentes naquele local passaram pelos caixões pousando a sua mão direita sobre os mesmos deixando assim agradecimento e gratidão por todos estes honrados e corajosos militares falecidos terem representado o seu país. Todos os caixões estavam abertos com os devidos corpos dentro dos compartimentos mas havia um caixão que não seria aberto. Era o caixão que guardava o corpo da alma pela qual eu e mais pessoas choravam. O exército não fez questão de abrir o compartimento pois a imagem daquele soldado estaria desfeita. No ataque, a base onde os soldados se encontravam, houve um bombardeio no qual este militar teria sido parcialmente atingido pela explosão que queimou 80% do seu corpo. Não resistindo aos ferimentos o soldado acabou por falecer, o que está a deixar dor a toda a gente, especialmente à sua família, à qual eu pertencia. Eu não era, geneticamente, desta família mas este homem marcou a minha vida para sempre. Ele mostrou-me o significado da palavra família o que fez com que ele fosse uma das pessoas mais importantes para mim.
A cerimónia estava prestes a acabar e todos os que sofriam despediam-se fisicamente dos militares falecidos. Obviamente eu e a família só nos limitava-mos a prestar atenção ao caixão onde estava o homem que em tempos alegrava os nossos dias. O seu caixão descia lentamente para dentro do buraco que foi feito para o seu corpo ser guardado, os choros das pessoas começavam, agora, a ser mais audíveis visto que a chuva caía agora com menos intensidade. Deixávamos agora as últimas frases e os últimos ramos de flores que iriam ser enterradas juntamente com o corpo e a caixa que o revestia.
Passaram-se trinta minutos e a maioria das pessoas já se tinham ido embora, a maior parte da família do militar, por quem eu chorava, já se tinha também ido embora à excepção da sua irmã que, por razões óbvias, não parava de chorar ao ver que o seu irmão estaria agora debaixo de terra. Não conseguia aguentar vê-la em total sofrimento.
- Está tudo bem... - disse eu, numa tentativa de a acalmar enquanto me aproximava lentamente dela para a abraçar. O choro tornou-se mais forte quando os meus braços envolveram o seu corpo o que me fez pensar se fiz bem em ter-lhe dito aquilo.
- Anda, vamos para casa, estamos a ficar encharcadas. - disse-lhe eu de mulher para mulher.
- Eu quero ficar aqui! - ela retorquiu num tom de sofrimento.
Não a censurava, a sensação de perder um irmão deve ser devastadora, eu própria estava a sofrer, aquele homem foi muito especial para mim. Deixei um beijo longo nos cabelos molhados dela e de seguida puxei-a para fora daquele espaço deprimente onde só existia sofrimento. Ela nem sequer resistiu à força que fiz ao puxá-la como tinha feito da primeira vez que a abordei.
Os nossos vestidos completamente pretos e os nossos cabelos longos estavam completamente encharcados. Atravessámos o cemitério e entrámos rapidamente para dento do carro que provavelmente seria dela. Sentei-me no lugar do condutor enquanto a mandei sentar-se no lugar do passageiro visto que ela não estaria, nem por sombras, em condições de dirigir. A sua cabeça encostou-se à janela da porta do lugar do passageiro, ela estava cansada, desfeita, via-se que tinha perdido metade dela quando aquele soldado partiu.
Olhei uma última vez para o local onde tudo se tinha passado e mais lágrimas começavam a escorrer pelo meu rosto. No momento da cerimónia eu conti-me ao máximo para não expressar a minha dor e agora todos os meus sentimentos negativos fugiam do meu corpo. Respirei fundo e procurei acalmar-me. Finalmente arranquei, em breve estaríamos em casa onde todos nós moravamos, eu e a família do militar, uma vivenda acolhedora e suficientemente espaçosa para todos nós.
Procurei ir pelo caminho mais longo para que ambas pudéssemos refrescar as ideias e expulsar toda a negatividade de nós mesmas. Mas não conseguia deixar de pensar no acontecimento que se passou há uns quinze minutos atrás.
- Eu era uma simples enfermeira no meio de tantos homens vestidos com fardas verdes de diferentes tons. - sussurrei.
Daniela, a irmã do falecido soldado, permaneceu quieta. Nenhum gesto foi feito pela mesma o que me fez perceber que não devia ter tocado no assunto, novamente. Ela continuava imóvel e, de certa forma, isso preocupava-me.
- Ele era um grande homem, Dana. - disse eu numa forma de aliviar o que antes tinha dito. Ela rodou a cara para os seus olhos, fixamente, encontrarem os meus, sorri-lhe e de seguida apertei-lhe a mão entrelaçando os nossos dedos, ela precisava de carinho.
- Dana... - sussurrou ela, enquanto me fazia carícias na mão baixando os seus olhos para as mesmas - ele costumava chamar-me isso. - terminou ela olhando de novo nos meus olhos. As suas lágrimas caíam de novo, não sabia o que dizer, não sou boa no que toca a ajudar alguém neste tipo de momentos e doía-me saber que ela estava a sofrer e eu não podia fazer nada, a única coisa que podia fazer por ela era chorar acompanhando-a neste sofrimento.
- Ele não iria gostar que estivesses a chorar. - afirmei, desta vez tirando a minha mão da dela para as mudanças do carro. Dana assentiu sorrindo e de seguida voltou à posição inicial com a cabeça encostada no vidro.
Estávamos quase a chegar a casa e prestes a ver mais sofrimento no ambiente que nos iria rodear, que vida injusta.
Aquele soldado morreu em combate enquanto lutava pelo seu país. Ele e mais combatentes que com ele se tinham alistado no exército. Todos esses militares sabiam o que poderia acontecer e que, infelizmente, aconteceu. Estavam numa missão de patrulha no qual teriam de proteger a civilização onde se encontravam os inocentes e crianças que não pertenciam, de forma nenhuma, àquela guerra. Cada parte do mundo lutava pela sua maneira de paz. Houve um ataque dos rebeldes onde se encontrava toda a civilização e toda a patrulha à qual este soldado pertencia, um bombardeamento. Foi um desastre, a maioria dos membros da patrulha sobreviveu ao ataque fugindo e ajudando os inocentes, que lá se encontravam, mas infelizmente este homem foi uma das muitas vítimas. Foi então que me lembrei de como tudo começou...
[Bem gente, está é uma história que estou a fazer. Não é nada de especial, apenas estou a fazê-la porque um dos meus sonhos é ser militar e decidi escrever um livro sobre isso mesmo juntamente com alguma imaginação... Espero que gostem e apoiem, mesmo sabendo que só as pessoas que conheço é que vão ajudar, eu agradeço à mesma ahah
Quanto mais apoiarem mais eu publico, por isso, toca a apoiar!!! ❤]_1° capítulo_
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Amor Em Guerra
RandomNa guerra, onde a força e o amor são postos à prova o inevitável acontece e um desastre acaba com a felicidade de todos. Será que a esperança ainda existe, mesmo depois de tudo o que nos dá força desaparecer?