Parte única

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Mesmo que o Cine Joia comportasse pouco mais de mil pessoas na casa de show, fãs adolescentes sabiam agitar uma rua. Para a turnê em solo brasileiro, que antecedia a estreia de seu terceiro álbum "Youngblood", 5 Seconds of Summer escolheu fazer uma turnê mais intimista.

Betina Lima andava quase correndo enquanto procurava um papel na pochete que estava sua cintura; tudo isso desviando de ambulantes e outras fãs. Faltavam 10 minutos para a entrada na passagem de som e ela não tinha ideia de qual portão procurar. Isso porque ela havia pedido uber com uma hora de antecedência do hotel onde estava hospedada.

– 21 anos na cara e eu continuo correndo atrás de boyband – A menina sussurrou para si mesma ao mesmo tempo que lia o papel todo em inglês que explicava toda a experiência a mais que ela pagou. Ela torcia para os 150 dólares valessem a pena.

Ela pediu informações para o primeiro segurança que viu e sentiu seu coração acelerar quando ouviu que se ela não corresse para o portão lateral ela não entraria. Agradecendo por estar de all star e com sua calça preferida - azul marinho com leves listras brancas em corte reto -, ela correu pelo amor que ela tinha aos quatro membros da banda.

A menina negra de pele clara chegou no portão respirando forte e tendo certeza de que seus cabelos curtos e ondulados pareciam um abajur em sua cabeça. Entregou os documentos para o segurança que a deixou entrar e repassou os papéis em mão para uma mulher da produção do show.

Com tudo conferido, Betina guardou tudo de volta na pochete. Ganhou um saco preto pequeno para guardar o celular e o mais importante: o crachá de vip da Soundcheck Experience. Andando para a fila que guiaria todo mundo para a pista, a menina sorriu e não parecia acreditar no que estava ao redor de seu pescoço. Luke Hemmings, Michael Clifford, Calum Hood e Ashton Irwin estavam lindos na foto escolhida. Principalmente Ashton.

A menina sorriu e agradeceu quando uma menina mais nova do que ela elogiou sua camiseta. "I Prefer the Drummer" era a frase que preenchia quase toda a parte da frente. Era seu jeitinho de falar que vocalistas raramente a atraiam.

Aos poucos, todas da fila estavam na frente do palco. Era muito estranho entrar ali sem ouvir gritos ou cantorias, mas a sensação única de exclusividade a deixava animada. Não havia mais de 25 meninas ali e isso era incrível.

Um homem grisalho e com crachá escrito "staff" entrou no palco e os gritos surgiram.

– Por favor, não gritem – Falou o homem – Vou explicar como vai funcionar a passagem de som e por favor colaborem.

A primeira coisa que Betina fez foi comemorar mentalmente que seu inglês estava ótimo. Entendeu o sotaque do homem sem menor problema. Depois ficou feliz com o fim da euforia sem motivo.

– Os rapazes vão cantar 4 músicas e depois eles sentam para responder as perguntas de vocês – O grisalho continuou – Nessa hora, vocês vão levantar a mão e eu vou levar o microfone até vocês. Mas apenas lembrando que eles vão responder 5 perguntas, ok?

Um "ahhh" coletivo preencheu o lugar fazendo Betina rir, mas entendendo total o sentimento. 5 perguntas eram poucas, mas talvez fosse apenas uma brincadeira com o nome da banda.

– Apenas lembrando: não é permitido tirar fotos ou filmar. Quem for pego com celular, será expulso.

O homem agradeceu pela atenção e saiu. Agora sim a ficha começou a cair. A banda entraria e Betina sabia não tinha estabilidade emocional o suficiente para ve-los na sua frente pela primeira vez. Esse era o dilema da vida dela: continua amando uma banda que surgiu no teen pop e tendo feelings como uma adolescente de 14 anos, porém ela tinha 21, fazia faculdade de Comunicação Social e escrito um artigo sobre padrão entre fãs usando o período da turnê da One Direction com a 5SOS como objeto de estudo.

I Prefer the DrummerOnde histórias criam vida. Descubra agora