- Olá! - Seyhoon ria doce para a figura de sua mãe abrindo a porta. Era noite de natal. Ele estava feliz de chegar a tempo para a data. Feliz pelo negócio fechado. Mas, um vazio ainda lhe preenchia.
Havia dois dias desde que ele entrara pela porta de seu pequeno apartamento recém chegado de Paris. Seyhoon jamais imaginou sentir falta do cheiro de mofo. Ele pensou que a distância o faria esquecer. Que as lembranças, pouco a pouco, fossem se perder pelo caminho do avião.
Mas, isso não aconteceu...
Seus pesadelos o atormentaram sem fim. Era uma imagem de seu pai dentro daquele quarto em Paris. Olhando-lhe. Lhe julgando. Na segunda noite, Seyhoon chorou e sentiu seu pai julgando até suas lágrimas.
- Meu filho! - Sra. Kim o abraçou forte. Não via o filho desde seu retorno. Ela insistiu em visitá-lo, mas o homem não a deixou.
- Que saudades, mamãe! - Ele inspirou fundo o bom perfume de flores misturado aos temperos que unicamente sua mãe emanava.
- Não parece, só agora posso vê-lo - E antes que a mãe o olhasse novamente, Seyhoon sentiu um forte abraço na lateral de seu corpo - WOW!! Quanto tempo! - Era sua irmã. Seyhoon se sentiu fraco por um momento.
- Oi, Eun Suh - Ele abraçou corretamente a menina mais nova - Como vai?
- Trouxe algo para mim? - Ela logo se desvencilhou do abraço e perguntou com um sorriso de canto no rosto.
- Tem uns relatórios que gerei por lá... - Seyhoon disse sarcástico e a mais nova deu um leve tapa em seu ombro - Bobo.
Ele riu. Como era bom encontrar a menina novamente. Seyhoon tinha saudade quando sua vida ainda era recheada da inocência de uma criança. Ainda que sua irmã não fosse mais tão criança assim.
Ele tinha saudade de quando não tinha muitos pesadelos.
Esticou uma sacola para a mais nova, que sorriu e saiu saltitante com o presente em mãos.
- Também tenho algo para a senhora - Seyhoon mexeu em outra sacola.
- Sabe que não ligo para essas coisas, meu filho - Sra. Kim deu um tapa no ombro do filho. Estava envergonhada.
[...]
O natal corria como as memórias de Seyhoon se lembravam. Sua mãe, irmã e seus vizinhos, o casal Lee, junto ao único filho, Donghun. Este que retornava após um tempo fora dos natais.
Ah, Donghun! Só de olhar para o sorridente rapaz, Seyhoon já não sabia onde enfiar a cara. Tinha sido seu primeiro amor. Seu primeiro beijo. Seyhoon já sentia o ambiente pesar.
O casal Lee morava exatamente ao lado dos Kim. Sr. Kim e Sr. Lee trabalhavam juntos, o que intensificou a amizade das famílias. Entre as idas e vindas cotidianas, os meninos corriam, brincavam, beijavam...se descobriam. Foi uma época muito intensa para ambos.
Hoje, porém, tá tudo muito mudado. Porque além do tempo que se passou, também havia a mudança de vida de Donghun, que agora morava fora. Seyhoon não fazia ideia que o rapaz estaria presente no natal deste ano.
Quando os olhares se cruzaram, Seyhoon percebeu que o tempo mudou não só a aparência. A maneira de levar a vida era bem diferente também. Seyhoon se sentiu envergonhado, ainda atormentado por lembranças que Donghun já havia enterrado. O romance do passado era página virada para o rapaz mais velho enquanto ainda era bem vívido na memória de Seyhoon. Donghun sorriu abertamente e acenou, como se acena a alguém amigavelmente, e Seyhoon mexeu levemente sua cabeça com um pequeno desconforto.
Todos se sentaram à mesa para a ceia. Riam e falavam como o ano passou rápido. Seyhoon só pensava em como queria que tudo tivesse sido mais devagar.
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Paris nunca dorme
Fiksi PenggemarNesses capítulos extras, veremos um pouco do que se passou na vida de Seyhoon e Byeongkwan após os fatídicos dias no pequeno quarto em Paris Ps: Se chegou aqui de paraquedas, leia "Um quarto em Paris" antes :) [wowkwan] • [short fic] • [extra] CONC...