XXVII

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— O que está fazendo ai sentada? Lá fora está tão divertido! – Riley se joga no sofá ao meu lado e me olha com uma carinha curiosa.

A garota de cabelos castanhos e bochechas coradas pelo sol parece extremamente feliz.

Talvez pelo fato de termos passado a semana toda sem nenhuma preocupação, aula ou conflito para estragar nossa paz.

Durante a semana fizemos o mural em que Derek e Riley se empolgaram tanto em fazer, customizei o carro de Derek e mesmo sendo trabalhoso, adorei passar as centenas de horas pintando qualquer coisa que viesse em minha mente.

Fomos a um cinema ao ar livre, o que foi bem legal, sentamos em toalhas de piquenique e compramos as pipocas e os refrigerantes num foodtruck de lá.

Passei um tempinho com a avó de Derek também, ela me contou algumas histórias antigas e me mostrou um álbum de fotos de quando Derek era apenas um bebê.

Hoje Riley e eu conhecemos os amigos de Derek, entre eles estava Steph, a garota da ligação, ela é bem bonita, mas também super alegre ou até mesmo muito animada. Riley gostou dela, eu já nem tanto.

— Eu só estava mexendo no instagram. – desligo a tela do celular e o coloco no colo — Eu não acredito que essa semana passou tão rápido...

— Você diz isso e está ai sentada logo no último dia. – Riley sorri e solta um suspiro.

— Nós vamos embora amanhã de manhã e ainda não sei o que Derek e eu somos...

— Então acho melhor conversarmos sobre isso agora. – a voz de Derek soa atrás de mim como uma surpresa.

Me levantei. Eu sabia que uma hora ou outra conversaríamos sobre isso. Era apenas questão de tempo.

— Podemos conversar em outro lugar? – pergunto e sem sua resposta me levo em direção as escadas.

Durante todo o recesso foi como se tudo tivesse congelado e tivéssemos esquecido do que realmente estava acontecendo entre a gente. Mas esse tempo de congelamento não duraria para sempre e, agora, era a hora de descongelarmos de vez.

Derek veio atrás de mim e segundos depois já estávamos em seu quarto, um sentado a frente do outro esperando que alguém começasse a falar.

— Durante essa semana eu pensei muito. – ele fez uma pausa para tentar pensar em como falar o que queria, mas a cada segundo de seu silencio era como se estivéssemos adiando o inevitável. — Pensei no que eu sinto por você e no que você me mostra sentir e cheguei a uma conclusão, mas quero saber sua opinião sobre nós e sobre daqui pra frente antes.

— Eu realmente não sei, passamos semanas separados mas do mesmo jeito não ficamos um dia sem se falar, então poderíamos tentar...

— Não quero fazer isso com você – sua voz sai em meio a um suspiro, mas trazendo força ao que continuará a falar  — não quero adiar o inevitável e te fazer mal toda vez que eu não conseguir ligar, não quero te impedir de conhecer pessoas novas na tentativa de fazer essa distancia melhorar e não quero fazer você me prometer coisas que envolvam nossos sentimentos no futuro.

Seu olhar ia de encontro ao meu mas no segundo seguinte já o levava aos pés. Eu estava paralisada, um nó se formara em minha garganta o que tornava difícil de falar ou até mesmo respirar.

— Eu não sei se consigo... – digo tentando desfazer o nó em minha garganta.

— Durante o ultimo ano você me mudou Maya Hart, você me fez querer mudar, querer ser alguém melhor...

— Você também me mudou, antes de você eu estava tentando me reencontrar enquanto parava de ser outra pessoa. – digo desatando o nó e do mesmo jeito sentindo a mesma falta de ar — Você esteve ao meu lado enquanto eu me reencontrava e eu sempre vou ser grata por naquele momento eu ter você.

— Talvez esse fosse o nosso proposito, quando nos conhecemos, eu finalmente me encontrei e você se reencontrou depois de tanto tempo. Agora temos que seguir por caminhos diferentes. – assim que nossos olhares se reencontraram percebi que ele estava a ponto de chorar.

Eu nunca tinha o visto chorar. Nem mesmo quando sua avó ficou em estado critico pela primeira vez. Esse realmente seria o nosso adeus? Assim?

Os dois tendo o coração quebrado por saber que está na hora de chegar ao fim?

— Quero que seja a garota mais feliz do mundo e sei que comigo, agora, você não será. – ele segura em minha mão e olha novamente em meus olhos — Eu sempre irei responder ao seu chamado, eu sempre estarei a uma mensagem ou ligação de distancia quando precisar de mim, mas precisamos seguir em frente.

— Não pode acabar assim, não é justo. – digo já sentindo as lagrimas acumularem em meu rosto.

— Eu terei minha vida aqui e irei seguir em frente, quero que faça o mesmo em Nova Yorque. –ele tenta abrir um leve sorriso — Iriamos nos separar de qualquer jeito. Você com certeza vai entrar pra alguma das melhores universidades de arte e eu, terei sorte se um dia conseguir ir ver alguma exposição sua. – eu sorri, eu amo o jeito em que me dá certeza de que serei grandiosa, e isso se torna mais uma das coisas pela qual irei sentir falta.

— Como pode ter tanta certeza de que vou ter esse futuro? – pergunto deixando uma lagrima rebelde descer pelo meu rosto.

— Porque você, Maya Penelope Hart, é a garota mais talentosa que eu conheci. – mais uma vez, Derek faz meu sorriso ficar aparente em meu rosto — E eu, Derek Tompson, poderei esfregar na cara de todos os idiotas que babarão por você que tenho um carro inteiramente customizado pela garota mais incrível que já conheci.

— Só me promete que não me esquecerá, por favor. – peço.

Sua mão sai de perto da minha e vai parar em minha bochecha tirando a lagrima de meu rosto.

— Somos cheios de promessas né? – sorrimos um para o outro e então nos abraçamos.

Ficamos ali por um tempo, quietos e com a esperança desse momento se congelar para sempre. Mas não se congelaria. Esse seria o nosso fim.

— Eu nunca me esquecerei de você Maya. – ele sussurra em meio ao abraço — Eu prometo.

E em meio a um quarto tendo a luz do por do sol invadida pela janela, a musica baixa vinda do andar de baixo e nossos corpos encontrando um refugio pela ultima vez foi concretizado o nosso fim. O fim de Derek e Maya, o fim da primeira coisa real em que senti há muito tempo.

Decisions (Pausa Rápida)Onde histórias criam vida. Descubra agora