Prólogo

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( Música dos nossos pp's: Earned It- The Weeknd)





Querida...

Hoje é seu casamento. Espero que algum dia, perdoe-me por estar enviando-lhe essa carta. Você me disse que adorava receber cartas, desde o jardim de infância, lembra? Eu lembro. Eu lembro de muita coisa, e nem se eu tentasse muito, nem se eu desejasse mais que tudo na vida, conseguiria esquecer. Oh! Mas eu não quero! Cada uma dessas lembranças são preciosas demais pra mim, são tudo o que me restaram de você. Se eu pudesse... ah! se eu pudesse gravá-las em um dvd para assistí-las quando desejasse... eu preferiria um pen-drive, mas lembro que você adorava dvd's e todo o conceito retrô que vinha com eles. Isso seria mais uma forma de lembrar-me de você.

Eu tentei, juro pra você que tentei relevar tudo o que nos aconteceu, eu tentei seguir em frente de tantas formas, tentei fingir que nunca te conheci, mas, querida, você sabe o quanto é difícil pra mim lidar com essas coisas de sentimentos.

Estou sentindo-me bem idiota escrevendo tudo isso em papel e caneta. Se estivéssemos juntos, você estaria rindo da minha cara agora, zombando de mim por ter cedido ao seu modo "careta" de ser. Ah querida, se você soubesse quanto de você ainda tem em mim... Desde que nos conhecemos você quis tanto que eu te escrevesse cartas, "é infantil, mas me faz sentir amada" você dizia, e eu ignorava, ignorava porquê não era do tipo de coisa que eu fazia, eu queria te fazer sentir amada de outras formas, mas você desejava que eu te escrevesse, porquê assim, poderia guardar minhas palavras pra sempre. Eu ignorei. E Veja só, uma carta é agora meu último recurso.

Lembro da primeira vez em que te vi. Querida, você estava tão linda. Nunca te disse isso, mas quero que saiba que desde aquele momento, quando você desceu do carro do meu irmão, trajando aquele vestido azul, eu soube que te amaria. No início, você estava tão acanhada, mas, quando sorriu pela primeira vez, senti meu coração falhar. Ah querida, eu já sabia, no fundo da minha alma, eu queria que todos os seus sorrisos fossem meus.

Meu irmão nos apresentou superficialmente, como deve ser entre cunhados, afinal, ele queria toda sua atenção pra ele. Não o julgo, no lugar dele, eu faria a mesma coisa. Você deve estar revirando os olhos agora com essa minha mania de te querer só pra mim. Desculpe, entendo seu ponto. O fato, é que mesmo mal tendo nos falado nesse momento, nos vimos mais tarde quando desci para beber um copo de água, e você estava na cozinha fazendo o mesmo. De primeiro momento pensei em voltar atrás, em silêncio, mas então você me viu, e não pude mais recuar. Sempre perguntei-me o que teria acontecido se você não tivesse virado para trás e me visto. Porquê, sabe, querida, hoje percebo que foi nesse momento em que eu me apaixonei por você. Quando você sorriu, e foi apenas pra mim. Nós não conversamos, não trocamos uma palavra, mas ainda assim, você sustentava um meio sorriso no rosto. Você sempre foi simpática, não é? É uma de suas melhores qualidades.

Lembro que era inverno, e você estava passando uma temporada em nossa casa. A neve ainda estava começando a cair, eu lembro bem, porquê você vivia grudada em meu irmão. Mas, você lembra, querida? Quando a neve estava alta, e ele havia viajado com meu pai a trabalho, e ficado preso por causa da neve? Ah você ficou tão triste. Foi nesse mesmo dia em que tivemos nossa primeira conversa, você sempre foi tão tagarela, ao contrário de mim, e isso é uma das coisas que mais amo em você. Minha mãe tinha saído pra o mercado, e você estava atravessando a calçada quando escorregou. Eu tentei te segurar, lembra? Você sentiu o mesmo que eu quando minha mão roçou a sua? Espero que sim. As vezes acho que aquele choque foi coisa da minha cabeça. Enfim, não adiantou, você acabou caindo e machucando o joelho. Ah! querida, fiquei tão preocupado que te carreguei pra dentro, no colo, e enfaixei seu machucado, enquanto você ficou se desculpando por me dar aquele trabalho. Eu te disse na época, e digo agora, não foi trabalho nenhum. Na verdade, saiba que adorei sentir-te em meus braços. Te fiz um café, e foi aí que descobrí que você gosta dele com duas colheres de açúcar, enquanto eu prefiro ele amargo. Ta aí outra discrepância entre nós. Nesse dia, tornamo-nos amigos. Bem, eu não diria amigos amigos, mas conversávamos frequentemente, e encantei-me mais ainda por você. E então, ele voltou, e vocês voltaram a grudar-se. Isso é normal, vocês eram namorados. Mas, querida, como eu odiava. Odiava os risinhos que trocavam um com o outro, odiava quando ele passava o braço por sua cintura, odiava quando ele beijava sua boca, odiava quando vocês entravam no quarto pra dormir. Eu odiava a você por permitir. E acima de tudo, odiava-me por sentir isso. Não, não, não, não! Eu não queria te amar assim, você sabe disso mais do que ninguém. Ah querida, como eu sofri por não poder mandar em meus próprios sentimentos.

Querida...  - SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora