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Acordo por conta da claridade e não demoro a me sentar na cama. Quando os meus olhos se acostumam a luz, olho ao redor e percebo onde estou.

No quarto de Daniel.

Miro a cama e vejo que ele não está lá. Pelo menos sei que o garoto não fugiu, já que ele mora aqui.

Pequenos flashes de memória passam pela minha mente; o jogo, Daniel me beijando no banheiro, Zach nos tirando de lá e dizendo que deveríamos ir para um quarto e tudo o que fizemos depois disso na cama do primeiro.

Me levanto de devagar, ao passo em que procuro as minhas roupas pelo chão. Vejo uma pilha sobre uma cadeira branca, no canto do quarto, e me direciono para lá. Em cima das roupas, há um bilhete:

"Você pode vestir alguma roupa minha, se preferir."

Sorrio ao ler, ele é atencioso.

Abaixo o papel e noto que há uma escova de dentes novinha ao lado da pilha de roupas. Me direciono ao banheiro do quarto do loiro e a primeira coisa que faço é lavar o rosto. Assim que meus mirantes capturam o meu reflexo no espelho, o pensamento da feição de Corbyn quando me viu entrando no quarto de Daniel cruza a minha mente.

Ele me disse que estava tudo bem. Quer dizer, ele não disse exatamente isso, mas deu a entender.

Escovo os dentes e tomo uma ducha rápida. Ao retornar para o quarto, me visto com uma camisa larga de alguma banda e uma bermuda, ambas de Daniel e decido descer para procurar por ele. Quando meus pés tocam o último degrau da escada, eu ouço um barulho na cozinha e paro para ouvir melhor.

— Cara, foi vacilo! — Reconheço a voz de Jack.

— Pelo que ela me disse, ele deixou. —  Essa é sem dúvidas a voz de Daniel. Franzo o cenho.

Eles estão falando de mim?

— Daniel, você sabe muito bem que ele nunca vai admitir, mas cara, antes mesmo de conhecermos a Kaia a gente já sabia, só pelo jeito que ele fala dela. — Jack continua.

— Eles são amigos há muitos anos, só isso. — O loiro mais alto tenta se defender.

— Olha só, Daniel, você faz o que quiser. Só não deixa a merda explodir pra cima da Why Don't We. — Vejo Jack sair da cozinha e em seguida, da casa.

Mas que porra...?

Desço o degrau que restava e caminho em direção a Daniel. Ao adentrar a cozinha, vejo o dito-cujo encostado no balcão com um olhar perdido. Ele está sem camisa e seus cabelos estão bagunçados, como se tivesse saído da cama a pouco tempo. Assim que me vê, Daniel sorri e me chama com a mão.

— Bom dia. — Caminho até ele.

— Muito bom dia. — Responde sorrindo. — Eu ia fazer o seu café da manhã mas não sei o que você gosta de comer, então fiz só café mesmo. — Ele aponta para a garrafa de café em cima da mesa.

— Obrigada, mas eu tenho um casting de tarde e preciso ir. — Digo com pesar.

— Tudo bem. — Daniel se desencosta do balcão e começa a andar em direção à porta, ao passo em que eu o acompanho. Ele abre a mesma e eu me viro para ele, nos abraçamos por um tempo, até que eu saio.

— Pediu um táxi? — Pergunta, ao me ver sair pela porta.

— Sim, não se preocupe. — Vejo o táxi parar em frente a residência e me afasto mais.

— Eu te ligo. — Ele grita, então me viro e o encaro. De longe ele parece apenas um cara normal, mas de perto eu sei que ele é um show. Nós poderíamos dar certo, mas ele não é aquele que eu almejo.

— Você não precisa ligar. — Digo, em seguida aceno para ele e entro no táxi.

Quando chego em casa, Abby está na sala tomando uma xícara de chá. Ela me olha por cima do objeto de porcelana.

— Como foi a noite? — Pergunta.

— Foi muito boa e a sua? — Me sento ao lado dela no sofá.

— Ah, você sabe. — Isso significa que ela ficou com o Jack, como sempre. — E como você e o Daniel ficam agora?

— Não ficamos. Eu disse que ele não precisa ligar. Depois devolvo as roupas dele e tudo bem. — Ela abaixa a xícara e deixa sobre a mesa de centro.

— Eu sei quais são os seus motivos pra não querer continuar com os caras que pega, os motivos reais. — Ela diz, ao passo em que dá ênfase nas últimas palavras.

Será possível que todo mundo sabe?

— Mas — Continua. — até quando você pretende levar isso a diante?

— Eu não tô fazendo nada de errado, Abby. — Suspiro.

— Eu só quero que você seja feliz. — Ela me dá uma batidinha no joelho e se levanta, em seguida pega a xícara e caminha em direção à cozinha.

Eu sei que ninguém entende como eu penso, mas caramba, é o meu coração e a minha amizade. Eu prefiro passar todas as noites, pelo resto da minha vida, com um cara diferente do anterior do que ver tudo desmoronar.

Lembro de Corbyn e decido falar com ele.

Eu

ei

tá aí?

...

corbs?

você tá me ignorando?

Ok, algo de errado não está certo.

Bufo e jogo o celular para o lado.

Por que ele me ignoraria?

Não tem motivo. Acho que ele só deve estar ocupado, nem mesmo o vi em casa antes de sair de lá. Talvez tenha passado o resto da noite com a garota que vi com ele antes do jogo. Assim é melhor para todo mundo.

Decido subir para organizar as coisas para o meu casting do dia. Ao chegar no primeiro degrau da escadaria, me recordo do que ouvi entre Jack e Daniel mais cedo. Será que Corbyn não queria que eu ficasse com Daniel mas não me falou e agora está chateado comigo? Ele nunca interfere nas atitudes que eu tomo, então faz sentido isso ter acontecido.

Bufo.

Se ele ao menos tivesse me dito, poderíamos ter conversado sobre o porquê. Eu super entenderia se ele não quisesse que eu me envolvesse com um dos caras da banda dele, afinal, pode dar confusão. Quer dizer, é por isso que ele pode estar chateado, né?


𝒄𝒍𝒊𝒄𝒉𝒆 ↺ corbyn bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora