Devora-me

Me toque

Atlanta - Geórgia
Abril de 2019

Olivia

  - Mãe? Você está viva?

 Entro lentamente no quarto da minha mãe que pelo jeito tinha se esquecido de programar o alarme para hoje de manhã, provavelmente um dos dias mais importantes da minha vida, pensando melhor ela poderia estar me ignorando, ela não estava aceitando bem a ideia de ter uma filha morando longe, mesmo que seja em lugar a apenas duas horas de carro.

 - O que foi? - Ela resmunga abaixo da grossa coberta.

 - Está na hora?

 - Hora de...?

 Acertei outra vez, ela estava tentando ignorar a minha partida para que eu não partisse, mas pobre dela achar isso, eu pegaria um taxi mas não perderia o dia de acolhimento ao calouro da universidade Charlotte. Então, vou até a ponta da sua cama e puxo o seu esconderijo fofinho e aconchegante revelando uma mulher grande, porém encolhida, de cabelos ruivos os mesmos que eu tinha herdado dela.

 - Vamos!

 Aquilo não era um pedido, e ela sabia, então se levanta se arrastando para o banheiro do seu quarto. E enquanto ela se arrumava eu preparava um café forte do jeito que ela gostava, talvez isso fizesse desaparecer um pouco da seu mal humor matinal.

 Quando vejo ela descendo as escadas levo um susto, ela usava uma camisa super curta e uma calça de moletom velho, eu realmente esperava que ela não fosse usar isso.

 - Não se preocupa, eu não vou assim - Fico aliviada - Na verdade eu não vou.

 - Por quê? Está querendo me torturar? 

 - Não, é que vou vai sozinha, dirigindo.

 Ela me dá uma piscada e eu sabia bem do que se tratava, eu fico um pouco surpresa e chocada, mas não o suficiente para chorar, apenas para correr para o seu abraço e lhe partir ao meio de tanta felicidade.

 - O jipe é todo seu, mas, por favor não o destrua, ele foi o meu primeiro carro.

 - E agora é o meu, obrigada mãe.

 Não consigo conter as lágrimas que brotaram e rapidamente se derramaram pela as minha bochechas, aquilo tudo foi inevitável.

 - Agora vai e se torne a criadora de filmes que sei que você nasceu para ser.

***

Holter

 Já faziam algumas horas desde a sua chegada e eu não conseguia tirar os meu olhos dela, sua beleza me embriagava mais do que qualquer copo de vodca, ela era realmente ofuscante, não sei como ninguém ainda não tinha a sequestrado, porque ela era tão delicada que me dava uma louca vontade lhe guardar dentro de uma caixa de vidro para que nada lhe fizesse mal e ninguém pudesse lhe ver além de mim. E agora revisando tudo o que estava pensando só vejo como estou parecendo um louco, na verdade ela fazia isso comigo, me deixava extremamente louco de amor, louco de vontade de possuí-la, eu a quero comigo, sobre uma cama ou simplesmente no chão, eu só a quero.

 - Olá - Quando dou por mim ela estava na minha frente, então controlo a minha ofegante respiração e a respondo calmamente.

 - Olá. O que deseja?

 - Você sabe onde fica a aula de historia do cinema? - Ela parecia mais calma do que eu imaginava, reaja, me veja, eu te quero ofegando por mim, assim como estou por você.

 - Fica naquele prédio de tijolos expostos - Aponto para um dos maiores prédios do campus logo a frente do banco onde eu estava sentado - Entre no corredor principal e siga até final dele, é a porta esquerda, sala 224.

 - Muito obrigada...? - Ela queria o meu nome, seria este um sinal?

 - Holter. 

 - Holter... - O jeito que ela pronunciava o meu nome me fazia o amar mais ainda - Eu sou Olivia.

 Ela estende a sua mão para mim e eu a toco com suavidade, eu não queria quebrar a bela porcelana branca que era a sua pele, eu não queria a causar marcas com as minhas enormes mãos sem controle de força. Ela estranhamente puxa a mão de volta, percebo que aquilo foi demorado - merda -, mas por sorte não esquisito o bastante para lhe deixar com medo, de repente ela me lança um leve sorriso que fazia as suas belas sardas se destacarem, e ela só vai em direção do prédio do qual falávamos agora pouco.

 Espero ela atravessar a praça de lazer principal do campus e entrar no prédio para me levantar e seguir para o mesmo lugar que ela, por sorte aquilo não seria estranho para nós dois.

 - Ah Deus, eu preciso que essa mulher seja minha.

*