O táxi vai e volta

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— Você só pode estar brincando que prefere Guerras Americanas do que Guerra Apocalyptica, Schreave. — O encarei mesmo nós já estando de frente um para o outro.

Maxon abrira dois botões de sua camiseta e por causa de as janelas do táxi estarem abaixadas, o vento de fora batia em seu rosto e bagunçava os cabelos dele.

Ele assentiu com a cabeça e sorriu de lado.

— É apenas uma questão de análises. Um filme se trata de acontecimentos históricos passados e outro, acontecimentos futurísticos. — Falou ele.

— Eu sei bem disso meu querido, acontece que apesar de ser importante saber o ano que o filme se passa, eu me foco em realidades. Apesar de Guerras Americanas ser adaptada para mostrar toda a trajetória e vitória dos americanos, Guerra Apocalyptica mostra a verdadeira essência do ser humano, a verdadeira causa de uma guerra começar, que é o homem não conseguir lidar com suas "guerras internas" e acaba trazendo-as para o seu mundo externo.

Maxon ficou queto por alguns segundos.

— Caramba, você é inteligente. — Suas sobrancelhas se curvaram e seu tom de voz parecia levemente irritado.

Eu ri.

— Observadora, eu diria. — Sorri e olhei para trás por um segundo. — Estamos quase chegando na minha casa.

— Sério? — Schreave olhou para trás também como se duvidasse do que eu falara. Seus olhos ficaram ansiosos de repente.

— Passou rápido. — Afirmei pegando minha bolsa que estava no chão. E aquilo era verdade, durante esse pequeno percurso, nos dois conversamos muitíssimo, e eu até gostei, era agradável conversar com ele. Desejei que minha casa fosse mais longe ou que o táxi quebrasse no meio da estrada apenas para continuarmos com o papo.

— Nem me fale. — Disse e cruzou as mãos como se não soubesse mais o que dizer. E por alguns segundos o clima ficou um pouco inquieto apesar de estarmos os dois em silencio. Parecia que algo deveria ser dito mas nenhum sabia exatamente o que. — Motorista, espere.

O táxi estava prestes a virar na esquina de minha casa quando de repente parou, ao ouvir a exclamação de Schreave.

— Pois não? — O veículo encostou em frente a uma casa e o o motorista nos olhou por cima dos ombros e junto com ele, também olhei confusa para Maxon.

Por mais alguns segundos ele parecia não saber o que dizer, o que me fez ficar meramente confusa e olhar ainda mais para seus olhos.

— É que sabe... Essas oportunidades quase nunca aparecem, quer dizer, de conversar dessa forma, e apesar de estarmos nessa algum tempo, você necessariamente tem de ir embora agora? — Perguntou enquanto o motorista continuava a nos olhar. Fiquei um pouco desnorteada com a fala.

Parecia verdade mas ainda sim... eu sentia que ele gostava da minha companhia e sabia que ali pelo menos, o sentimento era reciproco.

Maxon percebeu minha indecisão.

— Poderíamos ir no Sene, fica perto daqui. — Ele sugeriu e percebi seu rosto mais confiante do que nunca. Não era um sequestro, ele também não estava me forçando, então... por que não?

— Senhores? — O taxista chamou nossa atenção e olhamos para ele. — Devo continuar o caminho ou dar ré?

Maxon nesse momentou olhou para mim como que para confirmar. Mas eu mesma me coloquei em frente a situação no momento:

— Rua 15, de frente ao Coloquial. — Falei pois conhecia exatamente o endereço do Parque Sene.

De a pé suponho que demoraríamos uns 13 minutos até chegar ao local, mas no táxi em exatos 5 minutos Maxon deixava o veículo e passava o dinheiro pela janela do motorista.

Sr. Maxon SchreaveOnde histórias criam vida. Descubra agora