Schreave, o ladrão de famílias

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Dei meu quarto suspiro sentada naquela maca.

Por trás das cortinas eu escutava o barulho da impressão do raio-x, o que me deixa mais nervosa ainda, e curiosa sobre como aquilo podia demorar tanto.

Marlee estava sentada em uma cadeira ao lado da minha cama e parecia tão impaciente quanto eu, batia seu all-star no chão e mudava de posição a casa 30 segundos. Eu sabia que de certa forma, a situação era até pior para ela.

— Acho que ela já está vindo — Comentei mesmo não achando que aquilo era verdade, minha amiga apenas suspirou e encostou suas costas — Não devo ter quebrado.

— Não podemos ter certeza — Marlee olhou para o chão balançando a cabeça.

Um vulto a minha direita passou repentinamente e em seguida por trás da cortina azul, a enfermeira cujo o nome em seu crachá aderia a palavra "Yamahi", entrou no espaço em que estávamos com um grande papel em sua mão.

— Más notícias, ruivinha — Falou simplesmente. Senti minha respiração ofegar e meus ossos congelarem por fração de segundos. Nem consegui manter minha posição "tranquila" para Marlee não ficar tão preocupada, logo senti o suor escorrer por minhas costas e pelas mãos, que comecei a limpar sem parar na calça.

Marlee se levantou e foi até meu lado na maca.

A enfermeira posicionou o raio-x em uma máquina que ligava a uma tela de computador. Após uma fresta de luz vermelha, pude ver meus ossos naquele aspecto esquelectical. De início, pensei que a enfermeira estava apenas zombando de mim porque aparentemente parecia tudo normal, porém ao abaixar meus olhos em direção a minha espinha, um osso não qual eu não sabera nomear fazia uma curvatoria bem explicita para fora de onde ele deveria estar. Isso fez com que uma ponta de nervosismo e preocupação me atingisse mais ainda.

— Essa — A enfermeira apontou para meu osso dançarino de tango — é a sua espinha lombar. Ela sofreu uma fratura lateral o que de fato está fazendo você sentir toda essa dor. A boa notícia é que se houvesse rompido com muita força você provavelmente estaria agora de cadeira de rodas, mas como foi apenas uma fratura, eeeeeh, você só precisa de repouso. — Ela terminou seu discurso e apenas consegui a olhar de boca aberta. Ela realmente era tão seca daquele modo? E, afinal, esse repouso se resumia a quantos dias?

Marlee pareceu pensar a mesma coisa, e como provavelmente, ela estava com os nervos a flor da pele naquele dia, não conseguiu se conter dizendo:

— Você é sempre irônica dessa maneira?

— Só quando eu preciso fazer plantão no sábado a noite — Falou anotando coisas em sua caderneta sem nem mesmo nos olhar. — São 5 dias de repouso, ruivinha.

— 5 DIAS? — Manifestei-me rapidamente chocada — Eu não posso faltar 5 dias no trabalho.

— Não se preocupe, providenciaremos um atestado pra você. Seu chefe não vai poder te castigar até o fim dos tempos.

— Nem é necessário um atestado — Marlee falou porém seu olhar estava focado no raio-x — O chefe dela esta provavelmente atrás de uma dessas cortinas.

A enfermeira pareceu pensar um pouco sobre o comentário.

— Ah, seu chefe é o namorado daquela moça loira? — Perguntou

— Sim — Respondi simplesmente mas imaginei como Maxon deveria estar extremamente cuidadoso com Lora ao ponto de a enfermeira chegar a conclusão que os dois eram um casal.

Eu sei que isso não deveria me incomodar, ainda mais nessa situação em que minhas costas queriam sair de meu corpo. Mas juntando isso, o estresse, o nervosismo, a ansiedade e raiva, cai para trás deitando na maca de uma vez por todas. Suspirei.

Sr. Maxon SchreaveOnde histórias criam vida. Descubra agora