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2020.09.15

20:00

TEXTO 6

   Acordar foi difícil, comer foi difícil e até mesmo respirar estava difícil. Tudo que eu queria era morrer naquele momento, me perguntava o que fiz de errado e porquê Deus me odiava tanto, não tinha explicação para tal coisa, como que eu saio de um pesadelo para ir a outro pior?

   Meus dias se resumiram em ficar naquele quarto sozinha, ao menos agora tinha um livro para me fazer companhia, mas por quanto tempo iria me distrair com ele, tudo que eu gostaria era ser liberta e poder sair por aí, conhecer o mundo, mas pelo que vejo o "mundo" será esse quarto e o que consigo ver pela janela.

   Sentada na janela enquanto lia, a brisa estava tão boa e tudo que queria era uma boa xícara de café para tornar aquele momento maravilhoso, podia ouvir o som do balançar das árvores e via até mesmo a grama alta balançando de acordo com o vento, as estrelas brilhavam no céu e a lua iluminava o meu quarto, ouso o piar da coruja e sorri, amo corujas. Volto a olhar meu livro e leio um trecho dele em voz alta.

"Quando a morte conta uma história, você tem que parar pra ouvi-la.", sorri minimamente ao ler aquele trecho.

"Vejo que está gostou do livro.", sua voz rouca adentra em meus ouvidos e o encaro logo fico séria, ele se mantém encostado na porta com as mãos no bolso. "Quando acabar esse livro, venho aqui trazer outro para você.", diz me olhando nos olhos.

"Hoje você me trata assim, nem parece o mesmo cara que me prendeu aqui e não pensa nenhum pouco se é isso que quero.", digo fechando o livro.

"Eu deixei bem claro a você desde o início que não vai sair e mesmo assim tento fugir, eu poderia ter matado a sua mãe.", diz simplista. "Era isso que queria?"

"O que você quer afinal? O que vai ganhar me prendendo aqui? Eu não tenho nada que você queira e não vou contar pra ninguém sobre o que você fez naquela noite, apenas me deixe ir embora.", sua expressão muda de calmo para irritado rapidamente.

"Já falei, você não vai sair daqui e é bom se acostumar.", diz e senta em minha cama.

"Se queria uma empregada por quê não contratou uma?", questiono e ele se deita suspirando.

"Porque eu não quero nenhuma outra, apenas você.", ele não parecia pensar no que dizia, por quê se fizesse isso veria o quão maluco ele estava sendo.

   Sem mais nada para dizer ou fazer, ele simplesmente saí do quarto e volto a ler meu livro, minha cabeça latejava por alguns instantes e acabo por deixar de lado, volto para a minha cama e deito querendo apenas que aquela dor passasse.

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2020.09.15

23:00


   Passos, muitos passos, eu corria para longe de o que quer que seja, mas era quase impossível conseguir fugir, alguém ainda estava atrás de mim não importa o quanto corresse, meus pulmões ardiam e minhas pernas fraquejam fazendo cair de joelhos, olho para os lados e procuro ver se alguém estava por alí, mas uma voz familiar me chama e busco pelo dono da voz.

"Yun onde você está?", por algum motivo aquela voz me trazia uma paz, eu só queria achar essa pessoa e abraça-lo, mas então uma silhueta masculina surge em meio as sombras e se aproxima de mim, não consigo ver seu rosto. "Estou aqui agora, para sempre!"

   Acordo alarmada e sinto minha cabeça girar por alguns segundos, respiro fundo e ouso um som alto do trovão, uma luz forte passa pelo quarto e vejo pela janela a chuva cair, me levanto devagar e vou até a porta que se encontrava aberta. Ao sair do quarto, vejo o corredor vazio e mais um trovão, o chão estava gelado e meus pés doíam por algum motivo, chego perto das escadas e desço com cuidado para não fazer barulho, estava escuro lá embaixo e provavelmente a porta estava trancada, vou até o sofá e me sento nele abraçando minhas próprias pernas, observava os raios e a chuva pela janela.

"O que faz acordada a essa hora?", sua voz estava sonolenta e calma, diria até que doce. "Tem medo?", nego com a cabeça e sinto o sofá afundar ao meu lado. "Então por quê?"

"Não conseguia dormir, como a porta estava aberta, então eu desci.", digo ainda olhando para a janela, ele se afasta e some dali, continuo a observar a chuva cair.

   Se passa alguns minutos e ele volta com um cobertor e duas xícaras, sentado ao meu lado, Min Yoongi me entrega uma das xícaras e me cubro com o coberto que ele trouxe. Ficamos alí por algum tempo observando a chuva e ele não disse uma palavra se quer, a única coisa que se podia ouvir era nossas respirações e o barulho da natureza, naquela noite eu me questionei, será que podíamos ser assim, será que poderíamos nos dar bem, já que não teria como escapar dali, eu poderia viver bem ao lado do meu carcereiro?

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