Capítulo I

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A certa altura no tempo como o conhecemos vivia em Angola a família Silva, uma família com uma rica história cultural, pois vinham de uma geração de músicos, mas estes músicos tiverem pouco sucesso pois limitaram-se as actuações na comunidade e em bares, venderam seus sonhos ao álcool e a falsa ilusão de fama comunitária que maquilhava a miséria que consumia a sua família por gerações.
Pois quando chegavam à casa acompanhados de suas violas estavam em estado de embriaguez. Suas crianças eram expostas a esse comportamento e
limitavam-se a observar, pareciam um testemunho que era passado de pai para filho e assim foi até os dias actuais.

Joy Ruben Silva era o patriarca da família e um intérprete de talento sem igual, aprenderá com o melhor no caso o seu pai Dom Alexandre Silva.
Joy era pai de 4 filhos e dentre eles tinha um rapaz chamado Rúben Silva jr. Rúben Silva jr era o terceiro dos quatro e se destacava pelo seu potencial acadêmico na escola de ensino de base número 411.
Estava Rúben jr. com onze anos de idade quando assim começou a ganhar o gosto pela música, apesar do seu pai fazer música nos estilos mais tradicionais ele começou a ganhar gosto por um estilo bem peculiar o Hip Hop na sua vertente Rap. Rúben jr. escreveu os seus primeiros textos de rap aos doze anos, e tinha como artista de referência o DSK um jovem rapper muito promissor na altura.

O gosto pela música rap foi crescendo e o rapaz também, pelas necessidades que a sua família passava ele era obrigado a ir para as ruas vender latas e garrafas plásticas para algumas fabricas de refrigerantes depois das aulas . Apesar das circunstâncias ele nunca largou a escola porém sempre ia em busca do que vender chegava à casa poucos minutos antes da hora do jantar.

Na idade de quinze anos Rúben jr. já no Ensino médio conheceu novos colegas e começou a aprender mais sobre o rap com seus colegas que também apreciavan o estilo.
Começou a ouvir artistas como Santos Dopping, Fabih o Primo e os seus ideais foram sendo moldados ao formato da evolução. Sem perceber ele caminhava para a era da revolução na sua família.
O jovem adolescente que outrora vendia latas, tendo as necessidades acrescidas passou a lavar carros nos estacionamentos da Maianga para ter uns trocados para levar para casa e satisfazer as suas necessidades como adolescente.
Sendo ele um adolescente não muito dado a vaidade, passou a juntar o seu dinheiro proveniente da lavagem de carros e no fim do segundo ano comprou um computador de mesa e umas colunas de aparelho de música "Box song” e assim seguiram-se os dias.

Um dos seus colegas de escola, o Adilson Pato com quem partilhava a paixão pelo rap informou ao Rúben Jr. que o seu primo Daniel um rapper de renome na nova escola nacional estaria de férias a passar alguns dias em sua casa. Viram-se sorrisos de alegria e juntos contavam os dias até que chegou o momento e era uma sexta com céu parcialmente nublado . Depois das aulas no período da manhã dirigiram-se para a casa dos pais do Adilson Pato e lá esperavam por Daniel. Eram quase dezasseis horas quando ele chegou e tamanha foi a alegria de poderem recebê-lo finalmente.

-Mano Daniel como estás?
- perguntou Adilson

-Agora só te vemos já na tv, estás em grandes mundos, completou

-Meus cassules mekie ? Tá tudo tranquilo?

-Adilson estás grande nengue, tá a comer o quê?

-Mano este é o meu amigo, Rúben Jr. gosta bué dos teus sons

Rúben Jr. respondeu timidamente —si... si... sim gosto mesmo muito
— Um dia gostaria de cantar como tu.

Juntos entraram à casa e Daniel apresentou-se a família, que se mostrou realmente feliz.
Horas depois sentados a mesa de jantar.

Daniel pediu para falar com seu tio Jonas em particular e assim enquanto comiam ele contava histórias dos palcos pelos quais  passou por Angola , Moçambique e
duas ou três vezes em Portugal no coliseu.
Histórias essas que eram como o vislumbre de uma mina de ouro para o Adilson e seu amigo Rúben Jr.
Terminando a sessão de jantar Rúben jr. despediu-se da família de seu amigo e foi para a sua casa acompanhado alguns quarteirões pelo seu amigo
A meio do caminho despediram-se e cada seguiu para a sua casa.
Chegando Rúben jr encontrou seu pai embriagado e os seus irmãos aos choros

— O que quê houve Ana? - perguntou Rúben Jr. a sua irmã.

-Mano o pai bebeu de novo e quase bateu-nos a todos.

-A mamã foi a igreja e ainda não regressou.

Celine era uma mulher fanática religiosa que não comprendia coisa alguma sobre a fé e tentava o tempo todo negociar com Deus formas de poder livrar o seu marido daquilo que ela chamava de a maldição da música. Pois ela viu a geração anterior a dele, concretamente a do seu sogro antes de ter perdido a vida. Celine crescerá na mesma vizinhança de Joy Rúben Silva e assim acabaram juntos .

Crônicas Ouvidas  do Silêncio Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora