lovers in holy spaces

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Mark estava rezando para que acontecesse algum tipo de milagre no dia 11 de março de 2001. O dia estava chuvoso, o céu coberto por nuvens e o chão molhado, apesar de Mark não ter visto a chuva caindo enquanto caminhava até a igreja mais próxima de casa. Por isso, tudo indicava que o dia estava propício para um milagre acontecer. E também porque ele estava em frente a um altar mofado que tinha uma cruz enorme pendurada na parede.

E, é claro, porque Donghyuck estava bem ao seu lado. Isso em si já era um milagre.

Donghyuck puxa a manga do casaco de Mark, sinalizando para uma porta ao lado do altar. Mark sabe, eles já fizeram isso inúmeras vezes, mas não consegue deixar de sentir sua própria espinha tremer em todas as ocasiões. No entanto, essa tensão se dissolve rapidamente quando sente Donghyuck o pressionando contra a parede de madeira do sótão da igreja e a língua dele entre seus lábios, sua mãos se movendo apressadamente para tirar o seu casaco.

Só duas pessoas podem chegar naquele sótão: Mark e o pai de Mark. Quando leva Donghyuck para lá em segredo, sempre tranca a porta e deixa a chave na fechadura para ter certeza de que nem seu pai poderia entrar. Mark sente que deveria acontecer um milagre todos os dias em sua vida para compensar o fato dele ser filho de um dos únicos pastores da cidade, mas a vida é feita para ser injusta mesmo, desse jeito. Principalmente quando se vive numa cidade pequena onde as únicas coisas que acontecem são missas das 6 horas e alguns festivais de plantação que Mark nunca se deu o trabalho de lembrar os nomes ou as datas. Principalmente quando se tem um segredo que ninguém pode saber, e todo mundo tem que saber da vida de todo mundo. Não tem muito o que fazer nessa cidade além de tentar se intrometer na vida dos outros.

Mas ninguém descobriu sobre Mark e Donghyuck ainda.

Mark desce, seus lábios encostando abaixo da clavícula de Donghyuck, que puxa seu cabelo e deixa o ar sair lentamente da garganta. Ele puxa os quadris dele contra os de Donghyuck, sentindo sua pele se tornar cada vez mais quente e o ar entre eles cada vez mais espesso e impossivelmente pesado. Donghyuck localiza suas mãos na nuca de Mark, de forma sensível e delicada, quase delicada demais para Donghyuck, puxando seu rosto novamente contra o seu, seus lábios se encontrando mais uma vez. Essa igreja não pertence a deuses e nem deusas. Pertence apenas a Mark e Donghyuck.

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Eles se conheceram em 1999. Na verdade, todo mundo já conhecia Donghyuck Lee, ele era um dos melhores jogadores de basquete do time da escola. Mark, assumidamente, nunca demonstrou muito interesse em esportes, até que Jungwoo começou a arrastá-lo para todos os jogos de basquete da temporada. Depois disso, ele ainda não teve muito interesse no esporte, mas sim no garoto que vestia camisa 6 e usava uma faixa no cabelo e shorts que viviam subindo o suficiente para fazer Mark perder o ar.

Foi apenas no final de 1999, no último jogo da temporada, que Donghyuck conheceu Mark. Os meninos do ano saíram para beber para comemorar a vitória no último jogo, como se faz todo ano. Dessa vez, Mark fez questão de ir, e o fato de que Jungwoo também queria amenizou um pouco a sua ansiedade, apesar de continuar roendo as unhas para aliviar o estresse de estar no mesmo ambiente que Donghyuck Lee.

Todos os meninos do ano se encontraram debaixo da ponte da cidade que a ligava à outra cidade, que era ainda menor e tinha uma proporção maior de igrejas por pessoas. Na divisa nenhum adulto conseguiria encontrá-los. Mark e Jungwoo se sentaram em um canto, diretamente em cima do barro molhado onde não chamariam muita atenção e poderiam observar tudo que acontecia.

Mark estava observando apenas Donghyuck, rodeado por outros meninos e com uma garrafa de cerveja na mão. Foi quando Donghyuck pegou Mark o encarando pela segunda vez que ele decidiu buscar alguma coisa para beber.

lovers in holy spaces {markhyuck}Onde histórias criam vida. Descubra agora