Minha Camisa

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Assim que a quinta-feira mais fria do mês amanheceu, eu me levantei. Parada em frente ao aquecedor, pensava: mesmo perto do fim da semana, ainda parecia uma eternidade para a volta de Bo-ra. Eu realmente odeio ficar sozinha. Talvez porque sempre me senti solitária..

Após o almoço resolvo tomar um longo banho, pensando no “dever de casa” que ainda não tinha feito. E, mesmo com muita vergonha e sem saber por onde começar, resolvi fazer.

Seco meu longo cabelo com o secador no morno com delicadeza, deposito em meu rosto uma máscara facial coreana. Após um bom tempo procurando uma roupa confortável, resolvo continuar nua. Coloco o aquecedor no máximo e me sento em frente a ele. Fecho meus olhos e durantes longos minutos fico aproveitando o calor que se chocava com a minha pele. Resolvo hidrata-la um pouco, tiro a máscara e ergo meu punho até a pequena estante em minha frente, pegando um pote de óleo vegetal endurecido. Deixo-o enfrente o aquecedor até amolecer, e começo a massageá-lo em minha pele.

Calmamente começo a descer a mão para a parte interna de minha coxa. O barulho do aquecedor me acalmava e soava com uma boa frequência. Eu já estava relaxada e excitada, e quando estava para começar, a campainha toca. Meu susto e vergonha foi tão grande, que em um pulo, visto o que achei que fosse um mini vestido e extremamente corada abro a porta. O que me deixa mais vermelha e envergonhada é reconhecer quem está na porta.

P . V Jay Park

Uma forte dor de cabeça e no corpo me castigam até me acordar.

Acho que eu estou com uma forte ressaca...

Me arrasto até a cozinha e com dificuldade, faço um macarrão instantâneo bem apimentado para ajudar a curar minha ressaca. Após comê-lo, minhas dores insistem em permanecer, então tomo um banho, a água quente normalmente ajuda, e aquele era um dia frio.

Tudo parecia estar piorando, então escrevo uma mensagem para Gray, um dos meus melhores amigos e artista da minha empresa. Desmarcar meus compromissos parecia a melhor opção. Ao demorar para visualizar resolvo ligar, mas a guia de ligações feitas abre, revelando uma ligação realizada para S/N.

Lembro de ter ligado para convidar para a festa, o que não deu certo. Mas assim que cheguei em casa parece que fiz uma ligação que durou horas.

Por que liguei? E, sobre o que falamos?

Aquilo me enlouqueceu, piorando muito minha dor de cabeça. Quando algo me incomoda, não consigo tirar da cabeça até resolver. O que me faz colocar um reforçado casaco, com uma tentativa de disfarce ao usar uma máscara para tentar descobrir o que foi dito naquela ligação.

Estava sem nenhuma condição de dirigir, então chamo um Uber. Tanto para entrar, quanto para sair do carro, rápido e com extrema discrição para não reconhecido. Faço o mesmo para adentrar a pensão, até chegar em sua porta. Assim que aperto a campainha, percebo que não tinha uma desculpa para estar lá. Estava quase encontrando uma perfeita, mas ao abrir a portar tudo se esvai de minha mente e não consigo disfarçar meus olhares.

- O-oi S/N. – Foi tudo que consegui falar. Ela estava corada, com os longos soltos e mechas em seu rosto. Sua pele estava radiante... E apenas minha camisa... Apenas a camiseta branca que eu tinha deixado na última vez que estive lá, vestia seu corpo.

- Jay? – Ela cerra os enormes e lindos olhos, para tentar me reconhecer atrás da máscara que eu usava. – Oppa, é você? – Ela fica na ponta do pé para tentar enxergar o máximo possível do meu rosto descoberto.

- Minha camisa! - Dito com olhar fixo em seus seios, levemente aparentes pela pouca transparência do tecido.

- E-eu... É que... – Ela olha assustada para peça que vestia. – Eu vesti a primeira peça que ví. Estava pelada e você tocou...

Olhando a Vida nos OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora