A garota do bar

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Combinei de vir sem a roupa adequada nesse bar com algumas amigas. Todos vestiam roupas de cowboy, bem típico de sertanejos como esses. Mas nós, as des-co-la-das, viemos de roupa casual mesmo, nada demais também.

Entrei logo depois da Jéssica, a única de maior do grupo. Não que o resto tivesse 14 anos! Meu Deus, aí seria demais. Tenho 17, e a Carla faz 18 mês que vem. Eles pediram nossa ID, e claro que já tava tudo certo. Nada que uma falsificaçãozinha e peitos não resolvessem. Homens se contentam com tão pouco... é deprimente.

Enfim, sentamos em uma das mesas. Jess e Carla foram pegar umas bebidas e dar uma rondada no tipo de gente que aguentaríamos naquela noite. Enquanto evitava pegar no celular (famoso detox de redes sociais), vi uma garota numa mesa perto do banheiro, acompanhada de umas amigas também. Parecia ser bem legal, usava uma roupa xadrex (logicamente), mas tinha um sorriso lindo. Ok, eu amo sorrisos, mas o dela era do tipo encantador. Não curto meninas, mas não podia negar que se gostasse, ela seria meu alvo essa noite. Acho que minha olhada demorou tanto que deu tempo das meninas voltarem. E ela perceber.

-Já arranjou uma mira pra hoje?- Carla me pergunta

-Ai amiga, não vi muita coisa.- respondi.

-Pois eu e a Jess achamos um grupo de garotos numa vibe bem parecida com a nossa...

-Sim, foi! e pagaram nossa bebida também, o que foi lucro.- disse Jess.

-Ok, descobri o real motivo, mas vamo dar uma chance- falei com um desanimo.

Não queria conversar com nenhum macho agora. Dá trabalho. Ignorar todas as baboseiras e catar qualidades que me deixe à vontade... ai que preguiça. Mas vamo, vai que vale a pena né.

Nos juntamos a eles e era um grupo clássico: o bonitão tapado, o inteligente sem jeito e o padrão "dá pro gasto". Eu e as meninas nos olhamos e os alvos já estavam marcados, Jess vai investir no bonitão e Carla no padrão. Disse telepaticamente a elas que não tava fim de nenhum, então um bom papo com algum que rendesse assunto seria legal.

Passamos mais ou menos uma hora interagindo até que a hora do banheiro me chamou. No caminho, lembrei da menina... e, lá estava ela, com um cara bem mais velho quase dormindo do seu lado. Não vi suas amigas por perto. Pensei em ir lá, mas fiquei nervosa, não sei o que me deu.

Depois de um belo xixi cheio de chatice da última hora e cerveja, me olhei no espelho, e meu Deus, eu parecia um bagaço! Dei um jeitinho no cabelo e na maquiagem, lavei as mãos e saí do banheiro.

-Oi! desculpa, mas você pode me salvar de um cara?

-OI, CLARO! claro, quer dizer, que susto, claro.- Meu Deus, era ela! não sei porque me assustei. Nossa, como é linda, que inveja desse cabelo... ok, foco, vamo lá.

O cara estava naquele estado de bêbado-neném. Pena que era enorme e eu não conseguia jogá-lo pra fora do bar. Enfim, conseguimos fazer ele dizer o endereço e chamamos um uber pra ele.

-Cadê suas amigas? Te vi mais cedo acompanhada delas.- perguntei

-Na verdade, não faço a menor ideia. Provavelmente me avisaram pra onde foram e não escutei. O cara falava muito alto.-disse ela

-Ah... quer companhia?

-Não! já vou pra casa, relaxa!- disse como se quisesse que eu me conformasse.

-É sério! to com umas amigas e conversando com um carinha que, se você achar legal, é todo seu! E se não, a gente fica jogando papo fora...- meu Deus quem fala isso, "papo fora"? quantos anos eu tenho?

-Ok... obrigado! Aliás, prazer, sou Ana.

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Chegamos na mesa e as meninas pareciam estar de saco cheio dos caras. Acho que era uma operação uber 2.0. Me aproximei com a Ana e a apresentei pro pessoal. Jess me chamou de canto e disse que sumi por muito tempo e tempo exato pra decidirem que não ia rolar nada por ali. Fiz uma cara de "e agora?" e ela disse que havia uma boate no outro bairro, perto de onde estávamos ficando, que iria até umas 4h da manhã. Era entorno de 00:30 e o bar que estávamos fecha'''ria às 2h. Fiz agora a cara de "ok, aqui não tem futuro, to chamando o 99" (mais barato essa hora).

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