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Minhas mãos brincavam com seus fios cor violeta. Elas sempre agraciavam o toque singelo que tinham com as cerdas macias, e eu me sentia bem apenas olhando seu sorriso imaturo. Esse sorriso me amarrava de uma maneira que eu não sabia descrever, somente sentir. Doía saber que seus mais belos sorrisos eram destinados a mim, pois eu não soube aproveitá-los. Suas mãos tinham um encaixe tão perfeita com a minha e seus olhos brilhavam por mim.

Acho que meu erro foi não dizer o quão perfeitos eram seus olhos, ou que mesmos com as sardas pelo sol da manhã que você pegava - você ainda era a pessoa mais linda daqueles corredores. Que mesmo suas bochechas sendo cheinhas, eram as bochechas mais lindas do mundo. E que independente de todos e quaisquer pequenos detalhes, eu te amava.

Te amava demais, Chaeyoung. Mais do que amava o cheiro de sabonete das roupas que você usava, te amava mais do que acordar de uma boa soneca aos seus braços. Te amava mais do que Van Gogh amava seus girassóis. Te amava mais do que sentir o cheiro dos bolos de coco da sua mãe. E eu odeio o fato de que ainda te amo.

Era uma manhã comum, na noite anterior você havia me deixado em casa e colocado sua jaqueta em meus ombros por todo o caminho. Os meus vizinhos achavam que erámos primas e isso te incomodava mais do que os roncos de nosso professor de história. Suas mãos se tocavam nas minhas em inocência e eu só queria te beijar li no meio da rua. Como fazíamos nos corredores vazios, ou no armário da sala de detenção.

Você era uma dessas pessoas descoladas, que todos respeitavam. Eu não entendia isso até te conhecer. Por que logo você? Seus jeans eram mesmo bonitos, e sua cabelo se destacava em meio a outros. Provavelmente por ser uma das únicas alunas coreanas no colégio. Mas eu não fazia ideia.

Até que nos encontramos pela primeira vez em uma festa após o jogo de basquete da escola. Aquilo era comum entre os estudantes, havíamos ganhado, de 114 a 67. Me lembro do placar até hoje, afinal, foi o dia que te conheci.

Todos que estavam presentes na sala se reuniram em uma roda, e a cada pergunta feita, era um shot. Nunca agradeci ao John por ter sugerido essa brincadeira. Perguntaram a você de quem você gostaria de ser aproximar, e por algum motivo disse meu nome. Após isso, ficamos quatro horas só conversando em um dos quartos, deitadas sobre as cobertas e agindo como se nos conhecêssemos a anos.

Você cativava todos facilmente, mas diziam que teu coração era impenetrável. Mero erro. Você só não se interessava pelas pessoas superficiais. E por alguma razão, você não me achou assim. Mesmo eu sendo mesquinha, indo em festas caras e enchendo a fuça de bebida para tentar ser menos insuportável. Você me achou diferente.

Não sei em qual momento eu percebi o porquê te amavam tanto. Não sei se era pela sua risada que ecoava tão belamente pelo quarto, se era pela maneira que você franzia o nariz quando não gostava de algo, se era pela forma de seus dedinhos se enrolavam na ponta da franja e a puxava para trás. Eu não sei. Só sei que naquela noite, eu saí entendendo o efeito roxo que você passou a ter sobre mim.

Dois meses depois havíamos construído um forte laço de amizade. Vez ou outra eu me pegava olhando para a sua pele que brilhava enquanto você trocava de roupa, para o gloss nos seus lábios que os deixavam suculentos, para os seus cabelos que curvavam tão perfeitamente. Você era completamente bela.

Eu fraquejava demais ao seu lado, e sabia o que significava, e por incrível que pareça, eu nunca senti medo disso. Talvez porque você olhava para a minha boca da mesma forma que eu olhava para a sua, você tocava os meus braços como se tivesse medo de me quebrar. Talvez porque você também sabia o que era isso.

Então, você simplesmente me beijou. E eu correspondi.

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⏰ Última atualização: Sep 30, 2023 ⏰

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