Lockdown

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Oi, pra quem for ler isso aqui.

Comecei a escrever essa história e me deu vontade de compartilhar.

Postei meio no improviso, sem planejar capa ou qualquer coisa, então me perdoem por isso.

A história que eu pensei vai ser quase que inteiramente focada nelas, ao menos no início.

Espero que tenha quem leia e goste do estilo. Se aparecer quem goste, continuo.


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Ainda sonolenta, Rafaella utilizou o espelho do elevador para ajeitar com delicadeza as mechas loiras e bem mais curtas com as quais ainda não tinha voltado a se acostumar.

Definitivamente gostava do que o espelho refletia, mas a "aura" do cabelo anterior era tão marcante que ela ia custar a se reconhecer ainda por uns dias, e tinha certeza disso.

Depois de um curto suspiro seguido de um leve arquear de sobrancelha desencadeados por essa constatação, foi a vez da máscara receber um cuidado especial antes de atingir o andar térreo, e finalmente a porta do elevador se abrir.

Atravessando o saguão do prédio com a confiança que só a rotina confortável pode proporcionar, a loira alcançou o portão e trocou as primeiras palavras cordiais do dia:

– Bom dia, Zé Carlos, a folga foi boa? – A fala foi completada por uma piscadinha, já que o sorriso agora se abrigava atrás da máscara.

Z: Foi, sim, Dona Rafaella! Graças a Deus! – Devolveu a cordialidade com o aceno de cabeça – Trabalho tão cedo assim?

R: Graças a Deus, não! – levantou as mãos espalmadas em direção ao céu, dramaticamente – Tô indo só comprar um pãozinho, mesmo!

Z: Ah, faz muito bem! Mas, ó... Não esqueça nem por um segundo dos cuidados, hein! Esse bicho aí fora não tá poupando ninguém! – O tom preocupado aqueceu o coração de Rafaella.

R: E eu não sei, Zé? Que Deus continue nos cobrindo de bênçãos, porque não tá fácil! – Replicou a preocupação em sua voz – Mas deixa eu ir lá, a gente vai se falando.

O homem acenou afirmativamente, encorajando-a a seguir seu caminho.

E foi o que Rafa fez, com o espírito leve, apesar das circunstâncias, e cheia de energia para começar o dia.

Aproveitou bem a perfeita combinação do friozinho que fazia naquela manhã do final de maio, com os raios de sol que iluminavam a paisagem quase sempre cinza de São Paulo.

Como o tempo de exposição na rua tinha que ser cada vez mais reduzido, Rafaella foi eficiente e desempenhou tudo que precisava rapidamente, retornando para seu prédio tão logo quanto lhe foi possível.

Distraída com as DM's de seu instagram, quando já estava a poucos passos de distância do portão a loira teve sua atenção desviada para o tom de voz ríspido que escutou saindo do táxi estacionado do outro lado da rua.

– Eu sabia que eu não tinha nada que pegar corrida com alguém nesse estado, meu Pai amado! – o motorista não economizava no volume da voz – Que garantia eu tenho que a patricinha aí vai se dignar a sequer lembrar que eu tô aqui embaixo esperando, hein?

– Moço, eu estou te dando a minha palavra, confia!

A voz enrolada embolou os sentidos de Rafaella, e ela abaixou os óculos de sol até a ponta do nariz, tentando receber ajuda mais precisa da visão para ter certeza de que seus ouvidos não estavam lhe pregando uma peça, e o diálogo prosseguia...

Cinco Dias (RABIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora