— Um viva para as estrelas mais brilhantes de Los Angeles! — Sydney diz, ao que levanta o seu copo com cerveja. Todos ao redor da mesa fazem o mesmo, e com todos eu quero dizer: eu, Corbyn, Daniel, Jack, Zach, Jonah, Abby e Luke, o ficante de Zach. Brindamos.
Estamos em um bar localizado perto do centro, após um show dos meninos.
— Vocês gostaram? — Pergunta Jonah, enquanto encara Sydney.
— Foi legal, principalmente porque ficamos junto com as fãs de vocês e pudemos sentir a energia delas. — Abby afirma.
O local do show não tinha camarote, então pegamos algo como cadeiras superiores e passamos o tempo todo ao lado das Limelights, fandom dos meninos.
— Vocês são muito bons! — Exclamo. — Quer dizer, eu já tinha ouvido as músicas pelo YouTube mas pessoalmente é de arrepiar. — Noto que os cinco garotos sorriem, bobos. Deve ser bom ser elogiado por algo que você ama fazer. Eu não sei, de qualquer forma.
— Cara, teve uma hora que a gente pegou no flagra uma menina nos filmando e a Kaia acenou pra ela. — Sydney conta, rindo e eu quase me engasgo com a bebida ao quebrar em risos.
— Qual é! Elas sabem quem nós somos, precisei aproveitar a fama que o meu melhor amigo me proporciona.
— Você é uma maldita suga fama! Nunca gostou de mim de verdade. — Corbyn brinca.
Continuamos bebendo e conversando, até que me levanto para ir ao banheiro.
Após fazer minhas necessidades, saio do local e dou de cara com Daniel, que está encostado na parede. A luz do corredor é fraca, mas consigo ver seus olhos azuis brilhando.
— Podemos conversar? — O garoto diz e eu apenas assinto, ao que me aproximo dele e me encosto na parede a sua frente. Isso me lembra de quando nos beijamos no banheiro da casa dele. Não me arrependo daquela noite, apesar de tudo, mas não tenho vontade de repetir.
— E então? — Ele respira fundo e se desencosta, ao que mira os próprios pés.
— Kaia, eu... — Tenta, mas se perde. — Olha, eu... — Suspira.
— Tudo bem, eu não sou a rainha da Inglaterra, pode falar. — Digo e Daniel sorri. O garoto parece se sentir mais confortável, então fala:
— Me desculpe pelas coisas que eu falei. Eu sei que não é justificativa, mas eu fiquei chateado por você ter me dado um fora sem mais nem menos. — Seu olhar se volta para mim. — Na real, antes mesmo de a gente se conhecer pessoalmente, eu já tinha visto suas fotos por causa do Corbyn e fiquei bastante interessado. Pensei que talvez pudéssemos ter algo legal, mas não cogitei que você não tava com o mesmo feeling. — O garoto suspira novamente. — Eu fui um escroto e sei disso, espero que você me desculpe. Não sou machista do jeito que aparentei ser, só impulsivo.
Quando percebo que ele finalizou a fala, me pronuncio:
— Eu te perdoei faz alguns dias, Daniel. — O loiro me encara, confuso. — Você foi um idiota comigo e também com o Corbyn, mas eu sabia que você iria pôr a cabeça no lugar e se desculpar. Se você fosse realmente um merda, não seria amigo de quem é. — Ele sabe a quem me refiro, por isso dá um sorriso de canto.
— Então tá resolvido? — Pergunta.
— Claro! Podemos ser amigos agora, tudo bem? — Ele apenas concorda com a cabeça e nos encaminhamos de volta para a mesa.
Ao chegar no local, noto que Jonah e Sydney não estão ali.
— Ué? — Miro Zach, sem entender.
— Disseram que iam dar uma volta. — O garoto diz e volta a conversar com Luke. Me sento de frente para Corbyn e Daniel senta ao meu lado, por questão de espaço mesmo. Meu amigo me encara em silêncio, não parece mais tão alegre.
— Aconteceu alguma coisa? — Questiono.
— Não. — O loiro diz, em seguida dá um gole na sua bebida.
— Gente, eu sei que tá cedo mas vocês se incomodariam se a gente desse no pé? Queremos fazer uma comemoração a dois agora. — Diz Jack, baixinho para que Abby não ouça, ao passo em que a loira conversa com o ficante de Zach.
— Vai lá, campeão. — Daniel o tranquiliza.
Pouco tempo depois, só restamos eu, Corbyn e Daniel na mesa e meu amigo resolveu beber vodka logo após ficarmos apenas os três. Ele já está no décimo copinho e eu sei que vou acabar limpando o seu vômito na manhã seguinte.
— Então, a farra foi boa mas eu preciso ir. Vocês vão ficar? — Daniel pergunta, ao passo em que já está de pé. Abro a boca para dizer que não e que vamos embora. Entretanto, Corbyn é mais rápido.
— A noite mal começou! Eu não vou a lugar nenhum. — Diz, com a voz embargada pelo álcool. Seu amigo apenas dá de ombros e vai embora.
Sobrou para mim.
— Vou cantar uma música pra você! — Corbyn se levanta em um pulo e começa a caminhar, cambaleando, em direção ao karaokê. Penso em impedí-lo, mas é só uma música inofensiva e bem, ele é cantor.
Quando a batida começa, noto ser Friends do Ed Sheeran. A voz do meu melhor amigo soa nos meus ouvidos mais uma vez no dia e eu o observo atentamente, enquanto ele canta. O loiro erra algumas palavras, por conta da embriaguez, e tira risadas das poucas pessoas que ainda estão no bar tão tarde. Ele me olha diretamente, enquanto canta o refrão.
— My friends won't love me like you... — Eu só consigo permanecer o mirando, completamente apaixonada.
Seria mentira se eu dissesse que nunca tentei me deixar por convencer pelos argumentos das minhas amigas para ir atrás de Corbyn e confessar a ele os meus sentimentos. Eu tentei e muito, sinto que cada dia tento um pouco mais e talvez, só me falte um empurrão final para que eu consiga chutar tudo o que eu vivi para o lado e apostar no que tanto desejo.
— No, my friendswon't love me like you. — O garoto aponta para mim.
Os traumas que eu tenho são muitos e o medo que possuo de que ele me abandone é gigantesco. Entretanto, às vezes o que sinto pelo meu melhor amigo é insuportável e eu me pergunto: É melhor me preservar ou me arriscar?
Apesar de bater o pé e afirmar que não vou mudar de idéia a respeito das minhas decisões, a verdade é que eu odeio ser confrontada sobre elas porque me faz pensar nas outras opções.
Vejo a música acabar e Corbyn começar a caminhar de volta para a mesa.
A confusão que se instaurou na minha mente pode demorar para passar, mas se tem uma coisa da qual eu tenho total certeza é de que se algo vale o risco, se algo vale todas as minhas fichas...
É ele.
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