Phyllis rodeava sua mesa bruscamente, atravessava os raios solares que projetavam da janela, sem sentir o calor intenso que fazia o dia fora daquela sala, buscava entender o que teria dado errado, entrando em sua memória mais antiga, sem conseguir uma resposta. "Sinto que talvez teria sido melhor acabar com tudo àquilo... Do começo, ou..."
Não perceberá sua porta aberta, já passava alguns minutos que Heliot, seu secretário a esperava ali, em busca de uma resposta pros acionistas do projeto, que aguardavam no telefone impacientes.
- preciso vê-los novamente, talvez... Não tenham percebido aquele erro, foi isso certo? - questiona Phyllis ao seu secretário. -Um pequeno erro, isso existe há tanto tempo, claro que algum dia... Estamos prontos pra esse erro.
Heliot busca de maneira falha, uma respostas nós papéis de sua prancheta, consciente do erro que ocorreu naquele lugar, tenta proteger o seu próprio pescoço do que poderia acontecer.
Phyllis atravessa a sala o mais rápido que seus sapatos de aparência confortáveis poderiam atravessar, sem tomar conhecimento das portas ou pessoas em seu caminho, entra no estúdio de gravações, sua raiva é gradualmente elevada ao ver o que seus olhos mentiam para sua própria mente.
Eles não estavam mais lá, nenhum deles, Heliot surge atrás de phyllis com um telefone transmitindo urgência, ela atende o telefone, uma voz masculina atravessa a linha em um agudo.
- acabou?
Phyllis analisa todas as possibilidades em sua cabeça, sem um único sucesso, confiante disso, mas frustrada ela finalmente diz - sim, acabou.
A voz no telefone diz. - venha ao meu escritório...
Phyllis entrega o telefone a Heliot, da alguns passos pra trás, acreditando que no momento de sua saída pela porta e o momento da porta se fechando trariam as criaturas de volta, mas não aconteceu. Ela anda até o escritório do homem que falava ao telefone, abre a porta e senta na primeira cadeira que lhe aparece no caminho, o homem se aproxima com um taça de Martini e uma garrafa pela metade, phyllis sabe que são normalmente a essa hora da manhã costuma apenas tomar uma xícara de café com pouco leite, mas as circunstâncias a fizeram aceitar a taça, sem muito questionar.
O homem senta ao seu lado, com uma aparência de perda, um luto inexplicável
- sabe, minhas metas adoravam eles, elas, participaram da primeira visita, você lembra? Você... Aliás quem deu a ideia das visitas infantis? Foi uma ótima ideia... Que dizer, as crianças não causavam estranheza alguma e ficavam felizes quando apareciam, com toda aquela luz... E eles... Sempre alegres... É difícil pra mim... Foi um dia especial pra minha neta, ela ficou muito feliz... Sabe?- foi ideia da hallyson - diz phyllis, com a taça em sua mão esquerda, enquanto deita sua cabeça em sua mão direita apoiada ao braço da cadeira. - ela já não trabalha mais aqui, outra emissora contratou ela... Era uma boa funcionária e...
O homem a interrompe com ênfase em suas memorias. - você... Você lembra? Aquele dia foi mágico, como eles apareceram aqui, ali naquele estúdio... Era pra ser apenas um comercial de leite, mas eles apareceram ali, de outro planeta, no meio da gravação... Explorando cada cantinho... - Diz o homem empolgado com sua memória feliz enquanto encena o acontecimento. - eles realmente exploravam tudo, você lembra? E nós, gravamos aquilo... Assustados sem poder mexer um músculo, o nosso cenário foi transformado em um planeta desconhecido pra uma espécie alienígena... E só queríamos gravar o comercial, de repente uma transmissão direta com o presidente, que por algum motivo divino, estava com os filhos, que adoraram aquilo, e meses depois, toda a nação assistia aquilo... Todo o mundo... Foi sensacional... A economia dessa empresa... Desse país, nunca foi mais o mesmo, tinha filas de crianças querendo aparecer no programa, todos os dias, crianças querendo ser o rosto por trás daquele sol...
Phyllis um pouco feliz com essas lembranças levanta falando - E eles adoravam o sol, davam bom dia e boa noite todo dia, você lembra como foi difícil manter esse programa 100% ao vivo... Todos os dias? Foi cansativo e lucrativo... Meu deus, tínhamos alienígenas na tela, achando que tinham pousado em um planeta diferente...
- E realmente tinham, realmente tinham... Somos o outro planeta, a diferença é que acharam que o nosso planeta se limitava a um estúdio de TV... E eles exploravam o mesmo estúdio, todos os dias... Eram incansáveis... Responde o homem.
- Qual era o seu preferido? -Pergunta phyllis, com a taça em sua boca.
-tinky Winky.- Ele responde. - com toda certeza era a Tinky, a bolsa dela era maior por dentro, era surreal toda a tecnologia que eles tinham... Lembra quando as empresas procuraram a gente pra divulgar os produtos no programa?
- Aquela empresa horrível de Biscoitos, eu odeio aqueles biscoitos. -Responde Phyllis.
- E tivemos que adaptar um dispositivo que chegasse perto da tecnologia deles, que fabricava biscoitos, isso era bizarro, mas eles adoraram, aquela máquina fazia biscoitos, tinha também aquela empresa de aspirador de Pó elétrico, era bizzaro tudo aquilo, mas ganhamos muito dinheiro com isso, a adaptação de alguma forma valeu a pena, enfim... -Ele pergunta. -Qual era o seu favorito?
Phyllis diz. -eu adorava a Laa Laa, aquela coisa que tinha na cabeça dela, era hilário, minha filha também adorava, pena que nunca pode conhecê-la... E aqueles coelhos? Lembra como deram trabalho? Tantos coelhos em um estúdio? Os Teletubbies adoravam, mas eram só coelhos, pra nós... Pra eles, eram vida... Sinto falta dos Teletubbies, como eles poderiam ter deixado a gente? E se eles sabiam se teletransportar o tempo todo, por que não fizeram isso antes? Por que só agora? Será que sabiam que estavam sendo usados como cobaia pra um programa do governo americano? Ou só faziam isso por diversão? Tantas perguntas, e eles se foram quando finalmente poderiam responder, já que o programa foi pro lixo.
- Eles Sumiram de forma trágica, talvez saudades do planeta Natal. -Ele questiona. -Ou sabiam que estavam sendo enganados, se eu fosse um Alienígena, que de repente aparece em outro planeta, em uma fazenda onde o sol tem a cara de uma criança, eu também permaneceria lá, aquele lugar parece um pouco mais divertido que o mundo real... Talvez... Por isso não foram embora antes... Se pudesse falar uma última coisa a eles, seria.. obrigado telettubies...
Ambos tocam suas taças de Martini ao alto e bebem o álcool com um sentimento de dever cumprido e saudades do dia em que alienígenas coloridos cantaram e deixaram a manhã de crianças no mundo todo, um pouco melhor.