sing to me | keonho

i'm ok, so if you wanna hurt me, baby just hurt me

a gritaria ainda acontecia dentro do pequeno apartamento. talvez os vizinhos se incomodassem, mas nenhum aparecia para saber o porquê de tanta discussão, ou talvez eles só ignorassem o casal, já que as brigas estavam se tornando cada vez mais frequentes.

keonhee dizia, em meio aos berros, que seoho não estava pronto para aquele tipo de relacionamento, enquanto o mais velho dos dois já chorava, perguntando mentalmente a razão para estar tão assustado. ele nunca teve medo de nada, por que ter medo de ser feliz ao lado da pessoa que ama logo agora?

– talvez eu tenha realmente errado em pedir você em namoro – a voz, agora calma e fria, do lee mais novo somada ao seu olhar vazio direcionando o chão fez o outro lhe encarar com uma expressão aterrorizada. ele já esperava aquilo, porém a frase não deixava de ser dolorosa.

– hee, por favor...

– não, hyung! você sabia que não ia conseguir manter um relacionamento sério, nós dois sabíamos.

– sim, os dois sabiam, eu só esperava que com você fosse diferente – seoho já olhava para o chão, envergonhado demais para encarar seu dongsaeng. queria desaparecer da vida do outro. sabia desde o início que ele iria sair machucado daquilo, mas era egoísta o suficiente para manter o mais novo perto de si. e ele se odiava por isso.

– hyung, sabe qual é o seu problema? autoestima. você tem a autoestima tão frágil e fodida que precisa mostrar pra todo mundo o quanto se acha o suficiente e incrível, mas você sabe muito bem que isso é mentira.

– você está certo, eu tento passar pra todo mundo uma imagem perfeita, mas eu não sou assim. na realidade eu sou um bosta que não serve nem pra fazer a pessoa que eu amo feliz, e eu sinto muito por isso. eu sinto muito por ser um lixo de ser humano, um lixo como namorado, ou como amigo. eu sinto muito – o de cabelos avermelhados perdeu o equilíbrio e caiu de joelhos no chão, aos prantos. era sua especialidade fingir que estava tudo bem, mas apenas o namorado sabia o quanto ele não gostava daquilo. todo o fingimento fazia seoho ficar doente, e ele não aguentava mais.

e como se, de repente, ficasse claro para keonhee o quanto o mais velho precisava dele, ele se jogou no chão, abraçando o namorado e pedindo desculpas desesperadamente, já chorando com o outro.

– me desculpa, e-eu não devia ter falado aquelas coisas e... – seoho, de nariz escorrendo e olhos vermelhos lhe encarou. keonhee sabia que não devia, mas mesmo assim achou que o namorado estava lindo daquele jeito. ele ficava lindo de qualquer jeito.

– você não precisa se desculpar por dizer a verdade, keon. eu sempre fui um péssimo namorado pra você, e eu sabia disso, mas continuei te mantendo perto de mim. vamos terminar, eu não posso mais ser egoísta com você.

aquele foi o momento exato em que keonhee descobriu como era estar de coração partido. ainda assim, não desistiu de apertar o outro contra seu peito.

– por favor, não acabe com isso. eu te amo. hyung, não deixe esse amor morrer cedo, temos tanto a viver, tanto a aprender. se eu for perder alguém, por favor que não seja você. eu não aguentaria acordar todos os dias e não te ter mais ao meu lado na cama, sem poder te dar um bom dia, ou sem poder te beijar, te tocar. por favor, não deixe esse amor morrer cedo, por favor, por favor, por favor.

– keonhee, eu nunca fui bom pra você. você merece alguém muito melhor do que eu. me dói muito dizer isso, mas eu prefiro te deixar partir a quebrar seu coração.

– seoho hyung – keonhee lhe tomou em suas mãos, levantando sua cabeça até os olhares cansados e desesperados se encontrarem – eu te amo. e meu coração sempre foi seu para você quebrar quantas vezes quiser. se você é uma criança mimada, eu sou seu brinquedo que você pode jogar fora quando não quiser mais. eu só não posso suportar a dor de viver sem você.

o silêncio que se seguiu estava matando o lee mais novo. ele não sabia no que o mais velho estava pensando, se ele iria concordar em continuar aquele namoro ou se ele iria o deixar. suas esperanças já eram quase nulas quando ouviu a voz doce do homem que amava.

– keonhee, canta pra mim?

– uh, claro. o que você quer ouvir?

– eu só preciso ouvir sua voz, eu amo tanto quando você canta pra mim.

um sorrisinho fraco escapou pelo canto dos lábios de keonhee. ele nunca negaria um pedido como aquele para o lee mais velho, ainda mais naquela situação. só queria ver o outro bem, e faria qualquer coisa para ver um sorriso naquele rosto que, em sua opinião, era o mais bonito do mundo.

– if me and you are living in the same place why do we feel alone, feel alone? a house that's full of everything we wanted but it's an empty home, empty home...

– outra, keonhee, por favor – o mais velho pediu, com a voz fraca, fungando ainda no peito alheio.

– how'd we drift so far away from where we left off yesterday? I'm lonely like a castaway, a-ay. heartbreak that I can't escape, a sinking ship I'll never save, I'm lonely like a castaway, a-ay...

– essas músicas me dão gatilho, para.

o mais alto riu, e seoho pôde sentir um leve sorriso em seus lábios. a felicidade do outro sempre seria a sua, era inegável e inevitável.

– been waiting for a lifetime for you, been breaking for a lifetime for you. wasn't looking for love 'til i found you, oh nanay, for love, 'til i found you – keonhee sabia o significado daquela música para os dois, cantava por todas as promessas e momentos que viveram com essa mesma melodia de fundo, e esperava com todo o coração que seoho a completasse e entendesse o porquê de estar cantando aquilo.

– i'm free as a bird when i'm flying in your cage, i'm diving in deep and i'm riding with no brakes and i'm bleeding in love, you're swimming in my veins. you got me now – a voz do avermelhado misturada a do de cabelos castanhos claros poderia e deveria ser considerada a oitava maravilha do mundo, na opinião sincera que os dois compartilhavam.

ambos sabiam que iam se machucar, assim como sabiam que se amavam. e, mesmo com as atitudes infantis e babacas de seoho, keonhee sabia que o amava com todo o coração, e sabia também que não ligava que ele o fizesse de tolo.

– hyung?

– sim? – agora descansando nos braços alheios, seoho sabia que teria de mudar seus atos para não machucar o mais novo, e faria de tudo para não voltar a ser um babaca.

– eu te amo, só não se esquece, tá?

– hee, você não precisa me lembrar disso. cada pedacinho meu já sabe que você me ama, e esses pedacinhos também te amam mais do que qualquer outra coisa no mundo. eu prometo tentar ser alguém melhor e um namorado melhor pra você, ok?

– eu sei que vai, e mesmo que eu já te considere o melhor namorado que eu poderia pedir, você vai se superar e ser ainda mais incrível. eu tenho certeza disso.

essa era a graça do relacionamento dos dois, não sabiam quanto tempo iriam ficar juntos, mas sabiam que se apaixonavam um pelo outro várias e várias vezes por dia e continuariam se apaixonando por todo o tempo que passassem juntos, independentemente de brigas, discussões e desentendimentos, porque o amor era assim mesmo. e, sinceramente, eles não queriam parar por nada.