3. It's 2018!

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24 de dezembro de 2017. New York.

Pela primeira vez eu iria passar o natal longe da minha família, durante os dois anos que eu estou morando sozinha eu sempre ia para casa no fim do ano, então hoje é diferente. Anna me chamou para eu ir passar o feriado com ela e sua família, na Pensilvânia onde eles vivem, porém eu recusei, não queria atrapalhar o pouco momento de família que eles tinham, assim como todos que eu conheço estão em suas casas.

Talvez em algum momento eu possa voltar para casa e enfrentar de cabeça erguida o meu medo, por enquanto eu venho me escondendo deles, não conseguiria pisar em casa onde foi a última vez que vi minha avó viva e me culpar ao saber que eu não pude aproveitar com ela os últimos momentos de sua vida, eu fui egoísta o suficiente para sair de perto dela e então seguir a minha vida.

Pego a caneca de chocolate quente e levo a boca, tomando o líquido quente e adocicado, outra forma de lembrar de minha avó eram as bebidas quentes que nós tomávamos, o café da tarde, os chás que ela fazia sempre que eu estava doente, onde ela preferia me curar através de ervas deixando os remédios de lado, o chocolate quente sempre que ela fazia quando esperávamos meus pais chegarem da clínica com uma bela xicara cheia e bolo de laranja, e então quando eu comia muita besteira ela sempre fazia suco verde para eu eliminar tudo do meu corpo. Minha avó era assim, eu amava ouvir as histórias de quando ela tinha a minha idade, ela contava como era viver em uma comunidade hippie nos anos 70 e que era o sonho dela visitar San Francisco, e então ela cantava uma música velha hippie da adolescência dela e eu ouvia tudo com muita atenção.

Me desperto dos pensamentos quando ouço meu celular tocar ao meu lado na cama, olho para a tela vendo que era meu pai.

- Oi minha flor. - Papai está sorrindo assim como minha mãe que está ao seu lado, eu sorriu ao ver os dois.

- Você está sozinha meu amor? - Mamãe pergunta olhando para toda a tela, afim de encontrar algo.

- Estou sim, enrolada em baixo do edredom.

- Querida era para você está aqui. - Agora é a vez do meu pai falar. Os dois estão arrumados, suponho que indo para a casa dos meus avós paternos para passar a véspera de natal.

- Nos sentimos tristes ao ver você sozinha...- Meu peito aperta ao ver os dois com os olhares preocupados.

- Não se preocupem, vou aproveitar o feriado para descansar o máximo já que não faço isso tem um bom tempo! - Dou um sorriso tentando convencer os dois, e não era mentira, eu ia dormir o máximo já que não descanso a semanas ou até meses.

- Nós estamos indo para a casa dos seus avós, a família está toda lá, mas antes vamos passar na casa de seu tio para darmos o presente de Fernanda. - Assinto com a cabeça alegre por saber que pelo menos eles estão fortes e felizes. Meus pais são padrinhos de Fernanda, minha prima de 15 anos, ela e eu erámos as únicas netas da minha avó.

- E Lucas? Deixe-me falar com ele. - Peço a eles para falar com o mais novo integrante da família. Escuto meu pai chamar o menino e logo vejo o rosto dele na tela.

- Oi Amanda. - Ele sorrir tímido, eu aceno para ele, Lucas ainda é tímido quando se trata de mim, já que só nos falamos por telefone ainda. A adoção tinha dado certo e então ele agora tem um lar, e eu fico tão feliz ao ver meus pais felizes e a criança também. Minha mãe me conta as conversas que eles tem juntos e que as vezes se surpreende com o que o menino diz a ela, como pode uma criança ser tão inteligente e esperta aos 5 anos?

- Hey, como você está? - Tento deixar Lucas confortável.

- Eu estou nervoso, mamãe Suzane disse que vou a escola! - Ele diz animado. Lucas chama eles de mamãe Suzane e Papai Cleber, ele se sente confortável com isso, no começo era tia e tio mas com um tempo ele chamou-os de pai e mãe. Minha mãe se emocionou na primeira vez.

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