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⚠️  AVISO ⚠️

ESSE CAPÍTULO CONTÉM GATILHO DE ASSÉDIO SEXUAL.

— Me desculpe mesmo por ter te dado trabalho ontem.

— Está tudo bem. Tome os remédios que eu deixei pra você, tá bom? — Respondo. — A direita. — Aponto, para que o motorista do táxi no qual estou siga a direção correta.

Você saiu daqui muito cedo, queria te ver ao acordar. — A voz do meu melhor amiga é baixa, sei que ele está fazendo manha e sorrio.

— Eu precisei passar em casa pra me arrumar. Sinto muito. — Me desculpo, com um biquinho nos lábios. — Corbs, preciso ir. — Digo, ao que o carro para.

Tudo bem. Tenha um bom dia. — Ele responde.

— Você também. — Finalizo, em seguida desligo o celular.

Pago o motorista e saio do veículo, ao passo em que olho para cima e vejo o grande prédio a minha frente. Adentro o local e o porteiro me libera assim que digo que vim fazer um casting. Ao chegar no andar indicado, vejo que não há fila e imediatamente franzo o cenho.


Nunca, em toda a minha vida, eu fui em um casting que não estivesse lotado.

Dou de ombros e bato na porta.

— Só um minuto. — Ouço a voz masculina avisar, pouco antes de abrir a porta.

Me deparo com um homem alto, não tão magro e com uma barba volumosa. Ele me olha de cima a baixo e sorri, ao que dá passagem para que eu entre. Timidamente, olho ao redor e vejo um cenário montado e todos os equipamentos necessários posicionados em seus devidos lugares.


— Muito prazer, me chamo Jay. — Me viro para ele e aperto a mão do mesmo, ao que ele a estende. — Você é?

— Kaia Munn. — Sorrio pequeno. — Por que eu sou a única aqui? — O homem continua me olhando da cabeça aos pés, como se me avaliasse.


— Você foi a primeira a chegar, mas não acho que vamos ter mais ninguém. Gostei de você. — Após dizer isso, Jay se encaminha para perto dos equipamentos e eu vou também.


Isso tudo é muito estranho.

— Você já sabe como é, então se troque e vamos começar. — Diz, sem sequer me olhar, ao passo em que pega uma câmera e começa a arrumar as configurações da mesma. Me direciono até um local à esquerda do cenário, onde estão algumas roupas e uma área com cortina para se trocar atrás.


— Qual das roupas devo colocar primeiro? — Pergunto, ao que observo as pilhas com diferentes peças.

— As vermelhas. — Ouço o homem dizer.

Quando pego uma das vestimentas de coloração vibrante em mãos, percebo se tratar de um body rendado, ou seja, uma lingerie. Na mesma hora, coloco a peça de volta no lugar e me viro.

Jay não me olha mais, voltou a sua atenção para o objeto que segura.

Não tem ninguém além de mim e desse cara aqui, nem a pau que vou vestir lingerie.

Respiro fundo e caminho até ele, mas mantenho uma distância segura.

— Olha, eu acabei de lembrar que preciso buscar a minha irmã mais nova na casa da minha tia. Sinto muito, tenho certeza de que você vai encontrar outra modelo perfeita pra o seu projeto. — O barbudo passa alguns segundos me olhando, até que dá um passo a frente. Me assusto e dou um para trás.


— Deixa de palhaçada, não tem irmã nenhuma. — Arregalo os olhos ao notar o tom grosseiro na voz dele. — Vista as roupas e vamos logo com isso.

Não acredito na audácia desse filho da puta.

— Eu não vou prosseguir com esse casting. Abra a porta, quero ir embora. — Cruzo os braços, com esperança de que tenha soado firme o suficiente, mas Jay dá uma gargalhada e agarra o meu braço.


— Putas como você se acham o centro do universo, não é? Que tal se eu der um jeito em você, pra te fazer entender o seu lugar? — Vejo a malícia em seus olhos. No momento seguinte, ele me agarra e começa a tentar tirar o meu sobretudo. Esperneio e grito, mas ele tapa a minha boca. O desespero toma conta do meu corpo e por alguns segundos, não consigo pensar em nada a não ser em me debater.


Quando ele se afasta um pouco e arranca a peça para fora do meu corpo, o mesmo faz menção de se aproximar, mas eu me recordo de um pequeno canivete que tenho na bolsa e vasculho-a rapidamente, ao que puxo o objeto e corto a mão do homem quando ele tenta me tocar novamente.

— Me dê as malditas chaves senão eu juro por Deus que enfio essa merda no seu olho! — Grito, nervosa. Jay segura a mão machucada e me olha com fúria.

— Suma daqui antes que eu acabe com você. — Diz entredentes, ao que joga as chaves em cima de mim e eu corro para a porta e a abro o mais rápido possível. Desço pelas escadas mesmo e só paro de correr quando chego do lado de fora do prédio. Respiro ofegante, sem acreditar no que acabou de acontecer.


Puxo o celular do bolso da minha calça jeans e disco o número de Sydney. Quando a morena atende, não dou tempo de ela sequer dizer algo e peço, desesperada, para que ela venha me buscar no endereço que, poucos segundos depois de finalizar a ligação, mando para ela por mensagem.


— Moça? — Me viro assustada e vejo o porteiro parado, me olhando. — Me desculpe, a senhorita saiu correndo e parece muito nervosa. Quer um copo de água? — Encaro a figura de meia idade e apenas assinto, talvez seja o melhor para me acalmar.


— Espere aqui, vou trazer. — Ele dá as costas e entra novamente no prédio. Eu, por minha vez, me sento na escadinha que tem em frente ao edifício e espero.


Não consigo nem chorar, pois estou incrédula com toda a situação.

Olho para o meu braço e vejo a marca que a mão de Jay deixou, ainda consigo senti-lo me apertando.

— Toma aqui. — Olho para cima e vejo o senhorzinho me estender um copo. Pego o mesmo e bebo devagar.

— Obrigada. — Agradeço baixinho, em seguida ouço uma buzina soar e quando olho para a rua, vejo o carro de Abby parado com Sydney no volante. Entrego o copo ao homem mais velho e corro para dentro do veículo de minha amiga.


— O que houve? — A morena pergunta e ao a encarar percebo que eu sequer consigo dizer em voz alta.



𝒄𝒍𝒊𝒄𝒉𝒆 ↺ corbyn bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora