– Você está linda – uma voz suave soou da porta.
– Mal consigo me reconhecer – respondi sem expressão, ainda encarando o espelho.
Meus espessos cabelos negros, estavam presos a uma trança lateral, que caia elegantemente pelo meu peito. Minha pele dourada, agora, hidratada, depilada e macia, continha marcas e insígnias antigas, feitas com tinta vermelha. Meu rosto, com uma maquiagem leve, parecia pertencer a uma mulher mais velha e madura, ainda mais com meus olhos delineado, trazendo uma inteligente sensualidade e esperteza que sempre tentei esconder.
Isso sem falar do vestido!
Com um tecido branco translúcido, quase transparente, marcava todo o meu corpo, me deixando praticamente nua. Os tecidos transpassado que cobriam meus seios, não conseguiam ao menos esconder o rosado dos meus mamilos. Um pouco acima do umbigo, onde terminava o decote, tinha uma larga faixa de tecido que se amarrava nas costas, deixando que o restante do vestido caíssem livremente, seguindo as curvas do meu quadril, até meus pés descalço.
A Matriarca deu uma risadinha.
– Elas fizeram um bom trabalho, de fato – sua voz continha um familiar divertimento.
– Achei que estaria se preparando para a cerimônia – comentei soando mais como uma pergunta, enquanto me virava em sua direção.
Maya foi até minha cama e passou os dedos em cima de um pote de tinta.
Ela era alta e esbelta, com seus sedosos cabelos castanhos preso em um coque frouxo, deixando seu elegante pescoço a mostra como um convite. Seu vestido cerimonial, da cor de grama recém amanhecida, se agarrava em seu corpo tão ousadamente como o meu.
– Lisa estava preocupada com você – ela deu de ombros.
– Eu estou bem, ela não precisa se preocupar – rebati indo até a cama e arrumando apressadamente a pequena bagunça.
– Minerva, ouça. Ela é sua mãe, e sempre irá se preocupar. Ainda mais hoje, quando um daqueles sádicos e ardilosos colocará as mãos em você.
Revirei os olhos. Já tínhamos discutido tantas vezes durante a semana que já tinha ficado cansativo.
Hoje irei participar do Progenitum, um grande rito de "reprodução". Nele, as jovens entregam, de bom grado, sua virgindade para a natureza, em forma de "poder", em prol de ajudar na fecundação da terra e na fertilidade de nosso mundo. "Em troca", geramos nossas próprias crias como um símbolo de prosperidade.
Claro que tudo é apenas uma forma de negar o evidente: nós precisamos dos homens, a qual escravizamos, para poder dar continuidade a nossas gerações.
Rosélia é um território totalmente regido por mulheres. Onde ser homem é uma das piores maldições. Isso significa que vivem para servir as mulheres sem contestar. Há muito tempo, esse território não era assim, vivíamos com os homens como "iguais", mas seus orgulhos eram tanto que se achavam superiores a nós, mulheres. Então veio a revolução feminista e, com uma magia poderosa das feiticeiras, os dominamos.
Acredito que só exista homens por aqui porque ainda não aprendemos a procriar sozinhas.
– Minerva…! – Maya falou chamando minha atenção.
– Eu sei – foi tudo o que respondi.
Não havia mais o que falar. Eu tinha tentado lutar. Sempre fui contra esse rito idiota e o que faziam com os homens, apesar de tudo o que fizeram no passado. E acima de tudo, eu era contra ser mãe agora.
– Você vai ter uma menina, e se não for capaz de criá-la, de a alguém que a queria. Mas quando for Senhora de Cristalia, não reclame na hora que precisar de uma herdeira – Maya tinha gritando quando falei sobre tão ter um criança agora.
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Progenitum
Short StoryRosélia é um território regido completamente por mulheres, e onde ser homem significa "viver", exclusivamente, para servi-las. Com o ódio compartilhado de ambos os lados, foi necessária a criação do Pregenitum, um sagrado rito de reprodução e fe...