Capítulo XXXIX ○ Jaebeom

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— E essa é nossa cabana. — Jackson abre a porta e da passagem para que eu e os outros garotos entremos, e assim que o faço dou uma boa olhada ao redor. Não é grande, mas também não é pequeno. Tem uma janela grande na parede dos fundos, três beliches dispostas nos dois lados do quarto, duas de um lado e uma do outro, junto com uma cama de solteiro que fica mais perto da porta. A beliche do fundo e do lado esquerdo já está ocupada, com as coisas de Jackson e Mark provavelmente, e aos pés de cada uma das camas tem um baú, daqueles bem antigos mesmo, invernizado e tudo. Ao lado da porta de entrada tem outra porta que acho que leva ao banheiro, fora isso não tem nada demais, é abafado e escuro, mas acho que deve ficar bem frio a noite. 

— Eu fico com a cama de solteiro! — Bambam nem espera para saber se nós concordamos, um minuto ele esta na porta e no outro está jogado todo espalhado em cima da cama que ele tomou como dele. Não é uma opção que ele fique em outra cama, ele deixou bem claro que vai ficar nessa e ponto.

— Eu ia dizer que queria essa. — Yugyeom implica, mas Bambam apenas olha pra ele e sorri, todo se achando por ter chegado primeiro. Observo Youngjae colocar a pequena mala dele na cama de baixo do beliche que fica mais perto da janela, do lado direito, o que fica de frente ao de Mark e Jackson, e logo depois vejo ele colocar a minha mala no beliche de cima, e eu nem percebi quando ele tirou minha mala de mim, mas ele fez isso em algum momento.

— Cheguei primeiro, foi mal bebê. — Yugyeom bufa e joga a mala de forma teatralmente brava na cama de cima do beliche ao lado do meu e do Youngjae. Jinyoung já estava sentado bem pleno na cama de baixo, apenas olhando em volta sem muito interesse.

Jackson e Mark já mostraram quase todo o acampamento, fazendo questão de sempre contar uma aventura ou curiosadade que já aconteceu em cada local. O refeitório, onde um grupo de campistas fez uma guerra de bolas de sorvete em um ano bem quente. O Lago, onde dizem que uma menina morreu afogada e agora assombra o local. A fogueira, que Jackson acha que seria ótima para queimar bruxas do mal. A sala de artes e a sala de músicas, onde as pessoas fazem arte e música.

Cada lugar, mesmo o mais pequeno, é cheio de vida e natureza. Sim, estamos no meio do mato, sem sinal de wi-fi, sem televisão e sem forma de contato com outros seres humanos, mas de alguma forma, tudo aqui, desde as árvores até os pequenos botes no leito do rio, fazem com que a falta da tecnologia nem seja notada. É quase como se voltassemos no tempo, direto pra época antes da internet, quando você não tinha como ver o mundo se não saísse de dentro de casa. Sem internet, sim, mas entediados não.

— Eu tô com fome. — Jinyoung nos comunica, como se nos tivessemos obrigação de resolvermos o problema dele, mas eu apenas reviro os olhos e jogo o papel de bala que tinha colocado dentro do meu bolso no caminho até aqui. Ele me olha, zangado, e faz um movimento rápido como se fosse pegar o sapato e jogar em mim, mas eu me escondo atrás de Mark antes disso, usando ele como escudo.

— O jantar vai começar em 20 minutos. — Mark avisa Jinyoung, que sorri feliz da vida e abre sua enorme mala, começando a tirar as um bilhão de tranqueiras que ele trouxe para o acampamento, os tais itens essenciais pra ele. Ainda me pergunto em que situação ele vai usar o sabre de luz do star wars.

— Eu me sinto em Shadow Falls. — Youngjae comenta, sentado na cama dele, e todos olhamos sem entender a referência. Tenho quase certeza que é um livro, mas pode ser que não.

— AI MEU DEUS VOCÊ JÁ LEU A SAGA DOS SOBRENATURAIS? — Jackson grita, pulando da cama dele direto para a de Youngjae e se sentando lá, como se os dois se conhecessem a um milhão de anos. O menino até segura a mão do Youngjae como se fosse começar uma oração depois que ele assente em resposta a pergunta. MA LU COS.

— Uma das minhas sagas preferidas.

— Que Deus nos proteja. — Mark resmunga e caminha em direção a cama dele, fico confuso com a frase e ele ele parece entender, porque dá de ombros e continua. — Jackson é viciado nessa saga, ficou falando dela por mais de um mês depois de terminar de ler, e isso foi enquanto ele não conhecia ninguém que tivesse lido também.

— Agora ele conhece outra pessoa que leu, isso dá a ele mais motivos pra falar mais ainda da saga. — Continuo o raciocínio de Mark e ele assente com a cabeça, já parecendo cansado com o assunto que nem começou ainda. Jackson e Youngjae sorriam na cama de Youngjae, parecendo satisfeitos com a ideia de terem um assunto em comum. E eu quase ignoro o fato de Jinyoung agora estar jogando a merda de uma bola pula pula por todo o quarto, porque o sorriso de satisfação de Youngjae é tão lindo quanto todos os outros sorrisos.

— Que Deus nos acuda, né minha filha? — Bambam comenta da cama e eu suspiro em concordância. Não sei se gosto da natureza e não sei se vou gostar de acampar no meio do mato. Mas aqui, dividindo o quarto com esses outros seis garotos estranhos e malucos, aqui, observando o menino que eu gosto rir de algo que o melhor amigo disse, e aqui, onde meu melhor amigo começa a mostrar ao mundo quem ele é de verdade, eu percebo que gosto desse acampamento, e também gosto da idéia de ficar nele por um tempo, assim como gosto da natureza e da cabana e dos beliches e dos baús, e gosto da sensação de liberdade que esse lugar me proporciona.

Blind • 2Jae (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora