Capítulo 12

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eai...

— Sua idiota — Joalin berrava dentro do apartamento. Sabina logo a ouviu quando chegou na porta, abriu a mesma e entrou vendo a casa completamente revirada.

— Lá vamos nós de novo — Sabina disse para si mesma antes de tirar seu casaco e jogá-lo nos bancos da bancada, caminhando calmamente para onde a cama das duas ficava, vendo a amiga loira virando uma garrafa de vodka que já estava quase no final enquanto chorava — Você parece bem mal, Jo.

— Eu fumei tudo que tinha nessa casa... — a loira disse largando a garrafa já vazia do lado da cama — Se tivesse chegado dez minutos antes iria me ver fumando camomila e uma planta morta que a gente tinha na cozinha — se deitou na cama jogando o fino lençol por cima de todo seu corpo.

Sabina tirou seus saltos e arregaçou as mangas da camiseta, e foi em direção a barraca improvisada da amiga, entrando embaixo do lençol junto com ela. Um silêncio curto se fez presente enquanto se olhavam.

— Como tá se sentindo? — a morena perguntou suavemente — Com raiva? Triste? Humilhada.

— Humilhada principalmente — a loira respondeu usando as mangas da blusa para secar seu rosto molhado.

— Então agora acabou de vez? 

— Sim.

— Pode conversar comigo tá bom.

— Eu tive uma revelação hoje, enquanto eu estava lá de pijama no meio do subúrbio. Rodeada de casas com famílias normais, vivendo vidas normais — fez uma pausa tentando segurar as lágrimas que já brilhavam em seus olhos azul da cor do mar — Eles não sentiam o mesmo que eu. Estavam entendidos e eu só fui uma coisa diferente — comprimiu os lábios tendo algumas lágrimas teimosas escaparem.

Sabina vendo a amiga naquele estado, pensou que seria uma boa hora para trazer uma velha história a tona novamente — Quase me casei quando tinha dezoito anos.

— Mentira — Joalin disse e quando viu a amiga sorrir, a acompanhou.

— Não esperava por essa não é!? — a morena disse desviando o olhar para suas mãos juntas próximas ao seu rosto — Eu tava, tão apaixonada. Que não conseguia comer, dormir ou respirar sem ele. Eu sentia no peito isso tudo — fez uma pausa, não era uma história fácil de se lembrar — A gente até escolheu uma igreja hippie muito fofa.

— O que aconteceu? — Joalin perguntou num fio de voz.

— No dia em que a gente ia começar a viver nossa saga de aventura infanto juvenil — soltou um riso fraco — Ele me disse que era melhor ir estudar em uma tal de universidade Brown.

— Que droga.

— Minhas malas estavam prontas quando ele me contou — disse comprimindo os lábios — E hoje em dia, algumas vezes eu ainda consigo sentir o que senti na época. Como se estivesse morta por dentro — deixou uma lágrima solitária escapar — O Pepe foi pra uma universidade do outro lado do país, então eu peguei meu carro e atravessei o país todo tipo aqueles pelegrinos malucos — disse vendo a amiga rir — Quando ele olhou pra mim, só sentiu pena. Não foi um olhar de amor ou algum que demonstrasse incerteza. Só pena. E eu sabia que em dez anos ele provavelmente iria contar essa história pra alguém e erraria meu nome. Eu… — respirou fundo sentindo mais lágrimas se formarem — Eu voltei pro meu carro e dirigi sem parar. Eu nunca pensei em te contar essa história, mas é parte de quem eu sou então...você nunca me conheceria pra valer se eu não tivesse contado — olhou para a loira assentiu sorrindo.

— Eu tô feliz por ter me contado — disse passando o polegar pela bochecha da morena para secar as lágrimas que foram caindo conforme contava a história — E qual a moral disso?

You Me Her - Shivley & JoaleyOnde histórias criam vida. Descubra agora